Blast from the Trash: Ju-on: The Grudge (Wii)

em 03/09/2011

E a seção mais trash do Nintendo Blast está de volta com as pérolas mais absurdas do universo dos games. Depois de falarmos de super-heró... (por Alex Sandro de Mattos em 03/09/2011, via Nintendo Blast)

"Que lindo!"... "São seus olhos"...E a seção mais trash do Nintendo Blast está de volta com as pérolas mais absurdas do universo dos games. Depois de falarmos de super-herói de cueca sobre a roupa cheio de bugs e de desenvolvedores terroristas com minigames sem noção, o que nos resta falar? De fantasmas. Sim, fantasmas de Ju-on: The Grudge, um game de Wii. No início, a proposta desse jogo era interessante, porém acabou chegando até aqui. Entenda a razão disso clicando no “Continue Lendo”. Mas clique só se tiver coragem (ou se não tem nada melhor para fazer).

Que horror!

Mas que diabos é Ju-on? Calma, nós explicamos para você: é um longa-metragem baseado em um folclore japonês o qual diz que, quando uma pessoa morre em determinado momento com muito ódio, surge uma maldição que assombra e mata qualquer um que habitar o local da morte. O filme teve uma boa recepção nas bilheterias em 2004, quando foi lançado. E o que acontece com um filme que se sai bem nas bilheterias? Recebe um jogo para ser lançado logo em seguida, baseando-se na obra das telonas. Mas Ju-on não recebeu um jogo no seu lançamento. Isso mesmo. O game foi lançado em 2009, cinco anos depois do filme. E se jogos baseados em filmes já sofrem de qualidade “duvidosa”, o que dizer de um jogo lançado anos depois do filme? Você certamente imagina a resposta.

E o sobrinho do Miyamoto tenta te assustar pela vigésima vez...

Mas Ju-on: The Grudge tinha uma proposta diferente. Por se tratar de um game do gênero Survival Horror, a ideia era que o cenário sofresse ações dos fantasmas nada camaradas, com o intuito de assustar o jogador. E o personagem não tem uma mochila de prótons de GhostBusters ou uma Câmera Obscura de Fatal Frame para enfrentar os inimigos. Na realidade, o personagem não tem nenhuma arma e o intuito era o instinto pela sobrevivência. Mas algo deve ter assombrado a Feelplus, a equipe de desenvolvimento, e o horror veio parar no nosso querido Wii. Literalmente.

A hora do pesadelo!

E Ju-on começa com o jogador escolhendo o sexo do personagem. Na realidade, essa escolha não interfere em nada e só serve como desculpa para uma avaliação no final de cada fase, analisando o seu medo (não nos pergunte como o jogo calcula isso). Mas, voltemos ao início do jogo. Aparece uma cena na qual um cachorrinho caminha e entra em uma fábrica abandonada. A partir de agora, você está dentro do horror (com duplo sentido). Seu personagem aparece segurando uma lanterna em local totalmente escuro. Para a coisa ficar ainda pior, o game não faz o uso do Nunchuk. Acredite: você precisará usar o Wii Remote na vertical para movimentar a lanterna e o seu personagem.

O jogo é quase um point-and-click (apontar e clicar). Pressionando o botão ‘B’, você movimenta o seu personagem e o cursor, que é a lanterna, serve para girar. E o problema começa exatamente no controle: a sensibilidade da lanterna não é a mesma do controle. Muitas vezes você movimenta o braço totalmente para a direita e seu personagem apenas vira levemente para o mesmo lado. Ou em outras ocasiões, ele fica girando para a direita sem parar e você acaba perdendo tempo tentando fazê-lo parar e o controle responde mal. A maldição começou a te afetar… Rá!

Ô moça, não é pra esfregar o chão assim, né?

Depois de aprender a controlar o personagem – e sua paciência – você nota um pequeno marcador branco na parte inferior da tela. O que é isso? É o marcador da pilha da lanterna, que termina. E acaba tão rápido que é pior do que pilhas vindas diretamente do Paraguai. Então, tempo é algo precioso em Ju-on. E quando você se toca que perdeu tempo demais tentando se acostumar com o péssimo controle, começa a andar e… O que é isso?? O seu personagem não anda. Ele se arrasta. Se você jogou alguma vez Fatal Frame, deve saber como é irritante a sua personagem andar tão lentamente que até uma lesma com fadiga e desidratada caminha mais rápido. Então, pare de reclamar da personagem de Fatal Frame, pois em Ju-on a situação é pior.

Aê! Você conseguiu uma pilha. Mais alguns minutos sofrendo até encontrar outra... Calma... é só um manequim. Pode guardar seus gritinhos reveladores.

E é aí que o game entra em contradição: se ele quer que você explore os cenários para encontrar itens como chaves, como pode limitar a movimentação do jogador e ainda determinar um tempo curto para isso? Tá certo que você pode encontrar outras pilhas, mas até você encontrá-las vai sofrer com inúmeros game overs.

Você vai se assustar…

Mas esqueça esse revés e concentre-se no jogo. Objetos se movem e tentam te assustar. Quando você vai abrir uma porta, uma música tensa será tocada e aparecerá um fantasma de menino japonês e nú! Onde é que estamos? Na casa do Michael Jackson?? Outras vezes, aparece uma mulher cabeluda que tenta te matar, e nesses momentos, uma indicação na tela é mostrada para você movimentar o Remote na direção desejada. Muitas vezes, o controle funciona eficientemente; já em outras, não responde aos seus movimentos. É realizar o movimento e torcer para o jogo reconhecer, senão, só terá que começar a fase do início… pela décima quinta vez…

E recomeçar as fases é um tédio, pois as ações dos fantasmas e a movimentação do cenário para te assustar são sempre as mesmas. Portanto, você vai acabar decorando quando algo vai acontecer. Bem que isso poderia ser aleatório, não é mesmo?

Jack, o estripador, precisa ter bom modos e dividir a lixeira do prédio com os vizinhos.

Apostamos que você (não) vai jogar Ju-on com a sua televisão no mudo. Pois é TOTALMENTE irritante ouvir os passos do seu personagem. Fica só no “toc, toc”. Não há uma música de fundo, só quando algo realmente vai acontecer, tirando aquela sensação de susto ou surpresa. Não há nenhuma dublagem, com exceção dos sons de respiração asmática do seu personagem quando corre (sim, ele corre, mas só após você escapar de fantasmas). Os sons ficam somente sobre os objetos do cenário ou os passos do fantasma do menino (peraí, fantasmas fazem barulhos quando andam!?).

Os cenários não tem identidade. São praticamente iguais. Você voltará em áreas já visitadas e se perderá facilmente. A fase do hospital é terrível, pois os quartos são exatamente iguais. E não há um mapa para te auxiliar na procura pela saída ou por outras pilhas. Eu joguei esse game (sim, o redator aqui perdeu o tempo da sua vida com isso), inclusive a minha querida mãe achou interessante e jogou também. É sério! E depois de ela passar as quatro fases… não tinha mais nada para fazer. Como assim?

Pode chorar: você está perto de mais um game over. Banheiro, o melhor local para se borrar de medo! Rá!

Só quatro fases que duram em torno de 15 a 20 minutos cada uma? Ou duas horas tentando descobrir o que fazer a seguir em determinada fase. Então, recorri à maravilhosa internet para procurar o que fazer. E descobri que tinha que voltar nas fases anteriores (ouve-se o “NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!) e encontrar todas peças de fotografias e papéis em cada uma delas, para só assim, liberar a quinta e última fase. Tomei coragem e realizei essa grande proeza.

E aqui estão os objetos que você precisa encontrar para liberar a quinta fase. SOCORROOOOOO!!!!

A quinta fase é um martírio. Há poucas pilhas e você precisa ir e voltar obrigatoriamente, forçando o jogador a tentar, morrer, tentar novamente e morrer outra vez. E… é isso. O jogo acaba sem mais e nem menos. Nem quem assistiu ao filme vai entender o que aconteceu no jogo. E eu me perguntando como pude perder o precioso tempo da minha vida com isso…

É uma maldição (MESMO!)

Ju-on: The Grudge é a receita indicada para quem quer fazer um jogo ruim: baseado em filme, lançado anos depois da obra do cinema, uma boa ideia mal aproveitada, com controles péssimos, pouca variação de som e cenário, repetitivo e curto demais. Talvez a pilha dos desenvolvedores tenha acabado e o game ficou pela metade. Ou ficou em menos da metade. Se você quiser se assustar com o jogo, terá que seguir todos os procedimentos a seguir: jogar à noite, sozinho, no escuro, com a televisão com o som alto, sem nada de melhor para fazer e ter muita, mas muita força de vontade. Se não fizer nada do que dissemos, Ju-on não fará efeito algum (na verdade, vai te causar efeitos como enjoo, desânimo, tristeza e raiva).

Na capa do jogo está escrito que o game é um simulador de casa mal-assombrada, mas passa longe e não chega nem próximo de simulação. Lembra da maldição que falamos no início desse texto? Pois então, as chances de Ju-on: The Grudge te matar são grandes e você passará a fazer parte dessa maldição. Acredite, é melhor tomarmos cuidado com essas coisas…

Você outra vez??? Descobrimos a razão das mortes: a mãe enlouqueceu quando o menino sujou a parede da casa. É... mães são perigosas...

Mas, diga-nos: você já jogou Ju-on? Sobreviveu a esse trauma? Quando jogou, você se “entusiasmou” assim ou não aguentou a pressão e acabou assim? Divirta-se um pouco colocando o mouse sobre as imagens para ver nossos comentários.


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.