Análise: UFC Personal Trainer (Wii)

O Ultimate Fighting Championship é um dos eventos que mais crescem no mundo. Suas estrelas já são reconhecidas nos 4 cantos da Terra e sua audiência é fanática. Como não poderia deixar de ser, tanta popularidade chamou a atenção da indústria dos games. Desde a geração 32 bits o torneio internacional de Mixed Martial Arts – o MMA – ganha uma versão para os consoles. Mas a última geração, graças aos sensores de movimento, foi além do tradicional “escolha seu lutador preferido e caia no braço com outras lendas”. UFC Personal Trainer dá ao jogador a possibilidade de embarcar na onda fitness utilizando a mesma rotina de treinamento de grandes campeões do MMA como Vítor Belfort, Rodrigo Minotauro e, é claro, Anderson “The Spider” Silva.

UFC Personal Trainer é mais um dos muitos jogos voltados para o exercício físico lançados para Wii. Mas seu grande diferencial está na mistura entre exercícios físicos banais, como flexões e abdominais, com rotinas de sparing de lutadores profissionais. O treinamento foi todo elaborado e supervisionado por treinadores de MMA de renome internacional e pela Academia Nacional de Medicina Esportiva dos EUA. Tudo isso garante ao jogador um programa de treinamento correto que não trará problemas futuros.

Logo ao iniciar o game é possível perceber que esse não é um jogo comum. Tudo foi pensado como motivação para praticar a atividade física. Logo de início, alguns testes são feitos para determinar o atual estágio físico do jogador. Para isso é preciso que ele faça quantos abdominais, flexões e polichinelos forem possíveis dentro de tempos pré-estabelecidos. O resultado, aliado ao peso, idade e altura resultam em uma configuração de quais programas e a carga de exercícios que ele deve seguir para aproveitar ao máximo o treinamento.

Como dito acima, os primeiros exercícios são simples, bem básicos e exigem pouco do jogador. No caso do abdominal, basta que o jogador execute o exercício normalmente, apenas segurando o controle na altura do peito. No caso do polichinelo é mais fácil ainda. Já as flexões fazem uso de um equipamento especial que acompanha o jogo: uma tira com velcro que deve ser atada à coxa para encaixar o controle e captar o movimento de pernas. Apesar de ser uma boa solução para esse pequeno problema, a resposta do controle quando está muito abaixo de onde normalmente é utilizado para jogar fica bastante comprometida.

Treinando com os campeões

O grande modo de jogo é centrado na realização dos programas de treinamento com diferentes tutores. É possível escolher entre os ginásios de Mark DellaGrotte, Greg Jackson e Javier Méndez. Cada um traz rotinas e exercícios específicos. Além de participar do treinamento em um dos três ginásios, é possível encarar rotinas de longa duração para fins variados. Você pode escolher a perda de peso, o fortalecimento dos músculos ou o aumento da resistência cardíaca em programas de 30 ou 60 dias. Para isso, o jogo dispõe de um calendário que mostra ao jogador os dias e as rotinas de exercícios que deverão ser realizados. O problema é que caso você perca algum dia, terá que compensar no dia seguinte. Para os que não podem jogar todos os dias, realmente fica difícil manter um programa de treinamento nesses moldes.



Além do treinamento nos ginásios e dos programas de longa duração, o jogador pode montar sua própria sequência de exercícios  para serem executados quando for conveniente. Esse sim é um modo realmente útil por possibilitar ao jogador dar mais ênfase ao que ele quer trabalhar, como a musculatura do abdômen, dos braços ou aumento da resistência. Todos os exercícios do jogo são baseados em rotinas reais de treinamento dos lutadores, como movimentos de socos no chão, agachamentos e preparações de chaves de pernas.

E quando eu posso ir para a briga?

Mas a parte que mais empolga de verdade e faz o jogador se sentir um verdadeiro lutador é o modo Hit the Mitts. Nele você pode escolher um dos grandes lutadores presentes no jogo para fazer uma sessão de sparing. Entre os “craques” dos ringues presentes no jogo estão Jon Jones (campeão dos meio-pesados), Cain Velásquez e o brasileiro Demian Maia (que aliás possui a dublagem mais cômica do jogo, carregada no sotaque). Nesse modo, o jogador deve executar as sequências de golpes apontadas pelo seu lutador escolhido de forma rápida e precisa para acumular pontos e progredir no desafio.

Mas a ação do jogo para por aí, nada de lutas no octógono. Caso você queira um jogo que parta direto para a ação sem muita conversa, definitivamente esse não é o seu jogo. Mas se você realmente se interessou em manter a forma e aproveitar para conhecer o modo de treinamento das lendas do MMA, então UFC Personal Trainer até pode atender às suas expectativas.

Até pode atender? Como assim?

Apesar da proposta do jogo ser interessante, sua execução poderia ser muito mais caprichada por parte da THQ. Se por um lado os menus são muito bem distribuídos, limpos e claros, por outro lado, quando vamos para a parte prática os controles deixam a desejar. Mesmo com a opção de utilizar dois Wii Remotes (um em cada mão) e ainda ser compatível com a Balance Board, muitos movimentos feitos pelo jogador não são muito bem interpretados.

Esse problema fica evidente em duas ocasiões: durante a sessão de sparing, é muito comum você realizar o movimento para dar um soco e o jogo não identificar seu movimento, ou você realizar um movimento de soco e ser interpretado como uma cotovelada. Outra ocasião que deixa claro esse problema é no exercício de levantar o pneu de caminhão. Para esse exercício, é preciso amarrar o controle na coxa e realizar agachamentos, como se estivesse levantando o pneu do chão. O problema é que muitas vezes você está agachado mas o jogo não consegue reconhecer isso. E dá-lhe abaixar e levantar até que o jogo faça o favor de entender o que você fez.



Encarar o jogo como o “Ultimate fitness system” (algo como "o sistema de exercícios definitivo") é um grande exagero. Em momentos onde a repetição ritmada de movimentos é importante para manter a concentração do jogador, as falhas no controle acabam prejudicando a experiência de jogo e do próprio exercício. Mas se você busca apenas uma maneira de suar em frente ao Wii que não envolva rebolar como a Beyoncé, o jogo não faz feio. Apesar de não serem as principais características em um game com essa proposta, seus gráficos e sons são razoavelmente bons, e não influenciam na concentração do jogador nos exercícios propostos. Em um balanço geral, UFC Personal Trainer não leva um nocaute, mas também não vence por unanimidade.

Prós

• Exercícios dinâmicos, bem ao estilo do MMA
• Vários modos para que o jogador acompanhe sua evolução
• Sparing com os lutadores muito divertido

Contras

• Controles não respondem como deveriam
• Exigência de regularidade nos modos de longa duração
• Apenas uma rotina de aquecimento para qualquer exercício

UFC Personal Trainer – Wii – Nota Final: 6.0

Gráficos: 7.0 | Som: 6.5 | Jogabilidade: 5.0 | Diversão: 7.0