“Jogos baseados em filmes nunca prestam”. Essa era a frase que mais ouvia quando contava às pessoas que analisaria o novo jogo do Lanterna Verde. E geralmente é assim mesmo: lançam um filme legal, resolvem criar um game sobre ele e acabam lançando uma bomba. E com Rise of the Manhunters não foi lá muito diferente, apesar de o jogo mostrar que tinha potencial para ser bom. Na trama, os Guardiões haviam criado os Manhunters, androides superpoderosos que deveriam manter a ordem no universo. Mas algo dá errado e os robôs saem de controle, então os Guardiões os exilam e criam a Tropa dos Lanternas Verdes. Hal Jordan, um humano que recebeu o poder dos Lanternas e se tornou o novo defensor da Terra (e de toda região onde ela fica), deve ajudar a combater a ameaça dos Manhunters antes que eles destruam todo o universo.
A fórmula era boa…
Rise of the Manhunters, à primeira vista, promete ser um bom jogo; com jogabilidade vista de lado, é um jogo de plataforma no estilo Metroid e Castlevania, onde o jogador deve percorrer cenários, derrotar inimigos, encontrar itens escondidos, aumentar suas habilidades e, dessa forma, alcançar seu objetivo principal (no caso, salvar todo o universo de robôs roxos). Desenvolvido pela Griptonite Games, o jogo se passa no mesmo contexto que o filme do herói. Diferente das versões para consoles de alta definição, os games para Wii, DS e 3DS têm um visual mais cartunesco, e não há falas ou cutscenes bem elaboradas. Toda a história é contada através de textos e alguns desenhos “desanimados”.
A jogabilidade lembra bastante mesmo a da série Metroid, com Hal disparando tiros com seu anel de poder, vasculhando os cenários em busca de segredos e liberando e aperfeiçoando habilidades. Algumas partes dos cenários são bloqueadas, então será necessário retornar com a habilidade certa para poder alcançar seja lá o que for que estiver escondido ali. Mas com tantos elementos que são parte do sucesso de jogos como Metroid e Castlevania, por que raios o jogo não é bom? Essa é fácil de responder: Rise of the Manhunters é extremamente lento e repetitivo.
Não há grande variedade de inimigos, você precisa basicamente seguir de um ponto ao outro em todos os planetas e cumprir alguns objetivos pra lá de fáceis. E quando digo que o jogo é lento, não é em relação ao desenrolar da história; o game apresenta slowdowns quase que em tempo integral. A versão para Wii, que aparenta ser um port do jogo para 3DS, roda melhor e mais rápido.
Em algumas poucas partes o jogo roda bem, principalmente em locais onde o cenário não é muito elaborado, mostrando que se não houvesse a maldita queda na taxa de frames o resultado final seria muito melhor. A jogabilidade flui, os ataques são rápidos, é mais fácil derrotar um inimigo, mirar e atirar em outro enquanto usa o poder do anel para prender um terceiro vilão em correntes de energia. Quando joguei pela primeira vez achei que os ataques eram lentos, pois precisavam ser aprimorados com o uso dos pontos recebidos ao derrotar os inimigos. Deixei tudo no máximo e percebi que a lentidão, para o meu azar, era realmente um problema do jogo.
A história, aliás, é quase desnecessária. Você nem precisa saber o que está acontecendo, basta ir em frente, destruir os inimigos, procurar interrogações e exclamações no mapa e assim por diante.
… mas o jogo não
Em um jogo onde o protagonista é um herói que tem como arma um anel capaz de transformar qualquer pensamento seu em realidade, você espera no mínimo uma boa variedade de golpes, habilidades e possibilidades de interação com inimigos e cenários. Mas a coisa não é bem assim em Rise of the Manhunters. Existem poucas diferentes habilidades, apesar de elas apresentarem algumas variações. É possível, por exemplo, usar um martelo gigante de energia para acertar vários inimigos ao mesmo tempo. Mas se o jogador preferir, é possível utilizar uma maça com espinhos. Mesmo golpe, mesmo efeito, roupagem diferente.
Apesar de ser um jogo sobre guardiões do universo, poucos planetas são utilizados como cenário. Mas ainda assim o jogo não é lá muito curto: como já dito antes, você vai precisar ir e voltar aos poucos planetas algumas vezes para alcançar determinadas áreas que antes estavam bloqueadas e encontrar os Data Cores. Os inimigos são praticamente os mesmos do início ao fim. Vez ou outra aparece um com habilidades diferentes (como imunidade ao poder do anel, por exemplo) ou com uma barreira energética que deve ser destruída com disparos de energia verde. O legal é que em cada planeta você encontra um membro diferente da Tropa dos Lanternas Verdes que te ensina alguma nova habilidade.
Outro grande problema é o esquema de encontrar novos poderes pelos cenários. Ok, você encontrou uma habilidade que permite lançar foguetes… mas só pode usá-la depois que ela for devidamente desbloqueada no decorrer do jogo. “Boa, campeões”!
Ainda assim o jogo tem seus bons momentos, como as sequências onde o personagem vai de um planeta a outro. Ali o game se torna algo próximo de Star Fox, onde Hal voa em frente e deve aniquilar os inimigos que aparecerem em seu caminho e desviar dos obstáculos. O que estraga aqui, pra variar, é o slowdown. Por fim, o efeito 3D também é muito bom, a impressão de profundidade que o jogo passa é ótima… mas é totalmente descartável. Além disso, ele é tão forte que chega a cansar os olhos depois de poucos minutos de jogo. Jogar com o efeito desligado não atrapalha em nada, então recomendo que o ligue somente para conferir como tal cenário se comporta em três dimensões ou nas sequências interplanetárias.
Prós
- Gameplay similar ao de Metroid
- Roupas e habilidades destraváveis
- Opção de idioma em português brasileiro
Contras
- Slowdowns em excesso, mesmo em áreas com poucos inimigos
- Extremamente repetitivo
- Pouco criativo
- História praticamente inexistente (e quase desnecessária)
Green Lantern: Rise of the Manhunters – 3DS – Nota Final: 5.0
Gráficos: 6.0 | Som: 5.0 | Jogabilidade: 4.0 | Diversão: 4.0
Green Lantern: Rise of the Manhunters nos foi gentilmente cedido para análise pela Iguana Mall.