Se as coisas estão movimentadas no mercado de games mundial, podemos dizer o mesmo da situação aqui no Brasil, pelo menos quando comparada com outros anos bem mais calmos. Aos poucos, parece que os jogos voltaram a receber bastante atenção no nosso país, de investimento de empresas importantes a grandes eventos. Vamos dar uma olhada no que tem acontecido em nosso país relacionado a games?
Consoles vêm, consoles vão
A Sony vinha investindo bastante no Brasil, com jogos em português fabricados por aqui mesmo e o lançamento da PSN nacional. A Microsoft, não querendo ficar para trás, também lançou uma versão nacional da Live e conta com títulos no nosso idioma. Até aí, nada tão surpreendente. Mas, segundo recentes rumores bem fortes, a gigante da informática resolveu dar um passo à frente e fabricar o Xbox 360 em terras brasileiras, o que resultaria em consoles na versão Arcade (a mais básica) custando R$600,00 e jogos em seus lançamentos por R$120,00. Nada mal, considerando-se que o console custa atualmente mil reais. Os pacotes com Kinect, dependendo do HD, custariam de 900 a 1100 reais, e jogos mais antigos sairiam por “apenas” R$90,00.
Por falar em fabricação de consoles, a Sony preparou um PS3 limitado para comemorar a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo, com símbolos nacionais pintados a mão. Se interessou? É uma pena, já que apenas cinco desses foram produzidos, sendo que três foram entregues para as instituições Fundação Cafu, Save the Children e Escola Zico 10.
Bom, mas voltando um pouco, a fabricação de Xbox no Brasil, e possivelmente de outros consoles, com reduções significativas no preço e regionalizações já é um grande passo para o desenvolvimento do mercado de games brasileiro. O ano só não foi melhor porque a Tectoy descontinuou o Zeebo, o aparelho nacional. Embora tivesse muitos desafetos por causa do hardware muito ultrapassado, biblioteca limitadíssima e preço elevado quando comparado a um PlayStation 2, por exemplo (reclamações fundamentadas, diga-se de passagem), a proposta de baixar os jogos através do 3G era interessante e ele não deixava de ser um produto nacional desenvolvido por uma empresa brasileira. Se tivesse obtido mais sucesso talvez a Tectoy até mesmo pudesse considerar criar plataformas originais mais sofisticadas, o que seria extremamente benéfico, mas infelizmente não aconteceu.
O Mundo de Warcraft
Quem está chegando ao Brasil oficialmente, sete anos após seu lançamento, é o mais popular MMORPG da história, World of Warcraft, da Blizzard. Pois é, depois do lançamento oficial de Star Craft II em nossas terras, a empresa anunciou este que é um dos seus produtos mais populares em um evento em julho. O atraso pode causar a indiferença de alguns jogadores, mas dada a importância e popularidade do título, é uma notícia mais que relevante. E, para convencer os fãs de que vale a pena, o game original e a expansão Burning Crusade serão vendidos juntamente por apenas R$30, e as expansões Wrath of the Lich King e Cataclysm por R$100. As assinaturas também passarão por um corte: R$15 por trinta dias, R$42 por noventa dias e R$78 pelo período de cento e oitenta dias.
Será possível fazer o download das versões digitais através do Battle.net, usando tanto os cartões de crédito internacionais Visa e Mastercard quanto cartões brasileiros ou transferência bancária. E embora ainda não seja dessa vez que teremos servidores no país, o lag, pelo menos, deverá ser reduzido graças ao trabalho da equipe.
No começo, será possível para os jogadores transferirem seus personagens para a versão brasileira gratuitamente. E claro, quem preferir poderá continuar jogando em inglês, mas quem não vai querer dar pelo menos uma conferida no resultado? Para os mais apressados, algumas falas da versão dublada já estão disponíveis aqui. O que acharam?
O Brasil e a Nintendo
Muito bem, muito bem, já falamos da Sony, da Microsoft, da Blizzard... Mas esse é um site sobre a Nintendo, então o que será que a Big N tem reservado para nós? Nada comparado a época da Gradiente e do SNES, por enquanto, mas o futuro pode nos reservar boas surpresas. De fato, a Nintendo é, das três grandes produtoras, a que menos tem investido em nossas terras, mas tivemos um bom sinal com o lançamento de uma versão em português do 3DS. Mais que isso, o portátil teve uma boa queda de preço por aqui também (a queda no resto do mundo não necessariamente refletiria em um bom desconto no Brasil), e agora é vendido por R$799,00.
Mais ainda, o programa de embaixadores, aquele que dava jogos de graça no 3DS, foi prorrogado na América Latina até o dia 19 de agosto, sendo que no resto do mundo o prazo foi até o dia 11. E o Nintendo Video já está rodando com todos os seus recursos nos portáteis brasileiros. Se o atraso no lançamento do aparelho e dos jogos aqui deixou muitos desconfiados do real apoio ao 3DS no Brasil, aos poucos vamos ganhando confiança. E será que o Wii U receberá o mesmo tratamento? Quem sabe melhor?
Nos últimos meses a notícia de que a Nintendo estaria contratando dois profissionais para a localização e tradução de games para o português brasileiro, além de um gerente de análise de operação para a América Latina e um assistente bilíngue administrativo, deixou bastante gente animada. Ainda não há nada confirmado, mas de acordo com alguns rumores, os fãs brasileiros da marca tem bons motivos para ficarem animados. De qualquer forma, já está na hora de voltar a investir no nosso país, ainda mais com a presença mais chamativa das concorrentes.
Os jogos estão na Nuuvem
Nos últimos meses, o Steam, a loja virtual de games da Valve, começou uma campanha voluntária para que fãs traduzissem o conteúdo para diversas línguas, inclusive o português brasileiro. Mas agora não precisaremos nem contar com traduções, se não quisermos, pois recentemente foi lançada a Nuuvem, que possui o mesmo modelo da loja da Valve e outras similares, com a diferença de ser 100% nacional. Isso mesmo, um site de downloads de jogos feito no Brasil, com preços que variam de R$4,49 a R$89,90. Por enquanto o catálogo ainda é modesto, com apenas 110 jogos de desenvolvedoras como Sega, Rockstar e Paradox, mas uma rápida expansão na quantidade de títulos foi prometida.
Comparei alguns preços dos jogos em destaque na Nuuvem (em reais) com os do Steam (em dólares), conhecido por oferecer games por preços imbatíveis, e os resultados estão interessantes:
- Cities in Motion: Nuuvem – R$19,00 || Steam: $19.99 USD
- Bioshock 2: Nuuvem – R$24,99 || Steam: $19.99 USD
- Grand Theft Auto: Episodes from Liberty City: Nuuvem – R$39,90 || Steam: $22.99 USD
A loja também garantiu que não é necessária conexão constante com a internet para jogar, a não ser que o próprio game exija isso. Mesma coisa com o limite de downloads, você pode baixar quantas vezes quiser, exceto caso o game tenha algum impedimento próprio. E é possível comprar com cartões brasileiros, com pagseguro e ainda parcelando. Ainda não se convenceu? Bom, aí vão dois motivos para ficar de olho no projeto: um futuro sistema de aluguel de jogos online, algo diferente, e principalmente a parceria com desenvolvedoras brasileiras para dar destaque aos jogos produzidos aqui dentro. Sim, eles existem e precisam desse tipo de iniciativa para ganhar visibilidade. Se realmente conseguirem dar o destaque que alguns desses jogos merecem, já me darei por satisfeito. Conheça a Nuuvem em nuuvem.com.br.
Como tudo começou
Se você é fã da coluna A História dos Videogames, não pode deixar de conhecer o novo livro “1983: O Ano dos Videogames no Brasil”, lançado oficialmente em um evento da Acigames no dia 5 de agosto. O autor paulistano Marcus Vinicius Garrett Chiado, também conhecido como Garrettimus, tinha apenas dez anos quando ganhou um Atari 2600 no natal de 1983. Vinte e oito anos depois, realiza o sonho de ter lançada sua pesquisa sobre os primórdios do mercado de games no Brasil, uma época de Ataris, Odysseys, Intellivisions e Colecovisions, com muitos detalhes e imagens originais que narram o aparecimento dos primeiros videogames no nosso país. Para os interessados, a compra pode ser feita enviando um e-mail diretamente para o autor através do endereço euquero1983@gmail.com. Vale a pena.
Evento em cima de evento
O Brasil parece ter entrado de vez no mapa dos eventos de games, sejam encontros de fãs como o Zelda Day ou os Street Pass Day (para trocar conteúdos através do street pass do 3DS), reuniões específicas como o lançamento do livro citado acima ou organizados por empresas e faculdades, como o Game Thinking: o que as mecânicas dos jogos nos ensinam sobre branding?, a ser realizado dia 30 de agosto em Porto Alegre, ou grandes shows internacionais.
A Video Games Live, maior orquestra especializada em músicas de jogos do mundo, vem mais uma vez ao nosso país. Esse ano, as cidades escolhidas para prestigiarem o espetáculo foram São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre (nos dias 15, 9 e 12 de outubro, respectivamente), sendo que a última receberá o show pela primeira vez.
Ainda no campo musical, no dia 8 de outubro ocorrerá, no Rio de Janeiro, o Game Music Brasil Festival, primeiro do gênero aberto para todo o território nacional. Está dividido em três categorias:
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Melhor trilha sonora, na qual bandas competem tocando uma trilha ambientada para o jogo Critical Mass, e a vencedora fará parte da versão final do game.
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Melhor banda, com bandas gamers competindo.
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Melhor game indie, onde o desafio é criar um jogo inteiro a partir do zero, com todos os elementos necessários, incluindo, é claro, a música.
Nas três categorias, os inscritos foram selecionados através de uma votação popular, e os três finalistas de cada se apresentam no dia do evento, sendo julgados por um júri técnico.
E outubro é realmente o mês gamer no Brasil. Entre os dias 5 e 9 desse mês acontecerá no Rio de Janeiro a Brasil Game Show, maior feira de games da América Latina, com várias conferências, palestras e expositores. A Sony, por exemplo, já anunciou que o seu destaque para a feira esse ano será o Xperia Play, o celular focado em jogos da empresa.
Ainda não está cansado? Pois nos dias 28, 29 e 30 de outubro, em São Paulo, acontece a EGS, marcando o retorno de uma das maiores feiras do gênero na América Latina. Criada no México em 2002, ela retorna após ter passado por aqui em 2004 e 2005, quando tivemos a oportunidade de testar o Nintendo DS antes do lançamento. Esse ano, as empresas já confirmadas incluem Microsoft, Ubisoft, NC Games, Konami, Activision, THQ, Level Up e Square Enix.
O Brasil pode não ser ainda a grande potência dos games que todos queremos, mas temos grande potencial, ainda mais se considerarmos que o que foi mostrado aqui é apenas uma fração de tudo que está sendo feito. Estamos conseguindo chamar atenção, só não podemos deixar a chance passar.