Blasters do meu coração. É com muita alegria que hoje trago pra vocês a mais nova coluna do Nintendo Blast, chamada carinhosamente de “Blast from the Trash”. E aí podem surgir algumas perguntas, do tipo “Mas Rodrigo, Trash não significa lixo? Vocês agora vão falar sobre reciclagem e meio ambiente aqui também?”. Não exatamente! O “Trash” abordado aqui, será justamente aquele jogo lixão que fica empestiando alguns videogames por aí. Selecionaremos somente aquelas vergonhas unânimes, que você se arrepende profundamente de ter aproximado demais de seu console. Aqueles jogos que fazem você vomitar no domingo e depois por a culpa na salada de batatas da mãe. E pra iniciar logo com o pé direito, o pior de todos. Um video game genial e marcante para todos nós, com um jogo terrível e marcante para todos nós. Quem nunca teve a oportunidade de se revoltar e ter vontade de simplesmente abandonar o planeta terra, após jogar pela primeira (e provavelmente única) vez Superman 64?
Nada é por acaso
Impossível para mim falar de Superman 64 sem contar a vocês como foi a história (maldita) que me fez conhecer essa pérola. Era fevereiro, bem na época de carnaval. Eu, no alto dos meus 13 anos, já odiava essa data com todas as minhas forças. Meus pais decidem que vão passar o feriado no sítio da família de uns amigos e eu e minha irmã não teríamos escapatória, iríamos junto e pronto. Graças à boa vontade de meu querido genitor, eu já tinha meu Nintendo 64. Aliás, fazia muito pouco tempo que eu tinha ganho, então ainda estava maravilhado com toda aquela coisa de gráficos 3D e multiplayer com até 4 pessoas em plena sala da minha casa. No caminho para o sítio, estava garantida aquela parada básica na locadora pra ver o que tinha de bom e que propiciaria um carnaval feliz, longe de samba-enredo, rainha de bateria, melhor fantasia e essa coisarada toda para mim e para minha irmã. Quando chegamos no local, depois de um tempinho procurando, vejo que havia uma única novidade naquela semana: Superman 64.
Fiquei muito empolgado, pois normalmente os jogos novos que chegavam eram rapidamente alugados e ficava bem difícil conseguir levar um deses pra casa sem ter reservado alguns dias antes. Mas não foi o caso desta maravilha. O Superman estava ali, novinho e disponível só pra mim (maldita burrice que não me fez desconfiar nem um pouquinho sobe o MOTIVO de ele estar ali, mesmo sendo novo). Fiquei com receio por alguns instantes (olha o sexto sentido agindo aí) pois, como iria passar 4 dias jogando, tinha que ser algo que realmente prendesse muito a minha atenção. Pensei em alugar dois jogos. Pegaria Mario Party e Superman. Era o plano perfeito, pois se o jogo fosse ruim, poderia jogar Mario Party tranquilamente pelo tempo que ficássemos lá. Infelizmente, fui barrado pelo (agora) vilão do meu pai. “Não filho, só um”, ele disse. “Mas pai! São 4 dias. Qual o problema de pegar dois jogos?”, eu retruquei. “Filho, lá tem campo de futebol, cachoeira, locais pra fazer trilha. Você não vai jogar tudo isso. Leva um só”. CACHOEIRA? TRILHA? Caramba! Eu quero jogar VIDEO GAME! Mas infelizmente meu pai foi super efetivo no argumento, pois a grana era dele. Fazer o que. Levei um só. E vocês podem imaginar qual deles eu escolhi.
Mas que que tem de Super nisso aí? Não responda…
Quando iniciei o jogo pela primeira vez, imaginei que, pra começar, no mínimo eu sairia voando com dois navios tripulados nas mãos implorando pelo meu resgate ou então, que enfrentaria um dinossauro-robô-alienígena-espião-maligno-gigante que estivesse machucando donzelas. Qual não foi a minha surpresa quando eu vi que não tinha nada disso. Minha primeira missão era (e digo isso com uma imensa vergonha pelo Superman nesse momento) passar por dentro de ARGOLAS. Imagino algo do tipo –“SUPERMAN! SOCORRO!” – “Calma querida, espere sua vez. Essas argolas aqui primeiro”. E depois? O que acontece? –“Muito obrigado por passar por dentro de todas essas argolas em 1:45 minuto, Superman! Você é o meu herói”. Complicado… muito complicado… O genial é que, intercalando cada uma das missões que você tem que cumprir, que não são nada interessantes, essas argolas toscas aparecem novamente. E se você falhar em passar por dentro de TODAS elas, em um tempo bem curto e com uma jogabilidade ridícula, você volta PRO COMEÇO do jogo e deve repetir tudo o que já tinha feito. Sério. Existe uma história que diz que o jogo é tão bizarramente cheio de bugs, que trava em determinada parte na fase final e, portanto, nunca ninguém pode terminar o game. Mas fala sério. Quem vai querer chegar até o final disso?
O desafio do jogo é altíssimo e o grande responsável por isso é você mesmo. Superman parece estar bêbado, com dor de barriga e alguma disfunção cerebral pesada, pois sabe voar, mas não lá muito bem e sabe brigar, mas parece estar usando o óculos com grau errado pra isso. E mais ainda: sabe todo aquele monte de superpoderes que ele tem nos gibis e nos desenhos? Pois é. Você até pode tentar usar, desde que os encontre pelas fases. Mas aí começa um novo martírio. Aposto que de cada 747 vezes que você use alguma superporcar… digo, algum superpoder, você irá acertar uma ou duas vezes o alvo.
Dêem uma conferida no que estou falando aí embaixo no vídeo e me digam se vocês conseguem decifrar quais super-poderes são aqueles? Pra mim, ele começa usando a “Super Marcha Atlética” (porque pra corrida aquilo lá não serve), depois engata logo sua “Super Cabeça Deformada Gigantesca”, seguida rapidamente pelo “Super bafo de fungos” e algumas coisinhas mais.
E se a cueca por cima da calça for o menor dos problemas?
Eu juro que tentei analisar, mas eu não sei o que falar dos gráficos desse jogo. Juro que não sei. Eu acho que aquela máxima de que “uma imagem vale mais do que mil palavras” nunca terá um significado tão forte como aqui. Deixo pra vocês duas imagens, que representam a mais pura beleza de Superman 64. Prestem atenção nas texturas, no detalhamento e no realismo proporcionado (CUIDADO: Contém ironia). Só não consegui entender o por que de o Superman estar com uma fita cassete gigante nas mãos nessa primeira imagem. Vai ver não conseguiu aguentar as terríveis músicas de elevador que ficam tocando ao longo do game e foi tentar resolver isso por conta própria. Com certeza, se a tosqueira dos gráficos e do áudio desse jogo fossem contagiosos, hoje em dia eu seria algo próximo de um Batoré cantor de Calypso. Tenha dó!
Pra terminar, uma dica de trollada suprema que você pode fazer com algum inimigo seu. Realmente odeia alguém? Faça como esses memes do Ragetoons.
No fim das contas, encontrei junto com as coisas que levamos pro sítio, meu cartucho do Pilotwings 64, que depois descobri que minha irmã mesmo tinha colocado ali, pois gostava de jogar. Hoje me arrependo de ter encontrado esse jogo, pois acabei jogando somente ele durante o carnaval inteiro. Se eu tivesse ficado somente com Superman 64, hoje poderia, quem sabe, ter me tornado um brilhante centro avante ou um famoso nadador olímpico. Mas e vocês? Alguém aí aguentou mais do que cinco minutos passando por dentro de argolas? Se sim, compartilhe sua experiência com a gente e exponha todos os super sintomas que esse legítimo trash causou em você.