Em 1996, um certo Thomas “Tom” Leo Clancy Jr., escritor americano de livros de espionagem, foi co-fundador da Red Storm Entertainment, desenvolvedora de games que estampou vários jogos de sucesso com o nome Clancy, mesmo que muitos dos títulos não fossem nem remotamente baseados em seus livros. Em 2000, a Ubisoft comprou a Red Storm, mas deu continuidade à franquia de jogos que carrega o nome de Tom Clancy. Splinter Cell, assim como Ghost Recon, é uma série à parte dentro da franquia Tom Clancy. Chegamos finalmente a Tom Clancy’s Splinter Cell 3D, que, além de ser um dos títulos de lançamento do Nintendo 3DS, é um remake do terceiro Splinter Cell, cujo subtítulo é Chaos Theory. O jogo, aclamado pela crítica, saiu originalmente para Xbox, PlayStation 2, Gamecube e PC, além das suas encarnações portáteis para Nintendo DS e N-Gage.
Sam Fisher, agente da Third Echelon, divisão de operações secretas da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA), precisa apenas impedir a Terceira Guerra Mundial através de suas missões de infiltração. China, as Coréias e o Japão enfrentam um clima extremamente tenso, já que este último criou uma força de defesa, o que quebraria o acordo mundial feito após a Segunda Guerra. Além disso, Sam é incumbido da tarefa de impedir que os Mass Kernels, um tipo de algoritmo criado para enfraquecer eletronicamente as defesas dos Estados Unidos e facilitar ataques terroristas, caiam em mãos erradas. Fisher terá que encarar missões em dez locais espalhados pelo mundo, desde a Coréia até o Panamá, para reestabelecer a ordem no mundo.
Splinter Cell 3D tem seus méritos, mas empalidece bastante se comparado com a versão de Xbox. Os gráficos até são fiéis ao original, ainda que mais fracos: tem-se a impressão de que o hardware do portátil não foi usado em todo seu potencial. As CGs, por outro lado, são de impressionar e contam com uma ótima dublagem, mas não possuem legenda. Devido à trama complexa e cheia de termos técnicos, isso pode tornar bastante difícil a compreensão dos diálogos e, consequentemente, da história como um todo. Por ser um jogo de stealth, o aspecto geral é bastante escuro, já que se esconder nas sombras é parte crucial da jogabilidade. Para saber se está visível para os inimigos, na parte superior da tela há indicadores de iluminação sob a qual Fisher se encontra e de quanto barulho está fazendo. No entanto, como a tela do 3DS reflete muito a claridade ambiente, tornando difícil enxergar perfeitamente em lugares com iluminação um pouco mais forte, muitas vezes esses indicadores são o seu único parâmetro para identificar se está ou não fora da vista e dos ouvidos dos inimigos. O efeito 3D é sutil e até bem empregado, mas infelizmente é bem frequente “perder” o 3D de vista e às vezes os objetos muito “à frente” dão um certo ruído visual.
Os controles, de maneira geral, foram bem adaptados para o mais novo portátil da Nintendo, tendo em vista que foram originalmente pensados para o Xbox e seu controle repleto de botões. O circle pad responde muito bem, dando ao jogador o controle total sobre a direção e a velocidade das caminhadas de Sam Fisher. Selecionar armas é bastante prático, bastando tocar na opção desejada na tela inferior. Já o menu de ação é bem pouco prático, tornando até a atividade de abrir uma porta complicada. A câmera, por sua vez, pode deixar muita gente frustrada, já que é bem complicado “domesticá-la”. Para movê-la ou mirar com qualquer arma, são usados os botões A, B, Y e X, que não dão conta da tarefa. A câmera pode ser o maior dos seus contratempos nesse jogo, já que a inteligência artificial dos inimigos, uma das marcas tão fortes da série Splinter Cell, parece ter perdido dezenas de pontos de QI. Seus adversários são tão burros que quase dispensam a criação de qualquer estratégia ou o uso de aparelhos mais interessantes que a visão noturna.
Algumas pequenas, porém interessantes adições, são os puzzles para arrombar fechaduras e hackear computadores, em que o jogador terá que utilizar sua inteligência espacial para descobrir qual das peças disponíveis se encaixa no pedaço de cubo cortado de maneira cada vez mais complexa. Para usar o Optic Cable, basta mover o 3DS que o giroscópio do portátil fará o resto, mostrando o que há do outro lado da porta como se ela estivesse realmente à sua frente. O novo polimento de Splinter Cell 3D, infelizmente, não é o suficiente para suprir a falta de fases adicionais ou dos modos multiplayer e co-op, que existiam na versão original. No geral, é um bom jogo de stealth, mas não vale nem um pouco a pena para quem já viu o que Chaos Theory podia fazer. Fãs da série provavelmente se decepcionarão, mas para aqueles que mal podem esperar para se esgueirar pelo escuro em 3D, Tom Clancy’s Splinter Cell 3D é uma boa pedida que proporcionará várias horas de missões de espionagem.
Prós
- Belas CGs
- Uso inteligente da tela de toque
- Bom aproveitamento do efeito 3D e do giroscópio
- Trama complexa e interessante, com direito a plot twists!
- Design de níveis competente
Contras
- As CGs não tem legenda
- A câmera é dificíl de controlar (leva um tempo até que se pegue o jeito)
- Ausência de modos Multiplayer e Co-op
- Gráficos in-game não acompanham o potencial do 3DS
- Menus de ação pouco práticos
Tom Clancy’s Splinter Cell 3D – Nintendo 3DS – Nota Final: 7.0
Gráficos: 7.5 | Som: 7.5 | Jogabilidade: 7.0 | Diversão: 8.0
Tom Clancy's Splinter Cell 3D nos foi gentilmente cedido para análise pela Iguana Mall. www.iguanamall.com.br |