Grande estreia nos cinemas americanos nesse final de semana, a adaptação de Thor: God of Thunder não poderia ficar de fora dos videogames, como sempre acontece com as grandes produções cinematográficas. Com versão para DS desenvolvida pela WayForward, a curiosidade era grande e as promessas também. Com o game finalmente lançado e após algumas horas de jogo, confira o que achamos dessa aventura tradicional:
É de se elogiar o feeling que os games da WayForward exalam. O estúdio, que ficou conhecido pelos dois games da série Shantae e pelo sucesso recente Monster Tale parece caminhar para se tornar uma das equipes que mais conseguem oferecer produtos de qualidade, com grande inspiração nos clássicos antigos, mas sempre com um frescor de novidade – uma fórmula que tem arrebatado os jogadores mais nostálgicos.
Com tamanho sucesso nos últimos tempos, não é de se estranhar que a SEGA tenha os impelido de cuidar da versão para Nintendo DS de Thor: God of Thunder. Como já era esperado, o resultado final é bem superior a maioria das adaptações de games baseados em filmes que chegam ao console da Nintendo, apesar de apresentar algumas inconstâncias frustrantes.
Um desafio e tanto
Após uma primeira jogada, é impressionante perceber o quão rico o visual de Thor é. Numa primeira olhada, ele parece muito com os tradicionais games de ação que povoaram os primeiros anos da década de 90, principalmente na era 16 bit. Essa inspiração proposital torna a atividade de jogar o game uma volta ao passado, com grandes lembranças e muitas referências – o que, sem dúvidas, agrada aos jogadores mais antigos.
O visual, completamente em 2D, utiliza sprites de altíssima qualidade, em uma quantidade e bom gosto raros até mesmo para o DS. Além de personagens e chefes extremamente bem construídos, os cenários também são um show a parte, envolvendo o jogador na aventura e proporcionando momentos de extrema beleza, que são potencializados pelas animações fluentes e convincentes. O interessante é que a inspiração para o visual vem mais dos quadrinhos do que do filme, o que por si só já é um grande ponto positivo.
A trilha sonora é competente, apesar de não ser um destaque individual da aventura, principalmente porque ela não foge muito do esquema de ser apenas um acessório para impedir o total silêncio. Os efeitos sonoros também são bem simples e parecem existir só por extrema necessidade. A parte sonora lembra – e muito – outros games do estilo lançados no passado, evidenciando ainda mais essa “inspiração”.
Essa pegada retrô não se condiciona somente ao visual. Assim como a parte plástica, a jogabilidade parece ser totalmente influenciada pela simplicidade dos games da era 16 bit. O resultado, infelizmente, acaba se tornando insatisfatório, principalmente porque as rotinas das fases são pouco variadas, entrando em conflito com as grandiosas batalhas contra chefes.
Do amor ao ódio
A aventura principal é divida em longos sete capítulos, totalizando um total de 21 atos. Em cada um deles a fórmula não muda muita coisa: basta enfrentar hordas de inimigos repetitivos para no fim conseguir enfrentar um chefe. Utilizando o martelo de Mjolnir, sua principal arma, Thor pode golpeá-los diretamente, realizar ataques especiais ou voar para os céus (até a tela superior) para disparar ataques ainda mais poderosos.
Embora haja uma certa variedade de mecânicas, a jogabilidade do game é no todo muito horizontal, sem grandes alterações ao longo da jornada, o que torna os combates uma atividade não muito prazerosa como deveria ser. Embora o game consiga de fato vender a ideia de que o jogador é um herói, ele não consegue tornar essa atividade algo recompensadora por muito tempo.
Os controles, por outro lado, são bem simples e de fácil execução. As combinações de botões utilizadas para se atacar e defender são bem intuitivas, não exigindo muitas habilidades extras dos jogadores. Legal é perceber que mesmo sendo fáceis, a falta de variedade torna tudo muito cansativo, logo após as primeiras horas de jogo.
Essa monotonia da aventura principal é quebrada por alguns momentos-chave, quase sempre relacionados às batalhas contra chefes, que parecem ter ganhado todas as atenções da equipe de desenvolvimento. Além de desafiadoras e intensas, essas batalhas conseguem sempre oferecer um sopro de novidade em meio a tanto mais do mesmo, embora não consigam segurar o game como um todo até o final.
Talvez o que tenha faltado é uma variação da mecânica original de game de ação, com a presença, por exemplo, de fases onde o papel do jogador não fosse somente destruir hordas de inimigos uma atrás das outra. Se esse estilão tradicional é por um lado um grande atrativo para os jogadores saudosistas, por outro ele acaba deixando a aventura com uma cara de velha, que só é potencializada pela repetição de fómulas e pela pouca ousadia. Tá certo que ainda existe um modo de sobrevivência, com novos personagens jogáveis e dificuldade elevada, mas ele só é mais uma repetição do que nós já podemos vivenciar na história principal.
Thor: God of Thunder não é um game ruim, mas também não consegue ser um destaque individual na biblioteca extensa de games disponíveis para o DS. O que por si só é uma pena, tamanho foi a dedicação da WayForward com a parte técnica. Quem sabe eles não acertam a mão da próxima vez?
Thor: God of Thunder – Nintendo DS – Nota Final: 6.5
Gráficos: 9.0 Som: 6.0 Jogabilidade: 6.5 Diversão: 6.5