Antes de começar o jogo tire sua mãe da sala. Agora prepare-se: muito sangue, pedaços de corpos voando na tela, cabeças estourando, palavras de baixo calão, gritos, grunhidos, e muitos zumbis/mutantes querendo transformá-lo na próxima refeição. Tudo ambientado em um trash cenário de filmes ¨B¨, os quais o jogo busca parodiar do começo ao fim. Você que gosta de apontar sua arma (Wii Remote) para a tela da televisão, sem precisar controlar o personagem de um lado para o outro (on rail), apenas se preocupando em detonar um monte de mortos-vivos, vai gostar de encarar esse jogo, que é o melhor e mais recente (mesmo sendo de 2009) lançamento da franquia The House of the Dead, exclusivo para o Nintendo Wii.
De volta à Grindhouse
As grindhouses eram os apelidos das salas de cinema dos Estados Unidos que passavam os mal produzidos filmes ¨B¨, principalmente nas décadas de 60/70. Mas não é necessário ir tão longe para assistir uma produção dessas, o próprio Quentin Tarantino, fanático por cinema, digamos, alternativo, juntamente com Robert Rodriguez, produziu um filme como homenagem chamado Grindhouse, com Planet Terror (dirigido por Rodriguez) e Death Proof (dirigido por Tarantino).
É justamente nesse tipo de filme que Overkill foi inspirado, e isso não é um ponto negativo, ficou bem feito. Os gráficos parecem filme antigo de baixa qualidade, como se o rolo do filme estivesse velho e gasto, mas de forma proposital, e uma história daquelas bem toscas, cheia de estereótipos, que de tão grosseira acaba ficando muito engraçada.
The House of the Dead: Overkill conta os eventos ocorridos antes do primeiro jogo da série de arcade da SEGA, é aquela ideia de contar uma história e depois contar o que veio antes. De qualquer forma, ainda temos o já conhecido para os fãs, Agent G, em sua primeira missão após sair da academia da agência secreta internacional AMS, que o leva a encontrar e fazer parceria com o escrachado detetive Washington, que abusa da palavra f**k e suas variações, fazendo uma daquelas duplas improváveis, mas que acabam dando certo. De fato, a interação entre os dois é bem divertida, com várias cutscenes engraçadas.
O local da trama é Bayou City, uma pequena cidade do interior, comandada na maior parte por donos de plantações e pelo criminoso, e vilão da história, Papa Caesar, um cientista maluco, como não poderia faltar nessa história tão estereotipada. Então, tudo gira em volta de 4 personagens principais:
Chamado apenas de ¨G¨, inexperiente (ao menos nesse jogo), mas altamente treinado e mortal, ele se graduou em primeiro da sua classe da academia AMS. Suas investigações pessoais sobre o sumiço de uma série de pessoas, o levaram até a porta do Papa Caesar.
Beberrão e mulherengo, Isaac Washington é um policial local de Bayou City, que não gosta de obedecer às regras. Investigando a morte de seu pai, também policial, ele vai parar na mansão do criminoso cientista maluco Papa Caesar. Onde ele se encontra com o agente ¨G¨.
A mais atraente stripper de Bayou City, Varla Guns, é irmã do gênio cientista Jasper Guns, que acabou morto pelas ações malignas, mais uma vez, de Papas Caesar. Ela se junta mais a frente da história à dupla inicial, em busca de vingança pela morte do irmão.
Finalmente, o famigerado médico louco Papa Caesar, que forçou o irmão de Varla a criar um estranho componente com poderes mutantes e, com a ajuda do criminoso local Warden, ele vem transformando os inocentes habitantes de Bayou City.
Para completar o estilo grindhouse, cada fase do jogo possui um pôster de filme classe ¨B¨, que, inclusive, quem quiser pode criar o seu, a SEGA disponibilizou um ¨poster creator¨ no site do jogo, com diversas opções de customização, basta acessar e mandar ver na criatividade. Quem sabe fica quase tão bom quanto esse logo abaixo:
Diversão nos trilhos
Nem todo mundo gosta do estilo on rail, que é aquele em que não se controla para onde o personagem vai, ficando à mercê do jogo, que o leva de ação para ação. Uns odeiam, outros adoram. A maior vantagem é ser acessível, não é necessário ¨saber jogar¨ para encarar esse tipo de game. Seja como for, é um prato cheio de diversão garantida, principalmente em modo cooperativo, em que podemos contar com a ajuda de um amigo para detonar a horda de zumbis bizarros. Não é necessário pensar no que vai fazer, mas é bom ficar esperto para que a munição não acabe e tenha que recarregar numa situação desfavorável. Por isso, muitos headshots são uma boa pedida, além de dar mais dinheiro para comprar armas melhores.
O Story Mode é muito fácil de terminar, mesmo os chefes não oferecem muito perigo, ainda mais se tiver a companhia de um parceiro em modo cooperativo, que por sinal pode entrar a qualquer momento do jogo. A coisa melhora muito depois do final, quando o modo Director´s Cut é liberado, com fases mais longas e mais zumbis. Mesmo em dupla é capaz de precisar usar uns continues, que por sinal só são limitados nesse novo modo - no primeiro você pode morrer à vontade e voltar na mesma cena, sem modificar coisa alguma.
É uma pena que os gráficos não sejam tão bem trabalhados. Mesmo que o humor e bizarrices façam parte da proposta, faltou um pouco mais de capricho - em algumas partes os acessórios desaparecem e reaparecem na mesma cena. Fora que vira e mexe tem uma queda de frame rate (taxa de quadros por segundo), principalmente quando a tela se move.
A jogabilidade não influi muito, também não tem nada de especial, em suma é apontar o Wii Remote para a tela e mexer as miras para os alvos. Dependendo da distância do jogador podem acontecer pequenos lapsos na mira e menos precisão.
A música é muito boa mesmo, bem estilo vintage, mudando a cada nova fase, engraçadas e com palavrões também. Vários riffs de guitarra que vão agradar a muitos e deixar um clima ainda mais retrô. A dublagem dos personagens, que tem personalidades distintas e marcantes, também é bem feita, com falas muito divertidas, inclusive do dramático narrador da história.
Outra pedida muito bacana são os minigames, e aqui até 4 jogadores poderão participar ao mesmo tempo, e claro, quanto mais gente melhor na luta contra monstros mutantes. São 3 opções:
- Money Shoot II: um verdadeiro parque de diversões retrô, onde se deve simplesmente atirar contra os alvos e desviar de bombas.
- Staying Alive: sobreviver ao ataque de dezenas de zumbis por mais tempo que puder.
- Victim Support: vítimas desprotegidas que são atacadas pelos mutantes, os jogadores ficam a uma distancia confortável, não sendo alcançados, com o objetivo de proteger a todos.
O mais profano da história
Em março de 2009 The House of the Dead: Overkill foi o primeiro jogo a receber o prêmio por bater o recorde de palavrões num mesmo jogo, na versão Game do Guinness Book. 189 ocorrências, em suas diversas variações, é o número de vezes que a palavra f**k, que rima com pato em inglês, foi repetida. Equivale a mais de uma repetição por minuto nas 3 horas de diálogo. Cerca de 3% de tudo que foi dito no game. Provavelmente 90% vem da boca do Detetive Washington, que deve falar uns 3 f**k a cada 5 palavras. E ainda tem gente que acha que video game é coisa apenas de criança. Mas a intenção dos produtores foi justamente fazer uma paródia com os filmes ¨B¨, que também não pegam leve na linguagem.
Bang Bang
Um jogo de apontar e atirar pede uma arma para acoplar o Wii Remote, já que não é necessário o uso do Nunchuck, porque, por mais que se possa jogar sem esses acessórios, pode incomodar um pouco durante o a brincadeira, fora que nem se compara para dar o clima, empunhar uma arma, do que segurar um controle, e a posição também não ajuda muito.Dessa forma, foram lançados pacotes especiais para The House of Dead: Overkill, começando pelo seu lançamento no Japão, que teve um kit exclusivo com duas Wii Zapper Guns, que nem são tão interessantes para esse game já que não faz uso do Nunchuck. Para o Reino Unido, é possível adquirir uma pistola Hand Cannon, isso mesmo, canhão de mão, arma inspirada na usada pelo Agent G. Mas foi para a Austrália que ficou reservado a melhor parte, a edição de colecionador, com duas Hand Cannos e uma Graphic Novel com o título ¨Prelude to an Overkill¨, estrelando a musa do Game, Varla Guns e o Detetive Isaac Washington.
Prós
- Criativo. A ideia de fazer uma paródia dos filmes ¨B¨ ficou bem engraçada.
- Personagens marcantes e com personalidade própria, que fazem você torcer por eles e entrar de cabeça na história.
- Vale o replay, pois é ótimo ficar atirando em zumbis.
- Música bem feitas, engraçadas, com riffs de guitarra que te deixam no clima do jogo.
Contras
- Gráficos pouco caprichados.
- Problemas de frame rate, que podem atrapalhar a ação.
- Curta duração. Poderia facilmente ter mais duas ou três fases.
- Fácil demais. Faltou um nível mais difícil para o pessoal mais hardcore.
The House of the Dead: Overkill – Nintendo Wii – Nota Final: 8.0
Diversão: 8.5|Gráficos: 7.0|Som: 8.5|Jogabilidade: 8.0