Um terrível imperador intergaláctico, três corajosos vikings perdidos no espaço e no tempo, armadilhas mortais, puzzles de quebrar a cabeça e textos extremamente engraçados. Se você já teve a oportunidade de jogar o clássico jogo para Super Nintendo chamado The Lost Vikings, o conjunto de todas essas coisas que eu citei, certamente te trazem muitas boas lembranças. Se você nunca o jogou, esta pode ser uma boa oportunidade para conhecer este jogo excepcional da era 16 bits. De qualquer forma, é hora de lembrar a épica aventura de Erik, Baelog e Olaf.
Tomator é um cara peculiar. O nome já é esquisito, mas ele também é o líder do império alienígena Crouton (tomate, crouton... acho que o roteirista do jogo estava com fome quando pensou na história). Um dos grandes orgulhos de Tomator é o seu zoológico intergaláctico, com espécies de diferentes cantos do Universo. É claro que não poderiam faltar espécimes da raça humana, então o poderoso imperador parte para cima do nosso pequeno planeta Terra, com a sua gigantesca nave, com o objetivo de capturar alguns humanos para a sua preciosa exposição. E quem são os pobres infelizes a serem abduzidos? Ninguém mais, ninguém menos do que Erik “o ligeiro”, Baelog “o feroz” e Olaf “o robusto”, três vikings que, no momento da chegada da nave, dormiam pacificamente em suas cabanas. Mas quem acaba se dando mal é o chato do Tomator, pois é claro que os corajosos e valentes heróis não se deixariam levar facilmente, largando suas esposas e filhos para trás. Os três guerreiros rapidamente escapam de suas celas e procuram por uma saída da nave. Mas voltar para casa não será uma tarefa fácil, pois eles terão que passar por fases perigosas e traiçoeiras, nos mais diferentes locais e períodos do tempo.
Uma aventura sem igual
Só pela introdução, já fica bem claro que The Lost Vikings é um jogo bem original. Afinal de contas, quantos outros jogos envolvem vikings perdidos no espaço? Mas a originalidade não fica só na história. O que realmente marcou este jogo e o que muitos dos que o jogaram sem dúvida se lembrarão é a jogabilidade. O jogador controla os três vikings, mas é claro que movimentar todos simultaneamente seria impossível para apenas uma pessoa, então deve-se alternar entre os personagens, com o simples pressionar de um botão. Mas isto requer muito cuidado, pois ao controlar um dos vikings, os outros dois ficam imóveis e vulneráveis a ataques de inimigos. Está certo que este aspecto não é muito realista (afinal, no mundo real, uma pessoa não ficaria simplesmente parada, esperando um ataque inimigo, apenas porque o seu companheiro está se movendo), mas não há dúvida de que esse esquema leva a puzzles extremamente bem bolados e alguns que fariam até o Professor Layton coçar a cabeça.
É necessária muita estratégia no controle dos três vikings, já que cada um deles possui diferentes habilidades. Erik é o único que pode pular e, por ser capaz de correr em alta velocidade, pode também dar cabeçadas em paredes e pedras, destruindo-as. Baelog é o homem das armas. Com seu arco-e-flecha, pode atacar inimigos à distância ou ativar interruptores inalcançáveis e, com sua espada, pode atacar inimigos próximos. Olaf é responsável pela defesa: equipando um grande escudo, ele pode defender seus amigos e a si mesmo dos ataques de inimigos. Além disso, pode também levantar o seu escudo para que Erik o use como plataforma (sendo, assim, capaz de chegar a lugares mais altos) ou até para “planar”, como se fosse um pára-quedas (o que é meio estranho, já que Olaf não é lá muito... leve). Todas estas habilidades devem ser usadas em conjunto para que os três vikings passem pelos diversos obstáculos de cada fase e cheguem à saída.
Os heróis tem três pontos de energia cada um, podendo dessa forma resistir a alguns ataques de inimigos antes de morrer (mas cuidado, pois algumas armadilhas causam morte instantânea... como espinhos... ah, malditos sejam vocês, terríveis e maléficos espinhos do mundo dos games, matando nossos queridos heróis com um simples toque!). Portanto, se você perceber que um dos vikings está levando dano, é bom tirá-lo logo do perigo, antes que o coitado perca os pontos de vida, vire uma caveira e você tenha que começar a fase novamente. Ah sim, o jogo deixa você continuar a fase apenas com os outros vikings, mas nem perca seu tempo. Mesmo que você consiga chegar à saída os personagens restantes, você terá que reiniciar a fase e terminar com os três. Felizmente, os deuses nórdicos são extremamente generosos e ressuscitam os guerreiros infinitamente... mas não tão generosos, porque os vikings voltam para o começo da fase. Nas partes mais avançadas do jogo, chega a ser bem frustrante ter que percorrer novamente uma fase extensa, só porque um dos vikings morreu de alguma forma idiota. Mas isso só aumenta o desafio de The Lost Vikings.
O jogo também conta com um modo para dois jogadores, onde cada um pode controlar um viking, simultaneamente. A câmera, entretanto, segue apenas o primeiro jogador e se o outro ficar fora da visão, este fica imobilizado até que apareça novamente. Ambos os jogadores podem tomar o controle do terceiro viking a qualquer momento, da mesma forma que no modo para um jogador.
O humor nórdico
Outra característica marcante de The Lost Vikings é a de ser um jogo muito engraçado. Sempre que os vikings chegam à saída de uma fase, há uma conversa entre eles, que muitas vezes fará você rir. Veja um exemplo:
[Olaf] – Se Tomator é tão mau, porque ele deixa essas... bombas e máquinas para nós usarmos?
[Baelog] – Nenhuma outra pessoa nos videogames se pergunta sobre essas coisas.
[Erik] – É, deixe de causar problemas, Olaf.
Em ocasiões em que o jogador perde repetidas vezes na mesma fase, os vikings também fazem comentários bem engraçados, como por exemplo:
[Erik] – Estou com uma estranha sensação de Deja Vu.
[Olaf] – Deja Vu?
[Erik] – Que eu já estive aqui em uma vida passada.
[Baelog] – Na verdade, já estivemos aqui várias vezes.
[Erik] – Isso explicaria as coisas.
O próprio manual também inclui perfis hilários sobre os protagonistas do jogo, que vocês podem conferir a seguir (os textos foram extraídos e traduzidos diretamente do que está no manual):
NOME: Erik “o Ligeiro”
IDADE: 19
ALTURA: 1,77 m
PESO: 72 kg
ESPECIALIDADES: Patrulha, Velocidade
EQUIPMENTO: Sapatos de Corriida, Uma cabeça forte
OCUPAÇÕES: Mercenário, Técnico de corridas, Dublê, Entregador de pizza
HOBBIES: Corridas de Velocidade, Escalar montanhas
AUTORES FAVORITOS: Dr. Seuss, Friedrich Nietzsche
FILMES FAVORITOS: The Running Man, Running Scared, Run Silent, Run Deep, Logan's Run, Running on Empty, Nuns on the Run, Running Brave, Eric the Viking
BANDA FAVORITA: Rush
COMIDA FAVORITA: Fast Food
PROBLEMAS DE SAÚDE: Pé de Atleta, Dores de cabeça freqüentes
ANIMAIS FAVORITOS: Cheetas, Jaguares, Falcões
PRESENTE QUE QUER DE ANIVERSÁRIO: Um capacete de futebol americano
FERIADO FAVORITO: Dia da Marmota
CITAÇÃO FAVORITA: “É melhor correr e pular para longe de inimigos do que ficar e deixá-los te destruir em pedacinhos.”
COMENTÁRIOS: O gênio tático e auto-proclamado líder do grupo. Erik é o mais rápido e ágil de todos os Vikings, o que o torna indispensável em qualquer expedição. Sua perspicácia e engenhosidade são freqüentemente chaves para resolver situações difíceis. Contudo, ele tem um déficit de atenção e se agita facilmente se ficar parado no mesmo lugar por muito tempo. Na verdade, sua paciência é normalmente muito pouca para tolerar seus dois irmãos. Apesar destas falhas, ele é um valioso companheiro em qualquer aventura.
PONTOS FORTES: Erik é o Viking mais veloz. Ele pode correr mais rápido que qualquer inimigo e saltar grandes alturas. Também tem uma cabeça de pedra que pode usar para destruir paredes.
PONTOS FRACOS: Erik não tem habilidades de defesa, o que o torna muito vulnerável se estiver patrulhando sozinho. Sua velocidade também pode ser perigosa se não tomar cuidado.
NOME: Baleog “o Feroz”
IDADE: 25
ALTURA: 1,83 m
PESO: 100 kg
ESPECIALIDADES: Combate, Cortar, Fatiar e Picar
EQUIPMENTO: Arco, Flechas, Espadas, Atitude
OCUPAÇÕES: Mercenário, Batedor Corporativo
HOBBIES: Fisiculturismo, Arremesso de facas, Boliche
DRINK FAVORITO: Ponche de frutas
VEGETAL PREFERIDO: Abóbora
OBJETIVOS: Dominação do mundo, ser campeão da liga de boliche
FILMES FAVORITOS: Sparticus, Rambo II, Conan the Barbarian, Pumping, Iron, The Terminator
EXCLAMAÇÃO FAVORITA: Yo!
LOCAL DE FÉRIAS FAVORITO: Islândia
VOGAL FAVORITA: A
FERIADO FAVORITO: Dia do Trabalho
BANDA FAVORITA: Aerosmith
CITAÇÃO FAVORITA: “Entre no moinho e você sairá cheio de farinha e cozido” – Padeiro dinamarquês desconhecido
POSSESSÕES VALIOSAS: Espada com formato de abridor de cartas, Roupa de baixo comprida
COMENTÁRIOS: O enorme ego de Baelog é tolerável apenas por causa das habilidades marciais que ele providencia nas expedições. Quando não está acusando um de seus irmãos de ser preguiçoso ou fraco, Baelog é muitas vezes visto afiando sua espada e contemplando sua estratégia de conquista mundial. Mesmo assim, apesar da sua companhia por vezes menos que agradável, Baleog é um adversário feroz para qualquer um que ficar no caminho do grupo.
PONTOS FORTES: Baelog pode atacar com sua espada e atirar flechas. Pode também usar as flechas para ativar interruptores que estão a uma longa distância.
PONTOS FRACOS: Ele ainda não dominou a arte da defesa. Portanto, ele normalmente se esconde atrás do escudo de Olaf durante batalhas com inimigos poderosos.
NOME: Olaf “o Robusto”
IDADE: 23
ALTURA: 1,89 m
PESO: 145 kg
ESPECIALIDADES: Defesa, Aeronáutica, Alívio cômico
EQUIPMENTO: Escudo, Pança, Uma risada tola
OCUPAÇÕES: Mercenário, Garoto propaganda da Winchell
HOBBIES: Parapente, Bungee Jump
COMIDAS FAVORITAS: Bolo de carne, Rosquinhas com granulado
MAIOR FANTASIA: Ser um lutador de sumô
INSTRUMENTO FAVORITO: Tuba
FILMES FAVORITOS: Fat Man and Little Boy, Little Big Man, Breakfast at Tiffany's, The Breakfast Club, The Naked Lunch, Lunch Wagon, Dinner at Eight, Guess Who's Coming to Dinner, My Dinner with Andre
PARENTE FAVORITO: Tio Beorn
FERIADO FAVORITO: Dia de Ação de Graças
LIVROS FAVORITOS: ABC-123, Green Eggs and Ham
CITAÇÃO FAVORITA: “A vida é como uma grande banana. Cuidado para não escorregar na casca e tudo vai ficar bem.” - Tio Beorn
FAMÍLIA: Casado, com duas crianças
BRINQUEDO FAVORITO: Patinho de borracha chamado Elvis
COMENTÁRIOS: Este Viking jovial, com sua corpulenta constituição e inabalável determinação, pode ser confiado para qualquer situação. Seu apetite por aventura é superado apenas pela sua paixão por doces. Infelizmente, ele é freqüentemente acometido por acessos de risada incontroláveis, fazendo com que longas viagens com ele se tornem um pouco cansativas. Sua forte presença é, entretanto, grandemente apreciada no calor da batalha.
PONTOS FORTES: Pode usar seu escudo para bloquear inimigos e projéteis. Pode também segurar o escudo sobre a cabeça e flutuar longas distâncias, o que lhe dá grande manobrabilidade.
PONTOS FRACOS: Tem que esperar por Baelog em situações de combate e seu escudo nem sempre pode proteger a ele e os outros Vikings de certos inimigos com habilidades de saltar.
Por Odin! Onde foram parar esses vikings?
Depois do seu lançamento para o SNES, em 1992, The Lost Vikings recebeu versões para outras plataformas, como para o computador e para o Sega Mega Drive. Em 2003, uma versão foi também lançada para o Game Boy Advance. Apesar dos mais de dez anos de diferença, o jogo permaneceu praticamente idêntico ao original, com a única principal diferença sendo a de contar com uma memória interna, ao invés de usar passwords como era no SNES.
É interessante mencionar, também, que The Lost Vikings foi desenvolvido pela Silicon & Synapse. Não achou interessante? Talvez seja porque você conhece melhor a empresa pelo nome que passou a usar a partir de 1994: Blizzard Entertainment. Sim, a responsável pelas famosas séries Diablo, Warcraft e Starcraft.
Apesar dos gráficos que mesmo em sua época não eram nada especiais, The Lost Vikings ainda é um jogo que merece ser jogado, pela originalidade que ainda mantém e pelo grande desafio proporcionado. Se você tem acesso a um SNES (ou Game Boy Advance, ou qualquer outro sistema para qual o jogo tenha sido lançado), vale a pena procurar uma cópia de The Lost Vikings, seja para reviver esta divertida aventura ou, se você nunca jogou, conhecer este clássico jogo. Ah sim, em 1994, nossos amigos Erik, Baelog e Olaf voltaram em The Lost Vikings II... mas isso é tema para a semana que vem!