Hajime No Ippo Revolution, seu título em terras nipônicas, é bem mais apropriado para esse jogo, pois é baseado no excelente anime/mangá homônimo, Hajime no Ippo. Para quem já é fã pode ser uma boa pedida, até pela provável identificação com os personagens e história, e quem não conhece, vai adorar as cutscenes. Mas para quem quer apenas um game de boxe, talvez se decepcione, pois os controles, apesar da variedade de esquemas, deixaram um pouco a desejar.
Um herói carismático e um adversário tão interessante quanto ele, cujas razões para lutar são claras e fáceis de simpatizar, com lutas poderosas e legais. Agora some cenas de comédia e muita emoção e, claro, uma bela heroína. Tudo isso é facilmente encontrado em Hajime No Ippo, que narra a história do boxeador Makunouchi Ippo (o sobrenome vem primeiro no Japão) em sua saga para descobrir o significado de ser forte e tornar-se um grande campeão de boxe.
O game foi lançado no Japão em junho de 2007, e nos Estados Unidos em outubro do mesmo ano. Como o Nintendo Wii foi lançado no final de 2006, talvez a falta de experiência seja a causa de certas falhas, principalmente quanto aos controles e gráficos. Seja como for, o jogo decepciona diante de tamanho potencial.
O que há de melhor são os lutadores, todos retirados do anime/mangá, cada um com sua personalidade e estilo próprios, inclusive contando com seus próprios golpes especiais. São 25 ao todo, muitos dos quais vão sendo desbloqueados conforme se vai avançando no jogo (Story Mode). Além do protagonista, o jogo conta com todos os integrantes do Ginásio Kamogawa, o Takamura, o Aoki, o Kimura, o Itagaki e até mesmo o Hammer Nao. Também aparecem a maioria dos seus oponentes, desde a primeira luta com seu ídolo/amigo/adversário Miyata Ichiro até a luta entre Eiji Date contra Ricardo Martinez. Abaixo segue a lista completa:- Makunouchi Ippo
- Miyata Ichiro
- Mamoru Takamura
- Masaru Aoki
- Tatsuya Kimura
- Yusuke Oda
- Ryuichi Hayami
- Ryo Mashiba
- Takeshi Sendo
- Takuma Saeki
- Volg Zangief
- Eiji Date
- Kazuki Sanada
- Hammer Nao
- Iwao Shimabukuro
- Ryuhei Sawamura
- Jimmy Sisphar
- Ricardo Martinez
- Manabu Itagaki
- Kyosuke Imai
- Hiroyuki Hoshi
- Arnie Gregory
- Eleki Battery
- Papaya Dachiu
- Brian Hawk
Tutorial
O próprio dono e treinador do ginásio em que Ippo treina, Kamogawa Genji, é quem treina os jogadores nesse tutorial. Uma maneira bem interessante, onde ele demonstra como segurar os controles adequadamente e ensina cada golpe, desde os básicos, até os especiais. Por sinal é assim que o tutorial vem distribuído, golpes básicos (em que apenas o personagem principal aparece) e golpes especiais (cada personagem treina o seu próprio movimento). Os especiais vão sendo desbloqueados conforme o progresso da história, a cada oponente vencido, o seu especial fica disponível. Os personagens aparecem em terceira pessoa e translúcidos, ao estilo Wii Sports Boxing.
Na tentativa de agradar a todos no quesito controles, os produtores desenvolveram 6 esquemas diferentes de controles, 2 para o Swing Mode, 2 para Pointer Mode, mais Classic Controller e de GameCube. Os dois últimos não estão disponíveis, até porque para clicar no botão não precisa de tutorial.
O Swing Mode 1 é o mais comum, aquele que todos esperam ao procurar um jogo de luta no Wii, aonde se usa tanto o Nunchuck, quanto o Wii Remote para socar, e movimentar o personagem. Não há uma resposta muito fácil de se obter ao golpear, jabs e diretos até entram com certa precisão, mas ganchos e cruzados já começam a complicar. Os especiais, por outro lado, são bem tranquilos na sua execução, pois basta clicar um botão, movimentar o controle e voilà. O Swing Mode 2 é uma variação do primeiro, usando o Nunchuck para mover, esquivar, balançar e golpear com a esquerda, deixando os socos de direita para o Wii Remote.
O Pointer Mode 1, como o próprio nome indica, funciona apontando o Wii Remote para a tela, para mover o personagem, também fazer as esquivas e balanços. Os golpes funcionam apertando o botão A e traçando uma linha na tela na direção que deseja desferir a pancada. Usa-se o botão C do Nunchuck para defender. O Pointer Mode 2, usa o mesmo esquema do primeiro para golpear, mas a movimentação fica por conta do Nunchuck. O GameCube e Classic Controller funcionam como controles normais, mesmo assim não respondem com a precisão que se poderia esperar durante as lutas, apesar de melhores dos que os modos anteriores.
Story Mode
A história segue praticamente à risca o mangá, não chega a ser fiel porque não segue a ordem perfeita e a luta final (do jogo) teve o resultado alterado. Mesmo assim os acontecimentos seguem seu curso independentemente do que acontece dentro do ringue, tanto que em certas ocasiões será necessário vencer para perder, isso mesmo, pois mesmo vencendo no jogo (necessário para passar adiante), o seu personagem pode acabar derrotado. Também pode vencer mal sendo tocado e aparecer numa cama de hospital na cutscene seguinte. Inclusive as falas durante as lutas podem parecer sem sentido para quem não assistiu o anime ou leu o mangá, já que nem sempre fidedignas ao que está ocorrendo na luta. Todos os 76 capítulos do anime, mais o OVA e o filme, foram retratados, o mangá, que é de 1989, como ainda está em andamento, no capítulo 933, teve apenas uma pequena parte mostrada.
As cutscenes entre as lutas, que contam a história, tem um conteúdo excelente, como não poderia deixar de ser. É um desses casos em que não se quer ir direto para a luta, até para poder entrar no clima. Apesar disso, a qualidade gráfica e do áudio ficaram muito fracas, seria covardia comparar com o anime. Não é pelo fato do estilo cartunesco, que é bem-vindo, mas pela produção relaxada, sequer utilizando tela inteira, a movimentação é estranha, o desenho é todo reto, a dublagem bem amadora. Pelo menos os gráficos dos lutadores são melhores (durante as lutas), mas os cenários são de 4ª geração, a plateia então é grotesca. O que ainda salva é a boa variedade de músicas.
As lutas tem um medidor de energia no canto superior, que tanto serve para indicar a quantidade de danos sofridos, como para indicar que está vencendo, e quando o indicador está cheio é possível utilizar os golpes especiais de cada personagem. A cada round existe uma estatística da quantidade de socos desferidos/encaixados.Nem sempre o lutador a se controlar será o protagonista, sendo necessário controlar alguns outros personagens conforme a história prossegue, o que é ótimo, já que não prende a uma única jogabilidade e aos mesmos movimentos especiais, fora que todos tem muito conteúdo e carisma, com lutas memoráveis e rivalidades únicas.
Sparring e Data Book
Esse modo começa com apenas 5 personagens, os demais vão sendo desbloqueados conforme se avança no Story Mode, inclusive o mesmo personagem nos diversos momentos da sua carreira, já que ele vai evoluindo com o passar do tempo e treinos. Makunouchi tem sozinho 7 opções, 6 desbloqueáveis.
A possibilidade de se jogar contra um amigo em split-screen é uma pedida que não poderia deixar de faltar e, claro, realizar as lutas que o mangá ainda não realizou e que vem deixando os fãs anciosos, ou mesmo um amistoso experimental entre personagens que não devem mesmo se enfrentar, seja por estarem na mesma academia, seja pela diferença de peso. Afinal, uma luta contra o Takamura pode ser uma experiência bem dolorosa.
O Data Book é outro recurso bacana, pois permite verificar toda a estatística do jogo, seja do Story Mode, seja do Sparring, no geral ou de cada luta. Assim da para lembrar e tentar melhorar seus resultados contra um oponente em especial ou um amigo que teve mais “sorte” em confrontos diretos.
Victorious Boxers Revolution – Nintendo Wii – Nota Final: 6.0
Jogabilidade: 6.5| Diversão: 7.0| Gráficos: 5.0| Áudio: 5.5