Como informamos na cobertura do segundo dia do Game World 2011, o Nintendo Blast teve, nesse dia, a oportunidade de conversar e entrevistar duas importantíssimas personalidades dentro da Nintendo: Bill van Zyll e Mark Wentley. Bill é gerente geral da Nintendo na América Latina e Mark é gerente de vendas e marketing da Nintendo na América Latina. Como deu pra perceber, eram as pessoas certas para tirar muitas dúvidas em relação a um assunto de grande importância para nós nintendistas brasileiros: os planos da Nintendo para uma maior investida de mercado aqui no Brasil. Afinal, a Microsoft e a Sony estão voltando a atenção para nosso país, com cada vez mais publicidade, lançamentos de jogos em português e canais online exclusivos para o público brasileiro. E quanto à Nintendo? Descubra, a seguir, tudo o que foi conversado e revelado nesta entrevista concedida especialmente para o Nintendo Blast.
[NBlast] Uma coisa muito importante que estamos vendo agora, com o 3DS, é um grande aumento na atuação da Nintendo no Brasil. Por exemplo, temos os menus do 3DS em português, o manual em português... enfim, estamos vendo bastante mais publicidade na América Latina e no Brasil em particular. Então, gostaríamos de saber quais os próximos planos da Nintendo quanto à distribuição de jogos aqui no Brasil. Se vai aumentar e como isso vai mudar.
[Bill] Bom, estamos sempre procurando maneiras de aumentar a nossa presença no Brasil. Sempre procuramos formas de melhor atender os consumidores brasileiros. O que estamos fazendo é fortalecer a equipe local que temos, através dos distribuidores regionais, trabalhando muito próximos a eles e de maneira muito integrada. Então, este ano, estamos aumentando os recursos desta equipe e, dessa forma, pretendemos, melhor atender os distribuidores, e também trazer atividades e amostras para o Brasil para que possamos levar mais produtos - o 3DS - às mãos das pessoas, para que estas possam experimentar o produto.
[NBlast] Um dos principais problemas aqui no Brasil, como vocês certamente já sabem, são os preços. Os jogos são extremamente caros, o que acaba causando muita pirataria. Podemos esperar algo em relação a isso? Redução dos preços, produção local... algo nessa linha?
[Bill] Sim. Nós com certeza estamos fazendo tudo que podemos do ponto de vista da distribuição e para alcançar uma melhor eficiência nesse processo todo. O desafio que temos, que não vemos desaparecendo em um futuro próximo, é toda a questão dos impostos e taxas de importação. É isso o que acaba elevando os preços absurdamente. Se você comparar o preço de mercado com o de qualquer outro mercado da América Latina, você verá que o Brasil é o que tem o produto mais caro. É claro que há vários outros componentes em relação a isso, como distribuições caras e demoradas, mas, como eu disse, o maior problema se concentra nos impostos e taxas de importação. Há ações que estamos tomando dentro da indústria para tentar mudar isso, mas até agora não vimos nenhuma melhoria. Mas temos esperanças para o futuro.
[NBlast] E isso acaba sendo irônico, porque o Brasil provavelmente é o país que mais consome jogos na América Latina e é o que tem o preço mais alto.
[Mark] Bom, certamente há muitos fãs aqui e o preço é um dos principais fatores na decisão de compra. Mas outra questão importante que está sendo considerada é o suporte e garantia locais. Uma coisa boa ao se comprar um produto é saber que você tem uma garantia para aquela compra e que existe uma equipe local que possa te dar suporte. Isso é algo que te faz sentir melhor ao comprar alguma coisa. Para muitas pessoas, é algo que pensam uma, duas, ou mais vezes antes de fazer a compra. Não a fazem por impulso. Então, é bom que possam ter uma segurança nessa compra. É um fator importante.
[NBlast] Há planos para filiais aqui no Brasil para melhor distribuir os jogos?
[Mark] Não há planos da Nintendo de abrir filiais diretas aqui no Brasil. Como o Bill estava explicando, estamos trabalhando muito próximos aos nossos parceiros daqui. Estes estão trabalhando em planos para melhorar a estrutura deles e a habilidade deles de atender, como dissemos, os distribuidores e também os consumidores. Então, há um bom movimento aí, que acabará resultando em um melhor comércio e melhor distribuição de produtos para os consumidores.
[NBlast] Ouvimos rumores sobre um canal do Wii em português... algo parecido com o XBox Live Brasil. Isso é verdade?
[Mark] Não sei exatamente a que você se refere. O que será sim lançado no futuro é o e-shop.
[NBlast] Mas especificamente para o Brasil?
[Mark] Especificamente para o Nintendo 3DS. Mas o e-shop estará disponível em português, na versão brasileira. E os consumidores poderão comprar os jogos em reais. Então, o que envolvia um sistema baseado em pontos, agora será baseado em moeda corrente. Esperamos que seja bem mais fácil para os consumidores entenderem o que estão comprando, visualizarem e, por fim, realizarem a compra.
[NBlast] Interessante. Agora, nós precisamos de um cartão de crédito internacional se quisermos comprar alguma coisa nos lojas online da Nintendo. Então, agora com o 3DS poderemos usar qualquer cartão comum?
[Mark] Esse é meu entendimento.
[Bill] Você está distinguindo um cartão de crédito internacional e... o quê?
[NBlast] Um cartão de crédito comum.
[Bill] Na verdade – mas veja bem, não sou nenhum banqueiro e não sei exatamente da diferença – eu acredito que ainda terá que ser um cartão internacional.
[NBlast] Certo. Mas será cobrado em reais.
[Bill] Exatamente.
[NBlast] Bom, fazendo agora um paralelo com a Microsoft. Estamos vendo muitos jogos do Xbox sendo traduzidos para o português nas versões lançadas no Brasil. Quanto aos planos da Nintendo... além do que vocês já disseram, podemos esperar também ver jogos em português?
[Mark] Você verá, na verdade, com o lançamento do 3DS, que Face Raiders estará em português, todos os jogos de realidade aumentada estarão em português... então, logo de cara, quando o produto estiver disponível aqui, a Nintendo terá jogos em português.
[NBlast] Português do Brasil, não de Portugal, certo?
[Mark] Português do Brasil. É melhor. (risos)
[NBlast] Há planos para um marketing mais pesado aqui no Brasil, como a Sony tem feito?
[Mark] Com certeza. Como estávamos dizendo antes, quanto mais trabalharmos de forma mais próxima aos nossos parceiros daqui, mais veremos nossas operações se consolidando, possibilitando um melhor atendimento a todos. Certamente um dos resultados disso será mais programas de marketing, de forma a melhor atender as necessidades do consumidor brasileiro.
[NBlast] E poderemos ver uma maior participação da Nintendo em eventos de games, como este aqui? Quero dizer, não é muito comum vermos a Nintendo participar do jeito que estamos vendo com o 3DS. Então, poderemos ver uma melhora nisso?
[Mark] Sim. Estivemos aqui no Game World do ano passado com a visita do Charles Martinet e este ano estamos felizes de poder ter trazido o Nintendo 3DS. Mas, novamente, acho seguro dizer que vocês verão mais da Nintendo aqui. Mais atividades, com enfoque nos fãs e no consumidor brasileiro em geral e, à medida que o terreno de eventos de games continuar evoluindo aqui no Brasil, nós estaremos lá. Estamos avaliando os jogos disponíveis, onde nossos fãs estão indo e como melhor ajustar nossos planos. Com certeza estaremos mais envolvidos e mais conectados do que nunca.
[NBlast] Bom, acho que é isso. Obrigado por toda a informação. Estamos muito animados com o lançamento do 3DS! Alguma mensagem para o público brasileiro?
[Bill] Sim, claro (risos). Agradecemos todo o apoio e estamos ansiosos para continuar nossa atuação aqui, já que ficamos muito felizes com o carinho que recebemos dos “nintendistas”. Amamos o Brasil!
Certamente, esta nossa breve conversa com os gerentes da Nintendo na América Latina revelou várias informações importantes. Ficou bem claro que a Big N está com uma grande preocupação em melhor atender os consumidores brasileiros e está agindo fortemente para isso. É difícil dizer quanto às third parties, mas no que compete à Nintendo, podemos estar bem certos que muitas melhorias virão por aí. Um dos problemas que provavelmente ainda teremos que continuar a enfrentar é o do custo elevado, já que isso depende de entidades superiores no mundo da política. Quanto a isso, entretanto, felizmente temos projetos como o Jogo Justo, que luta pela diminuição dos impostos e taxas na indústria de games.
E agora, aproveitando o assunto, eu pergunto a vocês: como vocês acham que a Nintendo deveria melhorar sua atuação aqui no Brasil e o que acham do que tem sido feito até agora?