Se existe um RPG que todos os seres humanos devem experimentar, sem dúvidas o nome dele é EarthBound. Lançado em 1995 na América do Norte, o clássico de Super Nintendo quebrou todos os paradigmas do gênero na época. É comum ouvir o termo “RPG” e logo imaginar dragões, cavaleiros, ou reis e rainhas num tempo medieval. Não, aqui não. Em EarthBound, você é um garoto em tempos modernos que saca dinheiro do caixa eletrônico e luta contra hippies alucinados.
Um enredo (quase) tradicional
Apesar de se passar em tempos modernos, o enredo de EarthBound não foge muito do que é esperado: Ness e mais três amigos juntam-se numa incrível jornada para combater um mal que assombra o planeta. Após uma misteriosa catástrofe envolvendo um meteoro próximo da casa do protagonista, revela-se o terrível vilão Giygas, um alien de uma galáxia muito distante que possui o poder de influenciar a mente dos seres vivos, transfomando-os em peões do seu grande esquema de dominação.
Para deter Giygas, Ness viaja para os mais distintos lugares, como as inesquecíveis cidades de Onett, Twoson, Threed e Fourside. Sem esquecer também a área de Winters, Dalaam, e o mundo dos sonhos Magicant, que é liberado após Ness ativar todos os 8 santuários. Durante o caminho ele faz amizade com outras três crianças que o ajudam na aventura, são elas Paula, uma semi-celebridade de Twoson; Jeff, o nerd estudioso de Winters; e Poo, o jovem príncipe de Dalaam.
Humor nada característico
Uma das principais características em EarthBound é seu humor descompromissado. Diferente dos RPGs tradicionais, é quase constante as piadinhas e outros absurdos que farão, no mínimo, você soltar uma leve risada.
Desde pequenos eventos isolados, como o cachorro que é possuído por um dos desenvolvedores em Onett, ou a vaca azul na vila de Happy Happy, até elementos que fazem completamente parte da história, como o inseto Buzz Buzz que lhe ajuda logo no começo da aventura, derrotando um poderoso robô Starman, para depois ser aniquilado pela mãe do seu amigo (ou não tão amigo assim) Pokey.
Diálogos dos NPCs, personagens que são nomeados como frutas, e até mesmo os inimigos possuem um tom de humor. Afinal, nada deve ser mais hilariante do que combater uma terrível madame furiosa ou um hippie descontrolado. Bem, pelo menos eu sempre dou risada quando luto contra o hippie, hehe.
Para que lutar contra esse bicho tão fraco?
Na questão de jogabilidade, EarthBound herda muitos elementos tradicionais do seu gênero: cada personagem possui uma série de atributos que são aumentados ao passar de nível. Além disso, tais atributos podem ser alterados ao utilizar equipamentos como armaduras, acessórios, e armas – que diferente das tradicionais espadas, aqui são menos convencionais como bastões de baseball, frigideiras, ou simplesmente ioiôs.
As batalhas não são aleatórias, e só ocorrem através do contato direto com o inimigo. Um dos pontos mais interessantes é que ao ficar mais forte, certos oponentes vão fugir de Ness e sua equipe, e se por um acaso você conseguir enfrentá-los, a batalha será vencida automaticamente, sem que você precise perder tempo lutando contra monstros onde o resultado já é óbvio.
Durante as lutas um outro ponto que vale a pena citar é o HP. Ao receber um ataque, o HP do personagem começa a descer gradativamente, por mais que o ataque tenha sido mortal. Durante esse meio tempo, enquanto o HP desce, você pode ser rápido o suficiente para curá-lo, evitando a morte, ou simplesmente derrotar todos os inimigos e vencer a batalha.
Gráficos, trilha sonora e comentários finais
Talvez um dos únicos pontos fracos de EarthBound seja sua qualidade gráfica. Enquanto ainda é possível elogiar a ambientação impecável dos anos 90, juntamente com uma palheta de cores bem vivas, não posso negar que, à época que foi lançado, já havia sido exploradas capacidades gráficas muito superiores no próprio Super Nintendo. EarthBound é belo, mas os gráficos poderiam ser mais de ponta.
Já da trilha sonora não há do que reclamar. Ela consegue captar com sutileza e harmonia todos os momentos da história. Desde a música de batalha contra o hippie (como eu adoro esse hippie), até quando você chega na Polestar Preschool e descobre que Paula não está lá. Além disso, cada arma possui um efeito sonoro diferente durante as lutas, o que impressiona para um título dos anos 90.
EarthBound reúne elementos do RPG tradicional, e os mistura com uma ambientação nada convencional, e muitas outras variáveis que não são comuns num RPG. Apesar da mistura mirabolante, a desenvolvedora HAL Laboratory executou um trabalho espetacular ao confeccionar um dos títulos mais aclamados do Super Nintendo.
Uma história simples, mas que cativa do começo ao fim, junto com um sistema de batalhas sólido, mais um humor hilariante, só poderia resultar num título mais do que recomendado. Não há dúvidas de que esse é um jogo obrigatório para qualquer fã de RPG que se preze.
E se você chegou a fechar o jogo quando era pequeno, recomendo jogá-lo novamente agora. Parece que a história mudou completamente, só não me pergunte como.