Quando anunciaram Resident Evil: The Umbrella Chronicles, dúvidas pairaram no ar, principalmente entre os fãs da série. Como se sairia um game que mudaria o estilo de jogo clássico da série, para um shooter em trilhos? E como a história se encaixaria na cronologia? Mas se é um Resident Evil, é um Resident Evil, então, não tinha como dar errado. Prepare a sua arma e seu estômago para acabar com centenas de zumbis.
Residente Maldito: As crônicas do… guarda-chuva?
Brincadeiras à parte com o nome do jogo, Umbrella Chronicles conta e expõe a história da Umbrella Corporation, desde documentos à ações e mutações, tudo isso sendo narrado por ninguém menos que Albert Wesker, que foi um cientista da organização. UC é a resposta da Capcom para as dúvidas e questões que antes não tinham respostas, como por exemplo, a queda de Umbrella, os caminhos feitos por Rebecca e Richard pela mansão antes da chegada do Alpha Team, como Wesker escapou, como Ada se livrou de Raccoon City e outros segredos que antes só os fãs teorizavam.
Mesmo sendo on-rails (em trilhos), o game não perde muito no Wii. Por ser exclusivo para o console da Nintendo, a Capcom queria adaptar o jogo ao console. Porém, inicialmente, era pra ele ser semelhante à Resident Evil 4, mas com o passar do tempo, sofreu uma drástica mudança e Masachika Kawata, o produtor do game, disse que o estilo “seria muito complicado para o Wii”, o que os levou a buscar uma alternativa mais facilitada e acessível. Mas não pense que só por esse fator o game é facil. Um momento de desatenção e sua vida já estará baixa.
Andando na linha
Um dos fatores que deixa o Umbrella Chronicles mais atraente é o fato de ser uma repaginada de Resident Evil 0, 1 e 3. Não há nada mais instigante do que rever os cenários clássicos, como a mansão, em primeira pessoa. Por ser em trilhos, há uma limitação da exploração, pois você apenas pode inclinar a câmera um pouco para os cantos com o analógico do Nunchuk. Mesmo com esse revés, os cenários mantém a fidelidade dos episódios anteriores e com um toque visual lindíssimo. Efeitos de luzes, quadros, objetos do cenário, texturas, as CGs e até os zumbis (!?) estão bonitos para os padrões do Wii. Um dos toques geniais da Capcom, foi implantar a física nos cenários. Um exemplo é atirar nos objetos, como caixas, cadeiras, quadros, janelas, lustres e outros para destruí-los – e também para encontrar arquivos e documentos que incrementam o enredo -, uma coisa que não se encontra em shooters. O legal é atirar nas paredes para observar as marcas dos tiros e nos vidros para estilhaçá-los.
Para acompanhar a sua caminhada pelos cénarios, o áudio traz de volta as clássicas músicas dos RE anteriores, como por exemplo, as de RE0. Algumas estão remixadas, entretanto, não há nada tão bom quanto enfrentar Nêmesis com a música-tema tocando ao fundo. Outras, como a da mansão, parecem que foram retiradas de um buteco, pois são tão tranquilas que não combinam em nada com o momento. Porém, há um detalhe que só os fãs mais fervorosos vão notar: a dublagem, novamente foi trocada. As vozes de Jill, Chris, Rebecca, Billy e Carlos não são mais as mesmas, mas ao menos, há uma boa interpretação e não há nada mais instigante do que ouvir Wesker se gabando do poder que ele tem.
Arma na mão e cabeça de zumbi para o ar
O que faz Umbrella Chronicles ser atraente para o Wii são os controles. Você pode utilizar a Zapper, e mesmo se optar em não usá-la, vai conseguir jogar, porém perdendo e muito em precisão. O cursor possui uma característica marcante: ao mirar na cabeça de um zumbi, um ponto vermelho começa a piscar no próprio cursor, indicando que ali é o ponto fraco. Se tiver boa precisão, é zumbi sem cabeça e sangue jorrando. Ao redor da mira, você pode observar a quantidade de munição e caso esteja próximo de terminar, ela fica vermelha, indicando que é preciso recarregar – com um movimento rápido, para cima e para baixo.
O menu é controlado pelo cursor e você pode acessar documentos que encontra nos episódios, a arma que deseja usar (pode até dar upgrades nelas, mas você escolhe apenas uma para cada missão) e o personagem que deseja jogar. Nada altera na escolha, pois ambos seguem o mesmo caminho. Não pense que só pelo fato de ser em trilhos que você poderá descansar. É preciso ficar atento o tempo todo. Como não há controle da câmera, os personagens olham para os lados e você deve estar esperto para pegar armas, arquivos, a tão famosa erva verde – que deixa os personagens saudáveis… ervinha verde que melhora o desempenho? Tá parecendo outra coisa… – e os sprays. Pelo fato de não haver inventário, você carrega quantas armas quiser, os sprays são armazenados para você “renascer” caso morra e as ervas aumentam a saúde de seu personagem no momento em que você as pega.
Você pode utilizar a faca para matar inimigos como aranhas, abelhas e corvos que vêm na sua direção. Basta segurar o botão Z e movimentar o Wii Remote para fazer picadinho dos animais. Nos momentos em que há dezenas de zumbis, como por exemplo, nas ruas de Raccoon City, você pode segurar o Z e pressionar o gatilho (ou o B, sem a Zapper) para arremessar granadas. Para facilitar um pouco, o personagem tem uma arma mais fraca com munição infinita, mas todas as outras têm munição limitada. Uma estratégia interessante é utilizar elementos dos cenários para acabar com inimigos mais facilmente. Atirar em lustres para cair sobre zumbis, explodir tanques de combustível e automóveis para todos os inimigos voarem, são algumas ocasiões que divertem bastante.
Velhos chefes reaparecem aqui, mas como a sua movimentação é definida pelo jogo, há momentos em que você atira ou apanha. Em outros, você vai morrer duas vezes até descobrir como se safar das situações para acabar com o chefe, mas as lutas podem durar minutos e a mesmice impera, repetindo as mesmas movimentações. E prepare-se para muitos botões de ação, aqueles momentos em que você precisa pressionar botões na hora certa para escapar dos inimigos, pois há dezenas deles aqui. Quando zumbis tentam arrancar seu lindo pescoço, você precisa chacoalhar o Remote como um louco para afastá-los e ver o golpe de cada personagem, que varia de pontapés a facadas na cabeça.
Na pele dos residentes
Confira os personagens que estarão sob o seu comando e conheça-os melhor para não virar comida de zumbi:
A enfermeira e bioquímica da equipe Bravo, possui grande responsabilidade. Em sua primeira missão, encontrou o trem abandonado após seu helicóptero passar por problemas e precisar fazer um pouso forçado na floresta. Aparece em dois capítulos: Train Derailment e Nightmare;
Condenado à morte pelo assassinato de 23 pessoas, o ex-tenente da marinha escapou do veículo que estava o levando para o local da execução, quando foi atacado na floresta. Encontra Rebecca e está presente no capítulo Train Derailment;
Integrante do Alpha Team do S.T.A.R.S., é um excelente franco-atirador. Justiceiro, pretende descobrir quem é o responsável pelas atrocidades na região. Os capítulos que participa são Mansion Incident e Umbrella’s End;
A mestra do desbloqueio, já que é excelente em arrombamentos, é do primeiro Resident Evil. Ela trabalha com Chris na Mansão e tenta escapar de Raccoon City infectada pelo T-Vírus. Está nos capítulos Mansion Incident, Raccoon’s Destruction e Umbrella’s End;
Devia resgatar os sobreviventes da cidade, porém seu interesse maior é encontrar os cientistas de Umbrella. Ele encontra Jill em Raccoon City e ambos precisam escapar da cidade antes que o míssil a atinja e mate todos. Sua única participação é no episódio Raccoon’s Destruction;
Coadjuvante do primeiro Resident Evil, é o comunicador entre a sua equipe, que conta com Rebecca, e o Comando. Umbrella Chronicles explica e mostra como ele foi envenenado pela serpente gigante no capítulo Nightmare;
Era namorada de um pesquisador que trabalhava na Umbrella, porém foi procurá-lo na cidade após ser ocupada. Umbrella Chronicles mostra o verdadeiro interesse de Ada, que era encontrar uma amostra do vírus. Seu único e exclusivo episódio é o Death’s Door;
Velho conhecido, o agente da Umbrella é enviado para Raccoon City para encontrar as amostras do vírus. Porém, enfrenta problemas e precisa salvar a única amostra e entregar para a Corporação. Seu capítulo é o The Fourth Survivor;
Um dos oficiais da Umbrella, se rebelou contra a organização para criar a própria empresa. A virada no enredo mostra a verdadeira face de Wesker e seus verdadeiros interesses. Como este é o único jogo em que é o protagonista, dá as caras nos episódios Beginnings, Mansion Incident, Rebirth e Umbrella’s End.
Rank: A
Ao final de cada episódio, que podem durar aproximadamente e dependendo do seu desempenho, entre 15 e 25 minutos, há uma avaliação. UC avalia o tempo que levou para terminar o estágio, a quantidade de inimigos mortos, Critical Hits (o número de inimigos mortos com um tiro no ponto fraco), o número de objetos destruídos e de arquivos encontrados. Cada item é ranqueado por letras com seu desempenho.
Quem jogou os RE anteriores, não vai ignorar o fato de Rebecca e Billy, Chris e Jill, e a última com Carlos andarem juntos pelos cenário. Isso porque em RE0, RE1 e RE3, cada um segue o seu caminho e não andam juntos. Essa mudança da Capcom foi para impulsionar o modo cooperativo, no qual cada jogador assume o papel de um personagem. Também há algumas falhas, como zumbis transpassando objetos do cenário, loadings desnecessários e detalhes que são estranhos, como o fato de você não ver o seu parceiro na tela, e a falta de enigmas, uma das características da série.
A dificuldade é crescente e os zumbis variam entre lerdos, rápidos, fracos e fortes, fornecendo um fator replay interessante, sempre buscando diferentes caminhos – que você pode escolher em certos momentos – e ranks melhores. Perdeu em algumas coisas, ganhou em outras e de um jeito ou de outro, Resident Evil: The Umbrella Chronicles mantém a qualidade da série e até mesmo quem não jogou nenhum episódio anterior, vai entender o enredo com os documentos e explicações. Indispensável para os fãs e acessível para os novatos. Quer algo melhor do que explodir cabeças de monstros? Caiu na chuva de zumbi, é pra atirar!
Dicas
As Crônicas não podem terminar. aprenda como liberar os episódios especiais:
Beginnings 1 - Termine o Train Derailment 3
Beginnings 2 - Termine o Beginnings 1
Nightmare 1 - Termine o Mansion Incident 1
Nightmare 2 - Termine o Nightmare 1 com Ranking A ou S
Death's Door - Termine o Raccoon's Destruction com Ranking A ou S
Dark Legacy 1 - Termine o End of Umbrella 3
Dark Legacy 2 - Termine o Death's Door
Fourth Survivor - Termine o Dark Legacy 2
Atire sem parar - Quer munição infinita para todas as armas? Então, mostre que é expert em matança de zumbis e consiga Rank S em todos os cenário no modo Hard.
Resident Evil: The Umbrella Chronicles – Nintendo Wii – Nota Final: 8,5Gráficos: 9,0 | Som: 8,0 | Jogabilidade: 8,0 | Diversão: 8,0