Análise: Lost in Shadow (Wii)

em 16/01/2011

Um misterioso mago arranca a sombra de um menino com um golpe de espada. O corpo é abandonado e sua sombra é atirada do alto de uma torre de... (por Rodrigo Trapp em 16/01/2011, via Nintendo Blast)

box_164291-hdUm misterioso mago arranca a sombra de um menino com um golpe de espada. O corpo é abandonado e sua sombra é atirada do alto de uma torre de mais de sessenta andares. Esta sombra é você, e é aí que começa sua aventura em Lost in Shadow, novo título – bastante aguardado- da Hudson Soft, exclusivo para Wii. E o game não chamou a atenção por acaso: apesar de ser mais um jogo de plataforma 2D, Lost in Shadow desde o início prometeu uma dinâmica diferente e original. Cumpriu? É exatamente isso o que veremos agora.

Vá pela sombra!


A ideia central do jogo é realmente incrível: as sombras e a influência da luz sobre elas. Seu personagem deve mover-se somente pelas sombras dos cenários até chegar ao topo da torre de onde foi jogado, para tentar recuperar seu corpo, além é claro de entender o que e porque aconteceu tudo isso. Para tanto, você conta com a ajuda da fadinha Spangle (também sombra e a única conexão que você tem com o “mundo real”). Como durante toda a jornada, você não poderá se movimentar pelo cenário em si, mas somente pelas projeções na parede, muitas vezes será necessário interagir com alguns dispositivos para que isso seja possível.  Em determinados momentos, lâmpadas aparecem na tela e você deve movimenta-las para deslocar a luz e as sombras do lugar de um lado para o outro, ora esticando, ora encolhendo, ou até mesmo mudando a direção da projeção, de acordo com sua necessidade para poder seguir adiante. É interessante salientar que o cenário “real” do jogo é totalmente em 3D, sendo que as sombras pelas quais você se locomove é que são em 2D, o que, a princípio, deveria gerar uma infinidade de ideias interessantes para se trabalhar.

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É uma pena que as inúmeras possibilidades que essa ideia genial traz, não foram totalmente exploradas pela Hudson. Os puzzles acabaram ficando simples demais e, depois de uma certa quantidade de fases que você joga, um tanto repetitivos. É bem verdade que a dificuldade vai aumentando conforme você avança no jogo, mas as formas de resolver os enigmas são sempre muito parecidas. Trancou? Não sabe o que fazer? Não consegue passar para o outro lado? A solução para todos os problemas que você encontrar é praticamente a mesma em todas as situações: aponte o Wii remote para a tela e segure “B”, para localizar, com ajuda da fadinha, algum ponto que brilhe. É o sinal que indica que você poderá interagir com aquela parte do cenário, acionando um mecanismo que irá fazer alguma plataforma girar ou alguma porta se abrir.

Não emagreça demais


Para passar pelos mais de 60 andares da torre, você precisará encontrar, em cada fase, três chaves que liberam a passagem pela barreira final de cada estágio. Se tocar esta barreira antes de coletar os três itens, sua sombra perderá peso e você terá que voltar para buscar as chaves antes de prosseguir. O peso é, na verdade, a energia do seu personagem. Ao longo da jornada, você vai coletando “memórias” que, além de aumentar o seu peso máximo (e consequentemente a sua resistência aos ataques dos inimigos), também dão dicas da história do jogo, que é um tanto quanto misteriosa. É como se alguém (talvez você mesmo) já tivesse passado por ali algum dia e fosse aos poucos lembrando do que estava por vir em seguida. Outra mecânica bem interessante também é a existente nos “Shadow Corridors”, que funcionam mais ou menos como uma fase dentro da fase. Para poder seguir seu caminho, em determinados pontos, você deverá entrar nesses corredores onde a dinâmica do jogo muda um pouco. Além de contar com as tradicionais lâmpadas que podem ser utilizadas para alterar a projeção das sombras, em alguns pontos você poderá girar o cenário em 90 graus para qualquer lado, como forma de gerar novas perspectivas das sombras liberando as passagens necessárias. Só cuidado: um giro errado, e você poderá ser esmagado.

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Outro ponto positivo do game com certeza é o som. Acredito que muita gente vá discordar nessa parte por sentir falta de músicas grandiosas e uma trilha complexa.  Mas o que me chamou a atenção em Lost in Shadow foi justamente o contrário: o som apenas do ambiente deixa o jogo com uma atmosfera muito mais densa. Um suspense que parece que não vai embora nunca. É como se você estivesse sendo sempre observado e qualquer movimento errado fosse percebido. Soma-se a isso, os sons agoniantes que determinados inimigos fazem ao atacá-lo ou ao morrer. Com certeza isso prende bastante a sua atenção em tudo o que está acontecendo.

Não confie nem mesmo em sua sombra…


Por outro lado, os inimigos esquisitões, além de não variarem muito, não são lá um poço de originalidade. Aranhas são as criaturas mais comuns, mas aliens e estrelinhas segurando balões (?!) são outros monstros que você irá encontrar pelo game. Muitas vezes, o que muda é apenas o tamanho de um mesmo inimigo. Quanto maior ele for, obviamente mais forte será e mais difícil será matá-lo. Seu personagem ganha experiência e evolui conforme você vai lutando contra os inimigos, mas de um modo bem simplório, pois a única coisa que muda é a força, visto que quanto maior seu nível menos espadadas será preciso dar em cada inimigo para matá-lo. Além dos inimigos tradicionais, que tem olhos vermelhos e são mortos com simples golpes, seguidamente você irá se deparar com alguns diferentes, com olhos azuis. Esses são imunes aos seus ataques de espada e somente acionando algum mecanismo no cenário, muitas vezes exigindo que você faça algum truque com as sombras é que você conseguirá derrotá-lo.

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Chefes também dão as caras esporadicamente. Este da foto aí embaixo, com mãos e pernas saindo por todos os lados é realmente tão bizarro e assustador quanto parece, exatamente como nós queremos. Ponto pra Hudson.

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Lost In Shadow é um jogo muito bom, com gráficos bonitos, boa jogabilidade e uma ótima ambientação sonora. É diversão garantida por algumas horas, com certeza. Só que infelizmente, pode ser tornar repetitivo demais depois de algum tempo e é bem provável que você não vá querer jogá-lo mais de uma vez. Também fica aquela impressão de que a ideia é muito mais genial do que o jogo em si. Aquela pulguinha que insiste em dizer pra você: “Puxa… mas a Hudson poderia ter explorado melhor esse ideia, que parecia tão boa…”, realmente existe. De qualquer forma, vale conferir.
Lost in Shadow -  Nintendo Wii – Nota Final: 7,5
Gráficos: 7,5 | Som: 8,5 | Jogabilidade 8,0 | Diversão 7,0
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