Análise: The Lord of the Rings: Aragorn's Quest (Wii)

em 18/01/2011

O que aconteceria se você pegasse os filmes da trilogia O Senhor dos Anéis e juntasse com The Legend of Zelda? Não sabe? Experimente jo... (por Rodrigo Estevam em 18/01/2011, via Nintendo Blast)

O que aconteceria se você pegasse os filmes da trilogia O Senhor dos Anéis e juntasse com The Legend of Zelda? Não sabe? Experimente jogar The Lord of the Rings: Aragorn’s Quest, desenvolvido pela Headstrong Games, e descubra.
 

A Busca de Aragorn


Pode parecer engraçado que, quando The Legend of Zelda: Twilight Princess, para Nintendo GameCube, foi lançado, este tenha sido fortemente comparado com os filmes de Peter Jackson. Agora, com o lançamento do novo jogo da franquia d’O Senhor dos Anéis, a situação se inverteu. Veja bem, não estou dizendo que Aragorn’s Quest seja uma cópia de Zelda; o ponto é que há certas similaridades entre os jogos que são mais do que bem -vindas.
The Lord of the Rings: Aragorn’s Quest é um jogo que tem tudo para agradar os fãs da série e aqueles que nunca tiveram qualquer contato com a história criada por J. R. R. Tolkien. No jogo, que se passa quinze anos após o final da história original, Samwise Gamgee se tornou prefeito do Condado, onde mora com sua esposa e filhos. Sam e os demais Hobbits estão preparando uma festa para comemorar a visita do Rei Elessar (também conhecido como Aragorn) às suas terras, e entre uma tarefa e outra, Sam tira alguns minutos de seu tempo para contar a seus filhos as heróicas histórias de Aragorn.
 

Ei, não foi bem assim que aconteceu...

 
O jogo começa com Aragorn em frente aos portões de Mordor, encorajando seus soldados frente ao exército inimigo. A cena termina e você encarna, finalmente, o personagem título do jogo. Legolas, Gimli, Gandalf e o resto do exército lutam bravamente contra as forças de Sauron até que um Balrog aparece e... “espera, não tem Balrog algum nessa parte da história original!” é a primeira coisa que vem à mente de quem leu os livros e/ou assistiu aos filmes. E, de forma inteligente e sutil, esse “erro” nos introduz a Frodo Gamgee e seus irmãos, os filhos de Sam, que brincavam de ser os personagens da Sociedade do Anel. O pequeno Frodo, grande fã de Aragorn e dos demais membros da Sociedade, e conhecedor das histórias contadas por seu pai, corrige sua irmã, que liderava a brincadeira, da mesma forma que um fã “corrigiria” o jogo.

 
Porém, as mudanças não se limitam a isso. Aragorn aparece em cenas às quais não fazia parte na história original, assim como Gandalf, caso esteja jogando com dois jogadores. Essas alterações foram necessárias, visto que Aragorn é o personagem principal da aventura, mas talvez essas pequenas mudanças incomodem um pouco a alguns fãs.

Retornando à Terra-Média


A mecânica do jogo é simples e funcional: você deve passar pelas fases cumprindo os objetivos específicos de cada uma delas. Em algumas situações, determinados itens são necessários para garantir o avanço para a próxima parte da aventura; já em outras, apenas seguir em frente e derrotar os adversários garantirá sua passagem para o próximo estágio. O sistema de quests também é bem simples, chegando a ser um pouco monótono. A maioria das missões consiste em ir falar com algum personagem, buscar algum item/personagem ou derrotar determinado inimigo (ou grupo de inimigos). Esse esquema lembra um pouco as quests de Zelda, só que mais simplificado. E as comparações com Zelda não param por aí. O sistema de batalhas também é bastante parecido com o de Twilight Princess: o botão Z trava a mira e põe o personagem em posição de defesa, sacudir o Wii Remote faz com que Aragorn utilize a espada (com melhor precisão que em Zelda TP, diga-se de passagem), o botão B dispara flechas (quando o arco está equipado) e, sacudir o Nunchuk faz com que Aragorn utilize um dos 4 itens equipáveis nos direcionais: um escudo, uma tocha, um arco e uma lança. Selecionar o escudo e sacudir o Nunchuk, por exemplo, faz com que o personagem dê uma investida contra o inimigo atingindo-o com o escudo.
 
 
Assim como em Zelda, lutar com inimigos não dá experiência. Para ficar mais forte e resistente, o jogador deverá buscar pelos cenários por itens que aumentam o ataque e a defesa, além de ter a possibilidade de equipar artefatos que dão diversos tipos de bônus, que podem ser comprados, recebidos de recompensa após o término de determinadas quests ou, ainda, encontrados escondidos nos cenários. A movimentação dos personagens pelo cenário é livre, inclusive para o segundo jogador (diferente do que havia sido divulgado anteriormente ao lançamento do jogo). Quando em modo cooperativo, o segundo jogador controla exclusivamente o mago Gandalf, que conta com algumas magias de ataque, de suporte e de dano de área. Porém, o movimento dos personagens fica limitado a uma distância máxima entre si, ou seja, se um dos jogadores parar de andar o outro obrigatoriamente para de avançar ao tomar certa distância. Aragorn e Gandalf têm, também, habilidades únicas. O mago, por exemplo, pode quebrar barreiras mágicas, enquanto o personagem-título pode “ler” rastros deixados por inimigos ou outros personagens. Além disso, se você se perder durante o jogo e não souber pra onde ir, basta que o primeiro jogador aperte o botão A e o jogo mostra para que direção seguir.

 
O jogo intercala a aventura principal de Aragorn e os preparativos para a festa no Condado. As fases em que controlamos Frodo Gamgee servem como tutorial, geralmente ensinando a utilizar um determinado item logo antes de uma fase onde Aragorn precisará utilizá-lo. Vale ressaltar que o jogo só fica visivelmente com um ar mais leve enquanto estamos jogando com Frodo, quando tudo tem um tom mais infantil. As fases do Aragorn não chegam a ser sombrias, mas perdem um pouco do ar inocente, tornando o jogo mais adulto e parecido com o que vimos nos filmes. Essa transição entre Frodo (criança) e Aragorn (adulto) também lembra um pouco The Legend of Zelda: Ocarina of Time, de certa forma. Pode parecer uma comparação forçada, mas a sensação é basicamente a mesma, visto que Frodo interpreta Aragorn nos tutoriais.

 
A ambientação do jogo é simplesmente magnífica. Quem assistiu aos filmes vai se sentir, com certeza, como se estivesse participando dos longas-metragens. O Condado está parecidíssimo com o mostrado por Peter Jackson em sua trilogia, assim como Valfenda, o Vilarejo de Bree e as demais localidades por onde o jogo passa. E esse cuidado não foi tomado apenas em relação aos cenários: os personagens têm sua identidade visual baseada nos atores que encarnaram os respectivos papéis nos cinemas, porém de forma um pouco caricata e cartunizada.
 


Os sons também merecem destaque, visto que muitas das músicas da trilha sonora oficial da trilogia lançada nos cinemas estão presentes no jogo. Além disso, a dublagem do jogo ficou ótima, tendo inclusive o ator Sean Astin reprisando seu papel como Sam e muitos dos diálogos foram extraídos dos filmes. Um fato que também merece ser mencionado é que, mesmo o jogo sendo dublado em inglês, há a possibilidade de mudar as legendas para português! E português brasileiro! Isso ajuda e muito a alcançar o público que não entende a língua inglesa podendo, dessa forma, atingir um número maior de jogadores aqui no Brasil.
 

Encarnando Aragorn


Em Aragorn’s Quest o sistema de batalhas é bastante intuitivo. Ao chacoalhar o Wii Remote você pode se sentir realmente empunhando a espada do herói. Os combates acontecem em tempo real, e a cada golpe o HP dos adversários vai diminuindo. Alguns inimigos podem dar mais trabalho por usarem escudos, levando o jogador a usar movimentos de quebra de defesa ou esquivas para acertá-los por trás. Algumas vezes, durante uma batalha, um ícone representando um dos 4 itens equipáveis por Aragorn (Escudo, Arco, Lança e Tocha), ou uma seta indicando alguma direção, vai piscar em cima do inimigo (vide imagem na página anterior); quando isso acontecer, basta equipar o item e utilizá-lo ou balançar o controle remoto na direção exibida na tela para efetuar um ataque crítico. Algumas vezes, certos inimigos apenas receberão dano se atacados com determinada arma e no local indicado, o que aumenta um pouco o grau de dificuldade e te faz sentir realmente inserido no mundo do jogo. Afinal, seria bem chato se fosse fácil lutar contra um Balrog.
 
Infelizmente apenas Aragorn e Gandalf são personagens jogáveis, e sempre o primeiro jogador encarnará Passolargo, enquanto o segundo assumirá o controle do Mago. Não há possibilidade de troca, assim como não é possível jogar como Gandalf, por exemplo, quando em modo Single Player. Porém, durante o jogo há partes onde Aragorn é auxiliado em sua jornada por alguns companheiros. Apesar de não controláveis, estes não são nem um pouco inúteis. Gimli, Legolas, Boromir e os demais personagens que farão parte do grupo de Aragorn o ajudam lutando contra os monstros que eventualmente cruzam o caminho dos guerreiros.
 
 
O arsenal dos personagens vai mudando conforme o jogo avança. Aragorn, por exemplo, começa o jogo com uma espada simples, mas logo recebe Andúril, a espada que pertenceu àquele que um dia tirou de Sauron o Um Anel e o derrotou. De posse dessa espada, Passolargo pode desferir ataques mais poderosos que causam dano bastante alto (o que, convenhamos, ajuda bastante contra aquele Uruk-hai que parece que não vai morrer nunca ou contra um grupo de Trolls que te atacam num momento crítico).
 
The Lord of the Rings: Aragorn’s Quest não inova, mas agrada. Mata as saudades de quem é fã e apresenta a história de forma muito inteligente àqueles que estão tendo seu primeiro contato com a trilogia de Tolkien.

The Lord of the Rings: Aragorn's Quest – Nintendo Wii – Nota Final: 8,5
Gráficos: 8,0 | Som: 9,0 | Jogabilidade: 9,0 | Diversão 8,0
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