O jeitão Final Fantasy, a efusividade do universo Disney, o cuidado com cada detalhe, o roteiro rico e denso. São muitos os motivos que fizeram da série Kingdom Hearts o sucesso que é hoje. Depois de 358/2 Days, o DS ganha seu segundo game, uma versão melhorada do único jogo da franquia lançado para celulares. É essa aventura que você confere em detalhes nas próximas páginas.
Kingdom Hearts não é pra qualquer um. Mesmo lá no início, a complexidade do enredo, a jogabilidade contestável e a riqueza de detalhes de seu sistema de batalha transformaram a série em um nicho específico, voltado exclusivamente para quem realmente gosta do gênero. Na medida em que essa complexidade foi aumentando, cada vez foi ficando mais difícil acompanhar cada detalhe da trama e de seus minuciosos detalhes.
Lançado exclusivamente para celulares japoneses, Kingdom Hearts: coded foi o único spin-off que até então tinha ficado completamente restrito ao mercado nipônico. Foi então que a Square Enix anunciou a produção de um remake do título para o Nintendo DS, recheado de novidades e com um esmero incrível em cada detalhe. Intitulado Kingdom Hearts Re:coded, o game foi lançado em outubro no Japão, com relativo sucesso.
Um elo de ligação
Re:coded se passa exatamente logo após os acontecimentos do segundo game da série principal. Na história, Jiminy Cricket (o Grilo Falante) retornou ao Disney Castle para organizar as anotações que ele havia feito em páginas de um diário. Lá, ele encontra uma frase misteriosa, que o instigou – juntamente com King Mickey – a investigar a origem, o motivo e o significado de tal afirmação. Para realizar esse processo, King Mickey digitaliza as páginas do diário, criando localidades novas (e outras bem conhecidas) para que o jogador explore. Essas localidades são,
digamos assim, “virtuais”. Na pele da versão virtual de Sora, o jogador deve destruir os bugs presentes nos mundos virtuais decorrentes do diário, contando com a ajuda de vários personagens do universo Disney.
Esses “bugs” são espécies de blocos (vermelhos e pretos) espalhados por todo o mundo. Além de destruir inimigos dos mais diversos tipos, o jogador ainda terá que eliminar esses blocos. A trama, apesar de paralela, fornece algumas respostas para acontecimentos de outros títulos da série – um prato cheio para aqueles fãs que gostam de se ater a cada um dos pequenos detalhes.
Kingdom Hearts até o fim
Re:coded pouco alterou a fórmula presente em outros games da série Kingdom Hearts. Usando o mesmo esquema de RPG de ação com batalhas em tempo real, Re:coded ainda possui elementos vindos de Birth by Sleep, lançado esse ano para o PSP. A principal adição vinda de lá é o sistema Command Matrix, que adiciona um esquema bastante interessante de possibilidades e funcionalidades.
O esquema de controles é bem simples. Os ataques normais do jogador realizados com a Keyblade são feitas com o botão A, enquanto comandos especiais, como Strike Raid e Fire são utilizados com o botão X. Ao pressionar o botão L, você pode percorrer o seu Commands. Sora também pode realizar comandos como Dodge Roll e Reflect Guard com o botão Y.
Ao causar danos em inimigos, um indicador na tela, o Overclock, se enche. Quando completamente cheio, ele passa a um nível acima, liberando uma habilidade especial que pode ser utilizada pelo jogador. Se você continuar derrotando inimigos, o marcador continua se enchendo, até atingir o “Nivel Max”. Nesse momento é possível desferir um golpe especial – ideal para chefes e inimigos mais fortes. Vale lembrar que novas habilidades do tipo são liberadas conforme o jogador atualiza a sua Keyblade e conforme ganha níveis ao derrotar os Heartless.
Outro mecanismo interessante são os SPs. Na sua jornada existem alguns lugares específicos onde será necessário superar longas quests. Nessas aventuras, ao se derrotar blocos e Heartless, o jogador é “premiado” com uma quantidade de SPs. Se você for atingido por inimigos, perderá parte do que conquistou. Ao chegar ao fim do labirinto, será possível trocar esses SPs por itens raros e até mesmo novos Commands.
Comandos até dizer chega!
Vinda diretamente de Kingdom Hearts: Birth by Sleep, a Command Matrix é onde o jogador “instala” as habilidades especiais conseguidas durante a aventura principal. Com a instalação de um comando, você pode complementálo com outra habilidade, produzindo efeitos diferentes. Também é possível combinar duas habilidades para criar uma terceira habilidade completamente nova. Conforme o jogador avança, mais opções de combinação são instituídas – por isso nada de pensar que vai poder fazer combinações mirabolantes logo no início do game.
Um mundo de possibilidades
Em Re:coded, a Square Enix promete uma variedade bem interessante de jogabilidade – fugindo um pouco do esquema preso e repetitivo de 358/2 Days. Embora aqui nenhum mundo Disney inédito apareça, eles ganharam em alguns momentos uma roupagem diferenciada. Um exemplo claro disso é a Traverse Town, por exemplo, que possui fases em side-scrolling, semelhante a Super Mario Bros. Wonderland possui um esquema meio game de tiro e o Olympus Coliseum possui batalhas por turnos.
É interessante que a mudança de perspectiva às vezes acontece dentro de uma mesma fase. Não é incomum que a câmera mude rapidamente de posição, forçando o jogador a continuar mantendo a atenção. Outro momento interessante são os momentos virtuais, onde Sora está em locais parecidos com os vistos no filme Matrix. Nessas localidades, o game ganha ares de games de plataforma, sendo necessário pular com precisão e paciência. Algo que demanda além de um pouco de prática, muito foco. Com isso, é esperado que a jornada canse um pouco menos do que usualmente acontece em um Kingdom Hearts.
Seja o que você quiser ser
Kingdom Hearts Re:coded possui um sistema bem interessante para que o jogador possa definir o futuro do personagem principal, Sora. O sistema, conhecido como Matrix, permite que o jogador direcione em uma matriz as estatísticas e características de Sora – um esquema bem parecido com a Sphere Grid de Final Fantasy X. Ao subir um nível, o jogador também ganha um nível no painel, bem parecido com o que acontecia em Kingdom Hearts 358 / 2 Days. De acordo com os caminhos tomados na matriz, o personagem principal pode ganhar habilidades diferenciadas, ampliando a gama de possibilidades dentro da jogabilidade. Conforme o game avança, a matriz se torna mais complexa e permite mais opções diferentes – por isso é preciso ficar atento para não perder nada de importante para o seu estilo de batalhar.
Outro ponto interessante é que Re:coded, possui um sistema interessante que permite a troca de partes de avatar e uma espécie de tag mode. Detalhes sobre o sistema são escassos, mas sabe-se que o game possui 800 partes para o seu avatar, algumas sendo raras. Além disso, Re:coded pega vários elementos de Birth by Sleep (PSP), incluindo um sistema de troféus. Aqui, será possível encontrar cerca de 30 troféus, sendo que ao conseguir novos troféus o game recompensa o jogador com novidades, como um vídeo secreto com detalhes da trama.
Visualmente, o game é muito acima da média do que estamos acostumados a ver no DS. Embora as cenas em CG tenham sido substituídas por cenas com pouca movimentação, na prática isso não muda muita coisa. É possível perceber que
os inimigos, personagens e cenários possuem uma gama de detalhes muito grandes. A verdade é que Re:coded parece mais limpo e fluido do que 358/2 Days, mostrando que a Square Enix caprichou nos detalhes. Vale a pena ficar de olho, já que Kingdom Hearts Re:coded chega ao mercado americano no dia 11/01/2011.