Os anos se passam, mas há coisas que nem mesmo décadas e novos consoles e jogos conseguem mudar: a clássica jornada do bigodudo Mario atrás da donzela sequestrada. Hoje em dia, quase sempre temos o Bowser raptando a princesa Peach, mas nem sempre foi assim. Talvez você não se lembre (ou nem mesmo fosse nascido nesta época), mas há muito tempo atrás, precisamente em 1981, um homenzinho não muito maior do que um pixel percorria cenários verticais para resgatar uma donzela do macacão que emprestava seu nome para o título do arcade: Donkey Kong.Este herói ficou conhecido como Mario (antigo Jumpman) e a donzela hoje responde pelo nome de Pauline. O tempo passou, a jornada tornou-se mais horizontal do que vertical (a jogabilidade passou a ser em side-scrolling) e os perigos foram mudando, assim como as princesas. Bowser assumiu o lugar do macacão, que ganhou sua própria série, e a Princesa Peach passou a ser sequestrada no lugar da Pauline, que até hoje não sabe o que fazer da vida. Eis que a Nintendo decide dar um novo gás ao clássico arcade Donkey Kong, com uma cara nova, mas com elementos e personagens tradicionais! Chegou o quarto game da série Mario vs. Donkey Kong, vamos dar uma olhada em Mini-Land Mayhem para o DS!
Muita coisa mudou desde que o primeiro jogo da série Mario vs. Donkey Kong estreou no Game Boy, baseado no clássico arcade Donkey Kong. O foco tornou-se os puzzles e o raciocínio rápido. Os capítulos anteriores, que foram do Game Boy ao Nintendo DSi, passando pelo GBA, trouxeram horas de diversão, mas o atual Mini-Land Mayhem promete ainda mais!
Avante, Mini-Marios!
Se você salva princesas desde o milênio passado e continua fazendo isso até mesmo entre viagens intergalácticas, deve saber qual é a crise do Mario. Cansado de sucessivas disputas pela donzela, Mario decide mandar seus Mini-Marios resgatarem sua namorada Pauline em seu lugar. Pra onde foi o cavalheirismo? Enfim, a nova batalha entre o Mario e Donkey Kong desta vez não muda muito em relação aos seus predecessores, uma nova mecânica aqui ou ali e a adição de um sistema de criação de fases para distribuição online. Se você quiser ficar com apenas esta afirmação, tudo bem, mas meu intuito aqui é analisar de cabo a rabo este jogo, que não inova, mas diverte!O objetivo é o mesmo: levar cada um dos bonequinhos (que vão de Mini-Mario a Mini-Peach, que não parece ter qualquer tipo de ciúme da Pauline) até sua porta correspondente e assim continuar a jornada. No entanto, os bonequinhos são desgovernados, você não tem controle sobre eles, não é à toa que são bonecos de dar corda. A stylus é seu meio intermediário de contato com o jogo, afinal, não se usa quase botão algum no game. Quando você toca a stylus num Mini-Mario, ele começa a seguir em frente com movimentos mecânicos muito bem animados. O que pode para-lo? Sua vontade não, mas a hostilidade de espinhos, inimigos e bolas de fogo, sim. Não preciso dizer que você deve evitar ter seus soldadinhos destruídos, para isso deve construir plataformas e posicionar objetos para que eles cheguem à porta em segurança. Simples? Talvez, mas absolutamente funcional. É como estar por trás de um estágio de Super Mario Bros., afinal, você precisa posicionar plataformas no lugar certo para avançar, exatamente o que um designer do jogo deve fazer no processo de criação das fases. Cada puzzle é inteligente e requer de você um raciocínio diferente, mas nada muito difícil. É, talvez você se queixe da falta de dificuldade do jogo, mas acredite, desbloquear fases extras e caçar moedas e cartões colecionáveis é onde mora o verdadeiro desafio do game. No mais, não espere nada absurdamente difícil, eu vejo Mini-Land Mayhem como um passa-tempo para as horas vagas, mas, mesmo assim, um jogo muito acima da média.
Mesmice? Nunca!
Um dos pontos que me agradou muito no jogo foi a forma criativa como o game consegue quebrar a monotonia, ponto fraco de qualquer coletânea de enigmas. Cada puzzle do jogo, como já dito, requer um raciocínio único, o que faz com que você sempre abra a cabeça para soluções diferentes, afinal, o número de itens que podem ser posicionados é limitado. Cada um dos oito mundos do jogo introduz novos itens, desde um pula-pula até um clássico cano verde transportador, o que inclui esteiras e escadas também, logo, a dificuldade também vai aumentando a partir do momento em que mais e mais ferramentas de jogo vão se somando. O mesmo pode se dizer dos novos tipos de brinquedos que vão sendo inseridos, como o Mini-Toad e a Mini-Peach e um brinquedão do Donkey Kong, cada um com suas particularidades. Este estilo de progressão garante uma experiência diversificada a cada novo mundo, o que aumenta a sua curiosidade quanto ao próximo estágio, um bom incentivo para continuar jogando.Mas é o estágio final de cada mundo que apresenta a suprema quebra na repetição do jogo. Depois de uma série de enigmas, você tem uma oportunidade de quebrar a cara do Donkey Kong, que sempre arranja um jeito de fugir para o próximo mundo antes do golpe final, como de praxe. Mas é interessante cada tentativa de derrubar o macacão, pois elas garantem um estágio repleto de ação e muito mais parecido com as batalhas clássicas de Mario contra DK nos arcades. Você passará cada fase do jogo com uma grande expectativa quando à batalha final do mundo em que está, e o jogo consegue fisgar bem essa expectativa para viciá-lo ainda mais no game. Os mini-games extras também são muito divertidos, e requerem que você conclua os estágios colecionando os itens secretos para serem desbloqueados.
Há outras mecânicas de jogo que também rompem com a repetição, mas é muito melhor deixar essa experiência para que você descubra sozinho. Eu garanto: todas são muito inteligentes e divertidas!
Faça você mesmo!
É incrível como os jogos estão se tornando cada vez mais “customizáveis”. Dragon Quest IX (DS), por exemplo, dispõe de uma vasta coletânea de roupas, armas e acessórios para personalizar seus heróis. Mas há games também feitos essencialmente para a criação do jogador, como Flip Note Studio (DSiWare) e Wario Ware D.I.Y (DS), e estou feliz em dizer que Mini-Land Mayhem entra para este seleto grupo de obras-primas. Há um editor de fases presente no game que permite muitas criações, a qualidade de cada estágio criado depende unicamente da habilidade e criatividade do jogador. Há um leque de elementos que podem ser postos em suas criações para dificultar ainda mais a vida do infeliz que for jogá-las.
E o melhor: tudo pode ser dividido entre outros jogadores ao redor do mundo, e não ficar entocado no seu DS esperando a hora de você mostrar a um ou outro amigo. A própria Nintendo disponibilizará concursos para os jogadores, o que incentiva ainda mais o árduo trabalho em planejar e construir estágios. Quando se aprende as mecânicas de jogo e fica craque no construtor de fases, a ferramenta de criação torna-se um grande diferencial, mais um fator replay!
Fofamente divertido
Jogo de Mario que se preze precisa ter aquele inconfundível visual fofo. Mini-Land Mayhem é exatamente assim classificado, como um game bonito e com um visual 2D muito bem trabalhado. Cada elemento do jogo tem todo um esforço de cada design por trás, e as animações são igualmente belas. Todo o cenário e os personagens fluem muito bem, é uma harmonia agradável que adiciona mais um motivo para se jogar este jogo. O interessante também são as músicas de outros jogos de Mario muito bem refeitas para Mini-Land Mayhem. Você reconhecerá temas de Super Mario Bros. e Super Mario World, até mesmo as músicas temas dos jogos do Donkey Kong figuram, como canções de Donkey Kong Country e do próprio arcade Donkey Kong. Efeitos sonoros como os sons que os bonequinhos emitem ao chegarem à porta ou serem acionados e a voz do Mario quando você fecha ou abre o DS são imperdíveis. Não é preciso dizer que cenários, personagens e itens são marcas tradicionais de um jogo de Mario. Você verá as paisagens do Reino do Cogumelo e mansões assombradas do Boo como nos velhos tempos. A coletânea de personagens também é bem tradicional, não é á toa que inclui a Pauline como donzela a ser resgatada, após anos de esquecimento. E os itens incluem canos, plataformas e moedas aparecem ao estilo de qualquer game do Mario. E o melhor? Clássico ou novo, tudo é absolutamente bem feito e animado!
Em suma, Mini-Land Mayhem é o melhor dos games da série Mario vs. Donkey Kong. Ele consegue dar uma cara nova ao clássico duelo entre Mario e DK, mas nada que nenhum outro jogo da série não tenha feito. Não leve o jogo a mal, mas se você já jogou algum outro da franquia, não verá muita diferença. No entanto, a fórmula, apesar de ser a mesma, não deixa de ser boa, e os enigmas a usam de forma ímpar. Pense no xadrez: é um jogo de raciocínio que usa a mesma fórmula desde que foi criado, mas o que o torna único é a singularidade de cada partida. A mesma lógica se aplica a Mini-Land Mayhem, o que não anula por completo a falta de inovação. A dificuldade, por sua vez, não é lá o forte do jogo. Muitas vezes você se sente jogando um jogo para crianças, e até mesmo as fases mais complicadas não requerem muitas tentativas para serem superadas. É preciso literalmente caçar o desafio do jogo, e isto consiste em ir atrás de fases espaciais e colecionar moedas e itens extras das fases. No entanto, a facilidade é parcialmente mascarada pela arte do jogo, que é muito bem trabalhada. O modo como a mesmice é quebrada também é interessante, principalmente nas lutas contra os chefões. Enfim, é um jogo bom, um puzzle agradável e com detalhes levados a sério, mas não um game espetacular e que deve estar na estante de qualquer jogador. Minha recomendação? Se quer um passa-tempo ou se tem um interesse em criar suas próprias fases, é algo mais do que recomendado!
Mario vs. Donkey Kong: Mini-Land Mayhem! – DS – Nota Final: 8,0Gráficos: 9,0 | Sons: 9,0 | Jogabilidade: 8,5 | Diversão: 8,5