Me desculpem abrir lugar aqui para algo tão pessoal, mas creio que essa discussão é importante e pode render opiniões relevantes para uma possível (e porque não dizer provável) mudança na maneira como os reviews, análises e críticas relacionadas aos games são realizados/as por seus determinados responsáveis.
Primeiramente, cabe uma contextualização.
A ideia desse post surgiu como um dos resultados do meu Trabalho de Conclusão de Curso, entregue na última terça-feira e que será defendido no próximo dia 22. Durante a correção final do texto, meu orientador, Beto della Santa, leigo no assunto, pediu pra que eu detalhasse um pouco como era o papel do crítico de games, quais as particularidades e especificidades de quem escrevia sobre isso.
Após alguns comentários, nós chegamos a uma conclusão meio preocupante: as análises de games são quase que totalmente técnicas. Essa conclusão preliminar acabou frustrando meu orientador, um cara sempre muito preocupado em avaliar as possíveis relações sociais presentes e que não conhece lá muito da atividade laboral de quem escreve sobre games.
Pensando um pouco, é fácil perceber isso. Avaliamos a capacidade gráfica, nos preocupamos com o som, com a qualidade (também técnica) das trilhas, avaliamos a capacidade de programação, os controles com boa resposta, os modos de jogo bem acabados, os cenários bem trabalhados… e assim concedemos lá no fim uma pontuação, conseguida após se levar em consideração esses aspectos.
A sensação que dá é que damos mais crédito ao que o game parece ser do que o que realmente ele é. É estranho pensarmos isso, mas raramente os críticos escrevem sobre experiências mais profundas que tiveram com esse ou aquele game ou sobre os ganhos cognitivos, culturais ou subjetivos que foram alcançados pelo jogador. O que acaba sendo escondido pelos críticos é o sentido pessoal que o ato de jogar videogame possui. Assim, embora o jogar sempre tenha exercido papel importante na história humana- onde o homem foi vivendo as atividades lúdicas como um elemento importante do seu cotidiano – parece que na verdade os games estão presentes como um simples elemento para ocupar o tempo do lazer.
No meu TCC eu abordei um pouco do processo de identificação do jogador com o seu Avatar. Como conclusão, entendemos que o Avatar acaba tendo com o próprio ser humano uma relação para além da tela, nos revelando uma espécie de ser humano desencantado com sua própria imagem perante ao mundo, trabalhando assim, de forma decisiva, para a construção de uma nova imagem própria, que embora só possa ser vivida em um ambiente virtual, possui suas particularidades e “vida própria”. Assim, foi possível perceber um aspecto para além da parte técnica.
Agora, gostaria de saber a opinião de vocês. Será que não está na hora dos reviews procurarem responder aos questionamentos desse universo ao invés de se preocupar com questões estritamente técnicas? Será que já não é hora de pensarmos em novos mecanismos de análise e interpretação da produção da indústria dos videogames e, mais que isso, nos impactos que determinados lançamentos podem possuir na sociedade?
O que vocês pensam a respeito?
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Estaria a vivência do jogador fora das críticas/ reviews de jogos?
Por
Gustavo Assumpção
em 12/11/2010
Me desculpem abrir lugar aqui para algo tão pessoal, mas creio que essa discussão é importante e pode render opiniões relevantes para uma po... (por Gustavo Assumpção em 12/11/2010, via Nintendo Blast)
Gustavo Assumpção
Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.
Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.