Que você está por dentro das demonstrações iniciais do 3DS, é claro que está. Mas será que se lembra do primeiro anúncio do DS? Já faz um bom tempo desde que a Nintendo apresentou pela primeira vez o que seria o Nintendo DS na E3 de 2004 e, 6 anos após o sucesso do portátil de duas telas, a BigN nos enche os olhos com o Nintendo 3DS. Que tal comparar as primeiras demonstrações dos dois portáteis? Relembrar a época em que a Nintendo estava brilhando com o Game Boy Advance e decidiu se aventurar com o DS e pôr em uma feroz luta com o seu mais novo sucessor. E ai? Qual o mais bombástico? Duas telas, sendo uma sensível ao toque, ou um portátil 3D sem a necessidade de óculos? E qual a melhor line up inicial? Qual dos dois foi envolto em um maior número de rumores? Junte-se a nós nesse duelo!
Primeiro Anúncio
Nintendo DS: Perto do primeiro protótipo do Nintendo DS, o DSi parece uma relíquia. Na E3 de 2004, quando Reggie Fils-Aime e Satoru Iwata apresentaram o primeiro DS, os gritos da platéia mais pareciam com uma forma de não deixar as duas grandes figuras da Nintendo sem graça. A recepção ficou mais pelas funcionalidades do DS, por que esteticamente ele estava abaixo do GBA, como você vê pela imagem ao lado. Além de grandão e estranho, era pesado. Até o lançamento, muita coisa mudou e nós recebemos um produto bem acabado, embora só tenha ficado totalmente finalizado posteriormente, com o sucessivo lançamento das versões Lite e DSi.A line up também não foi tão impressionante, praticamente a Nintendo carregou boa parte do estouro de vendas. Mas, mesmo com todas as falhas, a recepção foi mais do que positiva e fez com que o DS se tornasse uma muralha capaz de minimizar o sucesso de qualquer outro portátil concorrente, incluindo o PSP, que gozava de seu poder técnico vezes superior ao DS. No entanto, a proposta inicial do Nintendo DS estava longe de ser o que realmente se concretizou. A idéia era criar um terceiro pilar, capaz de se igualar ao GBA e ao Game Cube, mas, com o tempo, o DS engoliu o último resquício da família Game Boy e percorre um brilhante caminho hoje com o Wii. O que o próprio Iwata disse na época mostra que a proposta inicial não é o que vemos hoje “Nós desenvolvemos o Nintendo DS baseado num conceito totalmente diferente dos video-games hoje existentes para promover aos jogadores uma experiência única de entretenimento no século 21.”. Basicamente, o DS não foi criado para ser o portátil da época, mas também não para ser uma mera versão de luxo do GBA, mas um portátil, na medida do possível, independente. O primeiro portátil não era a coisa mais bonita da época, mas suas funcionalidades e poderio técnico acima de um Nintendo 64 agradaram muito.
Nintendo 3DS: Depois de rumores conturbados e informações vazadas, a Nintendo estoura a E3 de 2010 com seu mais novo portátil: o Nintendo 3DS. É fato que o aparelho conseguiu evoluir muito em seu primeiro anúncio em relação ao DS. O primeiro protótipo mostrado não mudou muito desde a primeira imagem, somente o Slide Pad mudou de cor e ganhou uma maior superfície de deslizamento. Garantir uma imagem sólida do seu video-game é algo chave no marketing, e a Nintendo acertou em cheio com seu portátil 3D. Isso se deve, claro, ao design muito parecido com o DS. As funcionalidades do portátil também agradaram bastante, sobretudo o uso do efeito visual 3D sem o uso de óculos. a linha de jogos em produção para o 3DS foi algo sobrenatural, responsável por trazer a atenção de vários jogadores de todos os tipos para o 3DS. Diferentemente do DS, o 3DS veio com uma proposta fixa de ser o sucessor do DS e, quando a hora chegar, o substituir por completo. E não só uma simples substituição, mas algo substancial e realmente necessário ao mundo dos games, como bem explica o presidente da Nintendo, Satoru Iwata "Sim, a evolução natural do Nintendo DS precisará contar com gráficos de alta resolução, além de incluir algum tipo de sensor de movimento. Esses são requisitos básicos, no entanto vocês acreditam que isto seria suficiente para fazer dele um sucesso?" Com uma leva de jogadores fissurados no DS, um visual lindo e uma proposta direta, o 3DS cativou a todos já em seu anúncio inicial e já está no topo da lista de “Do Want” de todo o mundo.
Vencedor: Nintendo 3DS
Inovação
Nintendo DS: O DS veio a tona como um novo paradigma para a indústria de video-games, como bem disse Satoru Iwata na época das primeiras demonstrações "Esse [DS] será um aparelho único, assim, nem todos o entenderão logo de primeira. Haviam cerca de 10 a 15 pessoas aplaudindo durante a E3, mas eles entenderão quando o ‘tocarem’ […]’’. Realmente, o DS tinha uma proposta bacana e inovadora, visto pela sua propaganda de marketing: “Tocar é legal”. Talvez você esteja ai se perguntando por que é tão revolucionário, visto que hoje até o microondas tem tela sensível ao toque, mas, há 6 anos atrás, uma touchscreen era algo inovador. A Nintendo soube usar muito bem esse novo tipo de tela incorporando-a ao DS e, além dela, uma tela superior comum. O uso de duas telas parecia ser algo estranho, nem todos se lembravam que isso já tinha dado certo antes (vide o Game&Wacht), e que merecia realmente ser testado para dar certo. Mas, acredite, a line up incial do DS mostrava bem como poderia ser usadas as telas. Brincar com cachorrinhos virtuais usando a stylus, riscar até não poder mais com Wario Ware Touched! e, obviamente, duas telas abriram novas facilidades para jogos de RPG: enquanto a ação rolava em uma das telas, a outra mostrava status e informações do jogo sem precisar apertar o botão START e pausar o jogo para consultar os menus. A conexão a internet e multiplayer local sem fios também mostrava-se algo benéfico e revolucionário para os portáteis. O próprio Reggie fez a brincadeira dizendo que não era “online”, mas sim “no line” (sem fios). Assim como o uso de um microfone sem necessidade de acessórios vendidos separadamente e o aumento no número de botões de ação de 2 (A+B) para 4 (A+B+X+Y) melhoraram bastante o gameplay. No entanto, a primeira demonstração do DS não possuíam uma direcional analógico, e isso não foi consertado até o lançamento, gerando problemas para games em três dimensões.
Nintendo 3DS: Ok, telas sensíveis ao toques já são mais comuns do que durex, o que realmente vale investir é no 3D. Provavelmente foi nisso que a BigN pensou quando nos apresentou seu Nintendo 3DS. Nas atuais circunstâncias, tudo o que é 3D parece ser algo do futuro, mesmo que a tecnologia esteja se tornando cada vez mais comum e, quem sabe, não demorará muito até o visor da máquina de lavar estar integrado na tendência. O 3DS é poderoso, um passo a cima do DS, se equiparando (ou até superando) o Game Cube e seguindo a ordem de avanços técnicos entre consoles de mesa e portáteis (Game Boy/Color com poder de um NES, Game Boy Advance equiparando-se ao SNES e DS no patamar do Nintendo 64). As próprias palavras de Iwata demonstram isso: “Nós não queremos que os desenvolvedores achem que eles não poderão desenvolver títulos para os consoles da Nintendo por causa de especificações técnicas”. E é o que realmente vemos, muitos jogos considerados hardcores e que nem as caras deram no DS estão aportando no 3DS, como Super Street Fighter IV e Metal Gear Solid. E a que se deve isso? Além do poder gráfico, o 3DS pode mostrar imagens em três dimensões sem o desconforto de óculos. Tal capacidade era esperado no video-games, mas o 3DS foi o primeiro a implementá-la de forma funcional. Os games terão mais profundidade, será mais fácil perceber as diferenças em jogos com mecânicas tridimensionais e efeitos visuais poderão saltar para fora da tela de forma espetacular. O anúncio da câmera capaz de reconhecer bem o rosto, a realidade aumentada, a função multi-tarefa e, é claro, o implemento de um direcional analógico (Slide-Pad) agradaram muito!
Empate
Line Up inicial
Nintendo DS: Ok, o DS se saiu bem em suas primeiras demonstrações quanto ao implemento da tela sensível ao toque, microfone, maior número de botões e tudo aquilo que você já sabe só de ligar o seu próprio DS e curtir seus jogos. Bem, talvez você ame os games do DS, até por que são muito bons, mas não foi exatamente ótimo que o DS se saiu em sua line up inicial. Praticamente a Nintendo carregou em suas costas os títulos de lançamento, tendo seu cargo dividido com empresas terceirizadas somente quando elas viram o potencial do DS, o que ocorreu no futuro. Wario Ware Touched! mostrou como é divertido usar a stylus para brincar no DS, Super Mario 64 DS demonstrou a evolução técnica do aparelho ao reler um game fenomenal do Nintedo 64, Nintendogs mostrou ser um paraíso para quem ama um Tamagochi e Metroid Prime Hunters colocou um padrão para os shooters do DS ao usar a tela sensível ao toque como perfeito “emulador” de um direcional analógico. O desenvolvimento de jogos no DS evoluiu muito, mas o começo foi muito morno, apesar das pérolas, quase todas vindas das mãos da BigN. As múltiplas funcionalidades do aparelho, a conectividade sem fios e online e muitas outras formas de interação com os jogos possibilitaram grande exploração dos recursos do DS.
Nintendo 3DS: Quando o assunto é game, o 3DS maravilhou a todos com sua primeira lista de jogos. Franquias clássicas, jogos inteiramente novos, tudo o que se pode imaginar está sendo produzido para o aparelhinho da Nintendo. E, ao que parece, a qualidade técnica e criativa de cada um é impressionante. Do lado da Nintendo temos Kid Icarus Uprising, Mario Kart, Paper Mario, Nintendogs+cats, Pilotwings e muito mais, sem falar nos brilhantes remakes de Ocarina of Time e Star Fox 64. Mas as empresas terceirizadas não decepcionaram nem um pouco neste quesito, a maioria delas nos apresentou suas melhores cartas na manga quanto o assunto é o nosso querido 3DS. Professor Layton chega ao portátil com mais um capítulo: Mask of the Miracle. Super Street Fighter IV 3D Edition e Dead or Alive: Dimensions mostram como lutas emocionantes podem tomar conta do 3DS. Metal Gear Solid traz gráficos lindos e tudo o que nunca pudemos apreciar no DS. Resident Evil vem em 3D para mostrar como o terror pode dominar o portátil da Nintendo. Não como negar que os jogos anunciados até agora são verdadeiras obras de arte e um sonho de consumo para qualquer tipo de jogador. Os games que virão para o Virtual Portátil e 3DSWare também nos trarão grandes surpresas.
Vencedor: Nintendo 3DS
Vencedor
Por 3x1, o Nintendo 3DS vence seu antecessor, o Nintendo DS. Tela sensível ao toque ou uma LCD capaz de gerar o efeito visual 3D? A batalha é feroz, mas enfim temos um vencedor. O DS teve um anúncio meio morno e chegou com cara de quem não quer nada, apesar da revolução que foi, e ainda é, em sua vida, mas o 3DS vem desde o início com a proposta de derrubar tudo aquilo que já jogamos e nos apresentar algo maravilhoso. E o que fazer até essa relíquia chegar em nossas mãos? Curtir o nosso querido DS, que ainda está longe de morrer!