Nintendo Chronicle #10: A consolidação no mercado dos portáteis com o GBA

em 05/09/2010

(por Jones Oliveira em 05/09/2010, via Nintendo Blast)

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No último encontro na nossa coluna Nintendo Chronicle, vimos mais um ponto importantíssimo da história da Nintendo – o lançamento do Game Boy Color, o primeiro portátil colorido da plataforma. O Color conseguiu suceder com maestria o famosíssimo, porém sem fôlego, Game Boy, que teve seu lançamento em 1989. Porém, a grossas vistas, o Game Boy Color apenas trouxe modestas atualizações de hardware com relação ao seu antecessor. Ainda havia muito o que ser melhorado, e bastante mercado a ser conquistado.

gameboy-glacierQuem acompanha a coluna sabe que a história da Nintendo está intrinsecamente ligada a revolução e pioneirismo. Se falarmos de consoles portáteis, aí é que essa relação fica mais forte. O Game Boy foi o primeiro console portátil realmente portátil e que caiu no gosto do povão. O Game Boy Color foi o primeiro portátil colorido da plataforma e continuou a conquista de mercado que fora iniciada em 1989 pelo seu antecessor. Passados dois anos do seu lançamento, a Nintendo percebeu que a plataforma necessitava evoluir, precisava, novamente, quebrar paradigmas.

E foi assim que, no final de 2000, a Nintendo anunciou o Game Boy Advance na Spaceworld 2000 em Tóquio. Diferente de todos os portáteis lançados até a época, o GBA, como ficou conhecido popularmente, foi o primeiro da plataforma a ter seu design orientado horizontalmente e uma tela de 2.9 polegadas que nos remete vagamente às populares telas widescreens. Os botões, que anteriormente ficavam abaixo da tela, agora se apresentavam ao lado dela. O GBA também foi o primeiro a trazer os botões L e R na parte superior. Como de costume, os entusiastas mal poderiam esperar para ver o console funcionando.

20010613hA espera não demorou muito e poucos meses depois, em março de 2001, o GBA chegava às prateleiras japonesas. Com o portátil em mãos, os jogadores perceberam não só que o novo formato proporcionava uma gostosa experiência de jogo, mas também que houvera uma melhoria significativa dos gráficos em relação ao antecessor. Os jogadores agora tinham em suas mãos um portátil com processador de 32-bit rodando a 16,8 Mhz  (17 vezes mais rápido que o Game Boy Color!) capaz de executar gráficos 3D simples. Mais do que isso, a nova tela, com 240 x 160 pixels, era capaz de reproduzir mais de 32.700 cores simultaneamente! Um arraso!

Porém, o que foi um fator de sucesso pra o GBA, talvez pudesse ser um fator decisivo para alguém não comprá-lo – sua tela era iluminada por luz ambiente e quando escurecia era aquela manobra para poder desfrutar do console. Era necessário inclinar o console para alguma fonte de luz para então conseguir enxergar alguma coisa, por menor que fosse. Então, você leitor, pode perguntar o porquê dele não vir com luz interna – a explicação, segundo a Nintendo, era que esse recurso consumiria muita bateria e, à época, seria inviável. Muitos jogadores reclamaram e vários acessórios foram lançados para corrigir o problema, mas eles só foram corrigidos efetivamente com o lançamento do Game Boy Advance SP que trazia o recurso e uma bateria embutida de Li-Ion.B000087H7T.01._SS500_SCLZZZZZZZ_

Esse empecilho não foi suficiente para barrar o sucesso do GBA, pelo contrário! Estima-se que o GBA vendeu mais de 81 milhões unidades no mundo todo e dominou cerca de 90% do mercado de portáteis. Sua vasta biblioteca de jogos incluia títulos exclusivos - como Mario Kart Super Circuit, Advance Wars, Wario Ware Twisted e vários jogos da franquia Pokémon –, readaptações de grandes clássicos – como Super Mario Advance 4: Super Mario Bros. 3 e SMA2: Super Mario World –, além dos jogos lançados anteriormente para as versões anteriores do portátil.

 

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Tal qual seu antecessor, o GBA foi lançado em uma penca de cores diferentes, mais de 10! Fora isso, como é de costume, a Nintendo lançou inúmeros acessórios, como o Wireless Adapter – que tinha como objetivo substituir os cabos link –, o Play-Yan – um cartucho que adicionava funcionalidades multimídia ao portátil –, além do GBA Video – um cartucho que continha dois episódios de desenhos com até 30 minutos de duração.

gba-movie-playerO GBA também fez um grande sucesso aqui no Brasil, apesar de sua popularidade ter se “favorecido” mais do mercado paralelo do que do oficial. Os preços dos cartuchos fizeram com que os jogadores optassem por alternativas financeiramente mais “atrativas”. Não fosse suficiente, a Playtronic – joint-venture representate da Nintendo no Brasil, formada por Gradiente e Estrela – se desfez e tornou o mercado brasileiro menos atrativo ainda à empresa.

Image001A Nintendo, além de garantir que a evolução do Game Boy Color não fosse casual – mas sim essencial –, também garantiu que a experiência única de se ter um console portátil 32-bit em mãos fosse sentida pela maior quantidade de pessoas possíveis. Lembro-me bem do primeiro GBA que tive oportunidade de jogar – era de um colega meu que era aficionado por portáteis – e o trouxe até minha casa com o THPS 2 e Super Mario Advance 2. Passei horas jogando na telinha e a sensação não poderia ser outra se não a de nostalgia - por estar com o remake de Super Mario World – e excitação – por ter um jogo de PS1 na palma da minha mão. Acredito que essa também tenha sido a sensação de muitos que tiveram a oportunidade de tê-lo.

“Tá dominado. Tá tudo dominado!”. Bom, isso não é o bonde do tigrão, mas sim o que a Nintendo deveria dizer à época com o Game Boy. Apesar de existir concorrência no mercado dos portáteis, ela era extremamente insignificante. A Nintendo dominava tudo, ditava tendências e criava novos paradigmas nessa área. Prova disso é que o GBA, apesar de antigo, continua sendo vendido na forma do Game Boy Micro. No entanto, não podemos nos esquecer que, enquanto se fazia dinheiro com os portáteis, a Nintendo sofria um duro golpe no mercado de consoles de mesa. Já era hora de se reerguer, de volta ao lugar a que nunca deveria ter saído. Será? Bom, isso fica para o nosso próximo encontro. Até lá!


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