O Game Boy foi o primeiro console portátil da Nintendo e um dos sistemas que mais rendeu vendas em todos os tempos. De tão bem recebido pela crítica, ele deu origem ao Game Boy Color e, consequentemente, ao Game Boy Advance SP; estes, também atingiram altos níveis de sucesso. Mas o lado negro do Game Boy... é que ele embaralhou completamente a série Mario como a conhecíamos.O que sabíamos até 1989, ano em que o divertidíssimo Super Mario Land fora lançado, é que Mario tinha deixado para trás suas origens simplórias nas construções e encanamentos para embarcar em jornadas épicas contra exércitos de monstros no objetivo de salvar uma princesa: Peach Toadstool. A transição de Mario para o portátil fez com que muita coisa na série Mario se descontinuasse. Apesar de ser muito similar aos jogos de plataforma anteriores do bigodudo, o jogo toma palco num lugar estranho (Sarasaland), com inimigos estranhos (cujos nomes nunca receberam adaptações para fora do Japão) comandados por um vilão estranho (Tatanga); nem mesmo a donzela em perigo da vez (Princesa Daisy) fugiu de ser estranhada. O que aconteceu por aqui?
Passam-se os anos, e depois de derrotar muitos cavalos-marinhos e aranhas gigantescas usando Superballs (para quem não sabe, é aquela bola de ricochete extremo disponível naqueles recipientes cilíndricos de vidro), o estranho, porém fantástico Super Mario Land ganha uma sequência entitulada Super Mario Land 2: Six Golden Coins. Os títulos de plataforma do Mario para Game Boy também são conhecidos pela tentativa de continuidade entre os games, onde o final do primeiro seria esclarecido no segundo; foi quando aprendemos que Tatanga, o tirano de Sarasaland, era somente um lacaio de Wario, a contraparte maligna do nosso herói.
Aqui, já somos apresentados a alguns inimigos com nomes em inglês, tal como aos Goombas e Koopa Troopas normais de antigamente (para quem não sabe, os Goombas e Koopas de Super Mario Land são, na verdade, Chibibos e Nokobons, espécies diferentes). Mas ainda assim, as coisas continuam mais esquisitas do que nunca: um mundo com o formato de um Mario de brinquedo gigante, uma batalha contra os Três Porquinhos, formigas gigantes, personagens clássicos do halloween (Cyclops, Draculad, Haunted Lantern), um guarda-chuva ambulante, e meu favorito: Spooky Mask, uma cabeça ambulante com a máscara de Jason e uma faca enfiada na têmpora...
As perguntas não param de surgir. Quem era Daisy, e por que decidiram dar-lhe o papel extremamente temporário de par romântico do Mario? Por que os inimigos vieram para o ocidente com nomes como Tamanoripū, Dragonzamazu, Hiyoihoi? A explicação é simples: mudança de divisão desenvolvedora. Até então, os jogos do Mario para consoles de mesa eram desenvolvidos por Shigeru Miyamoto e sua competente divisão EAD da Nintendo; porém, no Game Boy, os jogos do encanador ficaram por conta do produtor Gunpei Yokoi e a divisão R&D1 da Nintendo. Yokoi, que faleceu no dia 4 de outubro de 1997, foi um dos desenvolvedores mais famosos da Nintendo, e é um dos responsáveis pela criação da série Metroid. Com o Mario, ele fez um excelente trabalho; mas seus conceitos, personagens e localidades criadas exclusivamente para os jogos de Game Boy deveriam ser reutilizados nos jogos contemporâneos.
Cabe à Nintendo nos fazer explorar Sarasaland uma vez mais.