Metroid Prime foi um marco na história da franquia Metroid. Até então, a série usava uma mecânica de movimentação side-scrolling em cenários bidimensionais. No entanto, eis que a Nintendo e a Retro Studios apresentam uma nova maneira de se jogar Metroid: como um FPS. Metroid Prime chegou ao Game Cube no dia 18 de Novembro de 2002 e galgou índices altíssimos nas críticas, acumulou prêmios e alcançou um bom número de vendas. É considerado não um mero First-Person-Shooter, mas sim um First-Person-Adventure, pois conta com uma mecânica de exploração nunca antes vista num FPS. Cronologicamente, é o segundo capítulo da história de Samus Aran.
O (maldito) Phazon
Após destruir todos os Metroids e Space Pirates em Zebes, Samus, algum tempo depois, depara-se com uma base espacial abandonada e repleta de experimentos não acabados dos temidos piratas. Eram mais formas de se desenvolver uma arma biológica e, segundo a análise da caçadora, os Space Pirates estariam testando os resultados da mutação com uma substância desconhecida. Após derrotar uma das criaturas que fugiu do controle, Samus se depara com Ridley (mais uma vez) em sua forma metálica, já que a caçadora havia destruído seu corpo no último capítulo. O pterodátilo foge da luta para o planeta Tallon IV, Samus segue a criatura, mesmo tendo perdido diversas armas e funcionalidades da Power Suit durante a invasão à base espacial. Chegando em Tallon IV, Samus descobre mais sobre o povo Chozo e do grave problema que o planeta enfrenta com a substância radioativa: Phazon, que é a tal substância usada pelos Space Pirates. O Phazon torna-se o foco da trama, deixando a clonagem de Metroids um pouco à parte, mas não inexistente.
Os Chozo haviam deixado armas e equipamentos a serem usados pelo salvador, que livraria Tallon IV do Phazon. Esse “salvador”, para variar, é nossa querida Samus, que enfrenta todos os desafios dos diversos cenários do planeta corrompido, chegando até uma área de periculosidade tão alta que foi selada pelo Chozo antes da extinção. É o local onde o cometa que trouxe o Phazon para o planeta (conhecido como Leviathan) chocou-se com Tallon IV. Mesmo com Ridley no caminho, Samus penetra na área proibida e derrota o mais poderoso dos Metroids, uma espécie que se misturou ao Phazon: Metroid Prime. O desfecho é épico, deixando sérias dúvidas no final, uma vez que o Metroid Prime, pouco antes de virar uma massa disforme de gosma, rouba a Phazon Suit de Samus (a armadura infectada com Phazon), formando, a partir da roupa, uma nova forma de vida…
A Difícil Transição
Quando anunciaram Metroid Prime, a comunidade gamer ficou em total alarde, afinal, haviam esperado oito anos por um jogo que fugia à tradicionalidade de um Metroid. Desde Super Metroid, muito tempo se passou sem um único Metroid, se não fosse pela ponta de Samus em Super Smash Bros., seu sumiço seria completo. Então, eis que a Nintendo deixa a série nas mãos de um stúdio nem tão conhecido: Retro Studios. Eles já tinham certa experiência com jogos de tiro em primeira pessoa, mas não era só ação que os jogadores queriam, Metroid não envolve apenas estourar alienígenas, mas requer muita exploração e power ups. A forma como Metroid funcionava no mundo bidimensional parecia mais do que perfeito para a série, mas, com o Game Cube esbanjando gráficos majestosos e games cada vez mais belos sendo lançados, não tinha jeito: Metroid precisava renascer no mundo tridimensional.
O time de desenvolvimento, no entanto, teve diversas dificuldades, tendo de recorrer à brilhante mente de Shigeru Miyamoto (as mãos por trás de Mario e Zelda). O jogo que, inicialmente seria um game em terceira pessoa para o Nintendo 64, acabou se transformando num FPS para o Game Cube. Mas não era o bastante, foi preciso criar um novo estilo de jogo em primeira pessoa, precisava ser um “FPA”: First Person Adventure
Ação, Aventura e Exploração… Em 3D!
Quando Metroid Prime foi lançado, estava explicado o motivo de tantos atrasos e controversas: tratava-se de um jogo bem original e artisticamente maravilhoso. O estilo de jogo funcionou muito bem, apesar de quase sempre o jogador estar travando a mira, não tendo muita liberdade na jogabilidade. E, assim como o esperado, não era um jogo só de se sair estripando alienígenas, mas envolvia muita exploração e aventura. Nunca um FPS foi tão profundo como este, a imersão era imensa, pois o jogador realmente se sentia dentro da armadura de Samus, enxergando pelo visor do capacete. Quando se explodia um uma criatura, gosma verde espirrava na tela, durante eventuais chuvas, gotas d’água se acumulavam no capacete e, ao chegar perto de gases, o visor ofuscava. Graficamente, Metroid Prime é excelente, pondo inveja até em jogos da geração atual. O planeta Tallon IV foi reproduzido com tamanha riqueza de detalhes, cada parte deste mundo é completamente diferente e muito bem feita. O brilho metálico da armadura de Samus, apesar de ser muito espelhado nesse jogo, mostrou ao mundo o potencial do Game Cube: era quase como estar jogando uma cutscene.
As músicas não fizeram por menos, usando de efeitos que não se limitavam à polifonia dos games passados. A trilha antiga foi rearranjada e novas melodias feitas, garantindo um equilíbrio entre novidade e saudosismo. Novas habilidades como os diversos visores de Samus e a exclusiva Phazon Suit estrearam, expandindo ainda mais a lista de power ups. Pode não ter agradado a todos os jogadores e pode ter afastado alguns jogadores mais tradicionais, mas o segundo capítulo da história de Samus é, sem dúvidas, lindo.