Games de plataforma em três dimensões são sempre complicados. A maioria possui problemas graves com o posicionamento de câmera, falta de inovação, inspiração e principalmente criatividade. Mas algumas vezes os games desse gênero conseguem cativar o público, mesmo apresentando alguns desses problemas. É esse o caso de Billy Hatcher and the Giant Egg, um simpático game da Sonic Team para o GameCube, lançado em agosto de 2003.
-
Billy, o menino chocador
O desenvolvimento de Billy Hatcher foi durante muito tempo um grande segredo. Foi só no final de 2002 que o game apareceu pela primeira vez, e desde cedo parecia bem promissor. O projeto foi encabeçado por Yuji Naka, o criador da série Sonic e um dos mais respeitados game designers da história, juntamente com a equipe responsável por Samba de Amigo – algo em torno de 20 pessoas.
Naquela época, o Sonic Team já havia portado três games para o console da Big N, todos com relativo sucesso: Sonic Adventure 2: Battle, Phantasy Star Online Episode I & II e Sonic Adventure DX: Director’s Cut – ambos vindos do Dreamcast com ligeiras modificações.
Eis então que Billy Hatcher and the Giant Egg apareceu, ancorado na ideia de ser um game de plataforma com um mote diferente na jogabilidade, utilizando um mecanismo inovador e diferenciado. Na época, Naka disse que acreditava existir muitas continuações e poucas ideias surpreendentes na indústria na epoca. “Temo que a indústria se torne cada vez menos facinante, a não ser que os criadores de games se renovem e produzam novas ideias”. Hatcher acabou se tornando a resposta do designer a esse marasmo.
A história do game começa quando o herói, Billy Hatcher é convocado para salvar Morning Land, uma terra que sempre foi pacífica, isso claro até ser dominada por uma gangue de corvos mal intencionados. A ideia dos mal feitores é fazer com que a escuridão se instale para sempre no reino, uma verdadeira catástrofe para um lugar tão bonito e ensolarado.
É aí que nosso herói veste sua roupa de galinha e sai nessa aventura alucinada para resgatar os sábios de Morning Land e restaurar a paz no local.
-
Role ovo, role!
Toda a apresentação de Billy Hatcher é extremamente bem pensada. E esse cuidado com os detalhes começa logo no vídeo de introdução (veja abaixo), com uma daquelas músicas chiclete que grudam na mente e demoram dias para sair. Fato é que há um humor latente em muitos momentos, resultado de um tato ímpar do time de criação.
A ambientação é típica de um filme de animação, com muitas cores, personagens fofinhos, belas animações e cenas em computação gráfica: o típico padrão SEGA. O visual não chega a ser extraordinário, mas tem um estilo Dreamcast-like bastante agradável.
Mas talvez o ponto mais incrível de Billy Hatcher seja a sua jogabilidade. O ponto central do esquema de jogo é o uso de ovos espalhados pelos cenários. Esses ovos podem ser utilizados das mais diversas maneiras. É possível rolar eles em direção aos inimigos para derrotá-los, usar os ovos como trampolins e até mesmo chocá-los para conseguir animaizinhos fofos que possuem importância crucial nos puzzles.
São quatro animais diferentes: um pinguim (que utiliza ataques de água), um macaco voador (que pode usar ataques elétricos), uma foca (que usa ataques de gelo) e por fim um rinoceronte especializado em lançar chamas.
Muita gente percebe semelhanças até claras demais de Billy Hatcher com Super Mario 64, já que ambos possuem fases grandiosas com múltiplos objetivos que precisam ser enfrentadas mais de uma vez. Outros criticam o esquema da utilização de ovos que parece impreciso demais – tanto que algumas vezes se torna irritante.
Mas o fato é que Billy Hatcher and the Giant Egg é um game extremamente simpático. Possui alguns defeitos, mas é um grande game no que se propõe: ser um título de plataforma cheio de recursos e funcionalidades – tanto que há até um modo multiplayer para até quatro jogadores com tela dividida.
Mesmo com pequenos problemas, está aí um game que marcou o GameCube.