Análise: Fragile Dreams: Farewell Ruins of the Moon (Wii)

em 02/05/2010

Não sei quanto a vocês, mas sempre esperei com grande entusiasmo o lançamento de Fragile Dreams . Tenho um carinho especial pela tri-Cr... (por Gustavo Assumpção em 02/05/2010, via Nintendo Blast)

Fragile_Dreams_US_box_art Não sei quanto a vocês, mas sempre esperei com grande entusiasmo o lançamento de Fragile Dreams. Tenho um carinho especial pela tri-Crescendo e tinha absoluta certeza de que eles não me decepcionariam. Com o game em mãos, confesso que essa certeza me foi decepada em alguns pontos, o que nem de perto diminui a grande experiência que Fragile é.

O peso da solidão

Há algo de solitário em Fragile Dreams que muito me agrada. O game se passa em uma Tóquio minimalista e destruída onde praticamente nenhum resquício de vida ainda permanece. Ruas, trens, metrôs, pontes… tudo possui a marca do desuso e da destruição. Nesse cenário perturbador, eis que vive Seto, garoto de 15 anos de idade que vivia ao lado de seu avô em um observatório. Após a sua morte, o herói enterra seu familiar e segue nesse mundo insólito tentando encontrar sobreviventes, que existem, mas são raros, misteriosos e escondem segredos.

Untitled-1 Apesar de linear e simplista, Fragile possui uma das mais belas reconstruções da capital japonesa que já apareceu em um game.  Digo isso porque os cenários e as localidades pelas quais Seto passa são sempre melodramáticas e não convencionais, com um aspecto decadente e que metaforicamente consegue passar a ideia de um abandono inquietante.

Logo no início, Seto se encontra com o Personal Frame, um computador portátil e pessoal que ajuda o herói em sua jornada, dando dicas, relatando acontecimentos, analisando situações e alertando para a presença de perigos nos cenários.

Esse cuidado com os detalhes se amplia quando chegamos aos elementos que aparecem nos cenários. Há uma espécie de ode ao sensível, onde objetos carregam memórias de seus donos e essas memórias passam a ser conhecidas assim que esses itens são adquiridos. Balões estourados, sapatos, desenhos e dobraduras guardam em seu interior todos os sentimentos e a história dos seus donos. Juro pra vocês que várias vezes me senti emocionado com belas e simples histórias – mas muito convincentes.

Exploração do seu interior… e do interior de tudo mais

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Muitos acreditam que Silent Hill foi a principal inspiração para a criação do conceito por trás de Fragile. Mas seria simplista ver o conceito do game dessa forma. Ambos possuem como ponto central a exploração, onde a iluminação com uma lanterna é um dos pontos centrais dessa jogabilidade. A luz aqui é uma metáfora da revelação, sendo responsável pela aparição de dicas, elementos escondidos e inimigos.

Como o foco é na exploração, o game não se preocupa muito com os combates. A progressão da história é relativamente linear, fazendo com que os jogadores tenham sempre que buscar elementos escondidos nos cenários, itens e passagens secretas para prosseguirem… sempre revelando detalhes sobre os reais motivos para o mundo se encontrar como ele está hoje.

Tudo muito belo, tudo muito bom, mas alguns detalhes de Fragile Dreams irritam profundamente e impedem o game de ser ainda mais memorável do que é. O principal motivo desses problemas é o sistema de combate equivocado. A opção da equipe de desenvolvimento pela exploração deixou os combates em tempo real e com elementos bastante simples.

Infelizmente a tri-Crescendo não conseguiu livrar os combates da monotonia e da repetição. Para combater os inimigos é necessário iluminá-los com a lanterna e golpeá-los com pedaços de madeira. Engraçado é que nunca foge disso. Além da repetição, outro problema é a câmera que se perde durante as disputas ou quando os golpes simplesmente não acertam os inimigos. Algo que também me incomodou bastante é que é possível fugir da maioria dos combates, passando desapercebido pelos inimigos. Resumindo: a estratégia é inexistente em todo tipo de confronto, deixando uma cara de game inacabado.

Impacto nos sentidos

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O trabalho gráfico de Fragile Dreams impressiona. Afirmo que poucas vezes vi um visual tão detalhado no Wii. Efeitos de luz, sombra, animações e construções poligonais são próximas da perfeição. É um trabalho elogiável em todos os níveis.

Mas confesso que o grande destaque – se é que é possível afirmar isso – é a trilha sonora e a dublagem. A XSEED  manteve a dublagem original em japonês, adicionando a opção para dublagem em inglês – e ambas são memoráveis e em uma qualidade próxima da perfeição. Cada canção foi composta de forma a combinar com cada ocasião de uma forma brilhante, incluindo uma belíssima música tema cantada. As vozes dos personagens, sons ambientes e dos inimigos também são elogiáveis.

Fragile é um game que me emocionou em muitos momentos. Tanto que os combates chatos e repetitivos e os problemas com a câmera não impediram que eu ainda continuasse a jornada, sempre sendo cativado um pouco mais. Se você está procurando um game realmente diferenciado, não tenha medo de escolher Fragile Dreams. E se você se emocionar, não diga que não foi avisado.

Fragile Dreams – Wii – Nota Final: 8.0

Gráficos: 9.0 Som: 9.5 Jogabilidade: 6.5 Diversão: 7.5

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Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.
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