Muita gente está eufórica com o Nintendo 3DS, novo portátil da Nintendo que permitirá imagens em três dimensões sem o uso de óculos. Mas o que quase ninguém tem comentado é que essa característica do console não é algo simples ou de fácil implantação – principalmente porque mexe com a nossa percepção do real.
Foi Pierre Lévy, o primeiro a tentar unir as teorias de real e virtual. Para ele, são dois sistemas que convivem em certa unidade. Lévy dizia que todos os seres vivos de certa forma “inventam” o seu tempo e o seu espaço específico. Mesmo no caso do Homem, o tempo e o espaço varia e é “criado” conforme a cultura e o conhecimento de cada ser humano. Por isso, nossas noções de real e virtual e os limites entre elas são muito particulares.
Com a popularização do 3D, principalmente no cinema, estamos enfrentando um mundo novo de possibilidades e a inserção de uma nova tecnologia no nosso dia a dia (ok, nem tão nova assim) – tecnologia essa que mexe consideravelmente com nossa percepção do real. É complicado avaliar o impacto que isso terá, mas é algo que precisa ser pensado e avaliado.
Tomamos como exemplo os casos de depressão em pessoas que viram o mega sucesso Avatar. Segundo o site FayerWayer Brasil, “a maioria dos casos é de pessoas que ficaram tão apaixonadas pela fantasia criada por Cameron que passaram a achar o mundo real “cinza” e imperfeito. O mais provável é que reações como essas servem somente como uma maneira de expressão de pessoas já levemente deprimidas, que veem em um mundo “perfeito” uma base de comparação, por mais que fictícia, com a realidade”.
Há relatos de casos de suicídio e internação após terem contato com o filme. A questão que eu lanço é a seguinte: nossa mente está preparada para lidar com simulações do real? Será que temos a percepção necessária para não sermos engolidos pelos sentimentos despertados pelo 3D?
Algo que precisamos pensar é que um filme em 3D não passa de duas horas e meia. Um game é uma experiência que pode durar dezenas de horas – e muitos jogam por dias a fio, com pouca interrupção. Talvez seja apenas uma preocupação sem sentido – e que rapidamente seja superada, pelo simples costume. Fato é que pessoas tem tido desde simples tonturas e sintomas de visão cansada até a já mencionada depressão.
Enfim, levanto o debate aqui. É uma questão que, repito, pode não ser relevante para alguns, mas preocupou essa cabeça aqui. Opinem.