Eu sei o que você está pensando: "Ah, mais um jogo baseado em filme. Já sei que vão chutar o balde." Realmente, Alice in Wonderland é baseado no filme de Tim Burton, que sairá em breve no Brasil, mas ele foge um pouco do baixo padrão de qualidade que vemos por aí. Para ser bem sincero, o trabalho realizado entre a Disney Interactive Studio e a desenvolvedora Francesa Etranges Libellules foi tão acima do esperado, que o título quase consegue me cativar e entrar na limitada lista de "jogos baseados em filme que não são ruins." Mas só quase.
A mesma turma de antigamente
Como dito anteriormente, o título foi inspirado na obra de Tim Burton que fala sobre a história de Alice mais velha, vários anos após sua primeira ida ao País das Maravilhas. Ela está fugindo de um homem que a pediu em casamento quando encontra com o Coelho Branco, responsável por levá-la de volta à toca. Curioso ou não, Alice não se lembra de ter ido àquele lugar quando mais jovem, o que dificulta um pouco o processo do Coelho Branco e Dormidongo provarem que aquela é a verdadeira Alice; e eles precisam dela o mais rápido possível, pois o mundo subterrâneo passou a ter vários problemas, que só podem ser solucionados pela Alice, claro.
Quem conhece a obra original vai se identificar com os personagens, uma boa parte está presente na história, e cinco deles são jogáveis: Coelho Branco, Dormidongo, Chapeleiro Maluco, Lebre de Março e o Gato Risonho. Sentindo falta de alguém em especial? Pois é, você não tem a oportunidade de jogar com a própria Alice em nenhum momento da trama, o que é provavelmente uma das maiores - senão a maior surpresa do jogo, que eu particularmente considero um ponto negativo e até mesmo decepcionante para alguns.
Puzzles divertidos, mas batalhas repetitivas
Alice in Wonderland traz uma mistura interessante entre o gênero de aventura linear e os vários puzzles apresentados nos mais diversos cenários, dando a impressão de renovar constantemente a experiência, pois você sempre faz as mesmas coisas, só que de formas diferentes. É bom lembrar que o título é voltado ao público infantil, então não espere por quebra-cabeças extremamente complexos.
Mas mesmo assim, os puzzles são divertidos, e usam das habilidades especiais de cada um dos personagens: o Coelho Branco controla o fluxo de tempo, a Lebre de Março usa da telecinesia para mover objetos, o Gato Risonho pode ficar e ver o que é invisível, o Dormidongo - que não tem habilidades especiais - é um exímio lutador, e o meu preferido, Chapeleiro Maluco, que tem o poder de controlar a perspectiva do cenário, abrindo novos caminhos e trilhas que antes não existiam. Num estilo semelhante ao Echochrome de PSP, você usa a habilidade de mudar a perspectiva juntando duas pontes previamente quebradas e transformando-as numa só, ou então reunindo um quadro com o cenário, criando uma nova casa para explorar.
Se os puzzles são bons, não posso dizer o mesmo sobre as batalhas. Apesar de todas as habilidades terem sua utilidade durante as lutas, elas são muito repetitivas e levam a ferro e fogo os conceitos básicos. Você luta em 90% do jogo contra o Exército de Cartas, e não demora muito para perceber que a melhor opção na hora das batalhas é o Dormidongo, especialista em lutas. Pronto, feito isso você só precisará ficar apertando o mesmo botão incessantemente até derrotar todos os inimigos. Ah, e não se preocupe se for vencido, temos que lembrar que esse é um jogo voltado ao público infantil, então você literalmente retorna no mesmo lugar onde foi derrotado com a vida cheia.
Visuais e comentários finais
Certamente uma das características mais proveitosas de todo o jogo são os gráficos. Esse é dos poucos títulos realmente impressionantes, ainda mais levando em consideração que não é um título da Nintendo, exigindo praticamente o máximo do hardware do Wii. A ambientação é bem animada e colorida, além de refletir com fidelidade o visual que foi passado por Tim Burton no filme. Há alguns detalhes óbvios como objetos que surgem em fade-in em momentos não muito precisos, mas esse é o tipo de coisa que permite que o jogo rode numa média de trinta quadros por segundo, chegando a atingir o pico de sessenta, o que é muito bom.
Não acredito que os vários puzzles divertidos e interessantes sejam amplamente afetados pelas maçantes batalhas repetitivas, afinal, deve-se levar em consideração o público foco que enfrentará os desafios. Apesar de não ser um grande destaque, Alice in Wonderland cumpre seu papel entregando uma aventura divertida, com personagens bem caracterizados, habilidades interessantes e gráficos muito bem trabalhados.
É um bom jogo, disso não tenho dúvidas, mas se você for um gamer hardcore, Alice in Wonderland não deve ser uma de suas prioridades.
Alice in Wonderland - Wii - Nota final: 7,5
Gráficos: 8,5 | Som: 7,0 | Jogabilidade: 7,0 | Diversão: 7,5