Iwata Asks: Pokémon HeartGold & SoulSilver

em 23/03/2010

Na estrevista de hoje, Satoru Iwata é acompanhado por Tsunekazu Ishihara, presidente e CEO da Pokémon Company, e Shigeki Moriomoto da Gam... (por Ricardo em 23/03/2010, via Nintendo Blast)

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Na estrevista de hoje, Satoru Iwata é acompanhado por Tsunekazu Ishihara, presidente e CEO da Pokémon Company, e Shigeki Moriomoto da Game Freak, a developer de Pokémon HeartGold & SoulSilver.

Geralmente a série de entrevistas Iwata Asks apresenta conversas com o pessoal de dentro da Nintendo. Hoje, porém, temos convidados de diferentes empresas. Ishihara, da Pokémon Company, é um aliado com quem Iwata tem lutado ao longo de muitos anos. Esse período no qual os dois tem produzido novos produtos fez com que o CEO da Nintendo adquirisse uma afinidade muito forte com Pokémon. Ainda que o foco da discussão de hoje seja os mais recentes títulos de Pokémon, vamos começar com um olhar voltado para a história da franquia, a fim de perceber como ela se conecta aos novos jogos.

Embarcando no último trem

image01 Tsunekazu Ishihara é o atual presidente e CEO da The Pokémon Company. A empresa foi criada em 2000 para, além de gerir a marca Pokémon, tocar todos os seis Pokémon Centers construídos no Japão. Ishihara também foi presidente da Creatures Inc., criada em 1995. Além de desenvolver os jogos e trading cards de Pokémon, a developer fez jogos como No No No Chailian Puzzle para o Game Boy Advance e Walk with me! Do you know your walking routine? para o Nintendo DS. Quando o primeiro projeto de Pokémon saíra do papel, Ishihara era produtor de games, e tinha sido escalado para trabalhar no desenvolvimento de Pokémon Green & Red ao lado da Game Freak. Esses foram os primeiros títulos da série Pokémon, lançados para o Game Boy no Japão em fevereiro de 1996. Mais tarde, chegaram ao resto do mundo como Pokémon Red & Blue.

O diretor dos mais recentes títulos da franquia é Shigeki Morimoto, que trabalha para a Game Freak. A developer foi fundada em 1989 e desde então vem criando diversos jogos, inclusive os da série Pokémon. Morimoto também esteve envolvido no desenvolvimento de Red & Green como programador.

gameboy_original O planejamento de Pokémon teve início em 1990. Pokémon Red e Pokémon Green foram lançados somente seis anos depois, em fevereiro de 1996, o que significa que eles tiveram um período increvelmente longo de desenvolvimento. A época após o lançamento remontava a um começo muito tranquilo, sem que a equipe pudesse imaginar a maneira com que a série explodiria em popularidade. Os dois títulos já tinham sido concluídos em outubro do ano anterior e era do desejo do pessoal lançá-los rapidamente. Mas o final da temporada de vendas do ano tinha sido perdido, assim os jogos só chegaram ao mercado em fevereiro do ano seguinte – o pior momento do ano para se lançar um jogo. Além do mais, havia naquela época uma ligeira sensação no ar de que o sistema Game Boy poderia ter chegado ao final do seu ciclo de vida. O portátil de tela monocromática tinha sido lançado no Japão em 1989. Outros sistemas da linha Game Boy chegaram posteriormente, como o Game Boy Pocket em 1996, o Game Boy Light e Game Boy Color em 1998 e finalmente o Game Boy Advance em 2001.

Quando o projeto de Pokémon começou a ser planejado, o conceito era de que a equipe estava desenvolvendo o software para uma nova plataforma. Satoshi Tajiri (o autor da série Pokémon) fundou a Game Freak em 1989, o mesmo ano em que o Game Boy chegava às lojas. Por isso, o jogo tinha sido originalmente concebido para esse novo hardware. Ao que o jogo ganhava forma, era perceptível que o seu conteúdo era do mais alto calibre, diante de tudo o que já se conhecia no mundo dos games. Mas dada a sua data de lançamento, todos tinham as suas dúvidas de que o game seria um best-seller. Na época, Satoru Iwata estava envolvido com a Creatures Inc., e ele se lembra de ter estado ao lado de Ishihara quando ele estava decicindo sobre o número inicial de unidades a serem expedidas. A quantidade inicial fora muito menor do que Iwata esperava, mas mesmo assim, as suas expectativas eram grandes. Com aquele número de unidades, os jogos voariam as lojas e o estoque acabaria muito rápido. Mas infelizmente, não foi bem assim…

Ao olhar para os números de vendas semanais, a sensação era de que eles estavam apenas oscilando em torno no top 10. Assim, no começo, ninguém poderia ter previsto que Pokémon ia acabar gozando de uma imensa popularidade no mundo todo. Mas apesar desse começo bastante morno, as coisas acabaram mudando significativamente. A razão a que Ishihara atribui isso é o poder do boca a boca. Em 1996, as pessoas não estavam escrevendo seus próprios blogs na Internet, mas todos espalhavam de forma constante sobre o quanto tinha sido divertido jogar Pokémon. Além disso, foi possível sentir fortemente que o poder dos meios de comunicação, centrado em torno da CoroCoro Comic – uma revista mensal de mangás lançada em 1977, destinada aos alunos do ensino fundamental; além de mangás, a revista também apresenta artigos sobre passatempos e videogames -, serviu para acelerar o crescimento da popularidade da série. Finalmente, houve também a questão do pequeno Mew, o pokémon que Morimoto havia planejado como uma espécie de brincadeira.

subimage02 Não há como negar que a existência de Mew desempenhou um papel extremamente importante. Mew foi posto no jogo bem no final. O cartucho estava muito cheio e não havia espaço para muito mais coisa. Os recursos de depuração que não iriam ser incluídos na versão final do jogo foram removidos, criando um minúsculo espaço livre de 300 bytes. Então o que se pensou é que se poderia encaixar Mew lá. O que foi feito seria impensável nos dias de hoje! Assim, a menos que se pudesse pensar em qualquer boa oportunidade para fazê-lo, a existência de Mew não teria sido revelada ao público. Ele foi deixado lá dentro, e estaria pronto para ser usado quando fosse adequado, numa atividade pós-lançamento. Ele poderia muito bem ter acabado nunca aparecendo no jogo. Mas, então, devido a um bug imprevisto, Mew acabou surgindo nos jogos de algumas pessoas. Parecia até que isso tinha sido planejado, mas aquele não era o caso. Embora ele tenha causado todo o tipo de problema, felizmente acabou tendo um efeito positivo.

E assim surgira a oferta do pokémon lendário. O anúncio foi feito em 1996 na CoroCoro Comic. Vinte pessoas seriam selecionadas para mandar o seu cartucho de jogo para que os dados de Mew fossem enviados para ele. Houve cerca de 78 mil participantes. A resposta à oferta tinha sido incrível. A partir daí as coisas começaram realmente a pegar. As vendas em um mês passaram a se equivaler às vendas semanais, aumentando de volume em três, até quatro vezes. No momento em que Pokémon se classificara como o número um das vendas semanais, um ano e meio já tinha se passado desde o lançamento.

O rei dos brinquedos portáteis

Ao mesmo tempo em que Pokémon Red & Green estavam ganhando popularidade, havia toda uma série de produtos por fora sendo produzidos. Junto com vários produtos licenciados que foram aparecendo um após o outro, como os trading cards – o jogo de cartas baseado no mundo de Pokémon lançado em outubro de 1996, permitindo que os jogadores batalhassem uns contra os outros e colecionassem trade cards –, a série de anime começava a ser difundida e o primeiro filme era lançado. A série de desenho animado transmitida pela TV Tokyo mostrava as aventuras de Satoshi, que pretendia um dia tornar-se um mestre Pokémon. Ela começou a ser exibida no Japão em abril de 1997. No Ocidente, o personagem Satoshi veio com o nome de Ash Ketchum. Já o primeiro filme, Mewtwo Strikes Back, foi lançado no Japão em julho de 1998. Naquele momento, Ishihara presidia uma reunião semanal onde ele supervisionava cada um dos produtos a serem licenciados.

Era a reunião de direitos autorais. No começo, havia entre 10 e 20 propostas de produtos diversos a cada semana. Todos eram alinhados em uma grande mesa na sala de reunião. Mas não demorou muito até que eles ficassem sem espaço na mesa… Ishihara procurava saber a razão pela qual a marca Pokémon deveria ser utilizada num determinado produto. Era muito mais do que levantar ou abaixar o polegar às ideias trazidas de fora.

subimage03 Após o lançamento de Pokémon Red & Green, os novos títulos começaram a ser produzidos, pensando-se que a última palavra em jogos de Pokémon só poderia mesmo ser esses dois: Pokémon Gold e Pokémon Silver. Gold & Silver, em que diferentes pokémons aparecem, foram lançados no Japão em novembro de 1999. Nem nos sonhos mais loucos imaginava-se que mais e mais jogos de Pokémon seriam produzidos depois destes dois. A razão para que tantos produtos fossem licenciados e tantas coisas desenvolvidas, como os trading cards, era basicamente para garantir que Pokémon Gold & Silver fossem bem sucedidos. Para Ishihara, esses jogos representaram a linha de chegada. Ele não tinha a intenção de fazer qualquer título de Pokémon a mais. Até se pensava que uma vez que eles tinham entrado no século XXI, seria hora de fazer algo completamente diferente.

subimage04Tsunekazu Ishihara estava determinado a criar as condições ideais para o lançamento de Pokémon Gold & Silver. É por isso que no começo ele se opôs até mesmo à serie animada. Depois de pesquisar muito, ele tinha aprendido que as séries animadas na televisão tendiam a não durar muito tempo. Mesmo quando uma série baseada em jogo era iniciada, ela tendia a durar seis meses ou, no máximo, um ano. Seria horrível se a série chegasse ao fim antes mesmo dos novos jogos serem lançados. O anime tinha começado em abril de 1997, e se ele parasse de ser exibido em 1998, o que poderia ser feito, então? Pokémon Gold & Silver tinham sido feitos com a intenção de serem lançados em 1998. Mas o tempo até que os jogos ficassem prontos não fora o suficiente. Originalmente, eles começaram a trabalhar em Pokémon Gold & Silver logo depois que Red & Green tinham sido desenvolvidos. Só depois quando toda a equipe já estava totalmente envolvida, Satoshi Tajiri viera e disse: “Nós terminamos!” Aquilo era realmente rápido e quando Ishihara perguntou o que era, ele respondeu: “Nós terminamos Pokémon Blue!”

subimage05Pokémon Blue, a versão de Pokémon Red & Green com esquemas de cores diferentes, foi lançada como uma edição limitada em 1996 antes de ir ao lançamento geral em outubro de 1999. E Ishihara realmente estava esperando que naquele momento Tajiri estivesse mencionando as versões Gold & Silver. E depois disso, eles ainda fizeram o Pokémon Yellow: Special Pikachu Edition. Assim como Pokémon Blue, Yellow fora uma versão de Red & Green com um esquema de cores diferentes, mas também houve um valor agregado como a capacidade de se andar por aí com o pokémon. O lançamento foi programado para coincidir com o filme, que chegou aos cinemas em setembro de 1998. Fazer Pokémon Yellow foi muito divertido, mas como toos estavam à espera de Gold & Silver, é possível imaginar que havia um sentimento de que as pessoas estavam pensando: “Eu não tenho muita certeza de que eles deveriam estar lançando Pokémon Yellow.” Afinal, aquele foi também o ano em que os novos jogos estavam programados para serem lançados.

Foi nesse momento que Ishihara decidiu que não via por que se apressar, assim ele disse coisas como “Podemos lançar também o Pokémon Pikachu!” O hodômetro personalizado no Pikachu foi lançado em março de 1998 onde, dependendo do número de passos dados, o humor de Pikachu melhorava. O portátil também incluía alguns minigames.

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O desperdício de ser apenas um presidente

As versões Gold & Silver tiveram um começo muito difícil. Os títulos foram lançados em novembro de 1999, o que significa que levou três anos e meio até que eles ficassem prontos. Naquela época, na verdade, havia poucos programadores na equipe. Esse não foi apenas o caso de Gold & Silver, mas também de Red & Green. A developer contava com apenas quatro programadores. Esse era realmente um número muito pequeno. Fazer um jogo nessa escala, com tão poucos programadores, seria algo impensável nos dias de hoje. E a maneira com que esses jogos foram colocados juntos foi muito complexa. Além do mais, como os jogos iam ser criados com uma equipe muito pequena, todos estavam muito excessivos em termos de recursos para se incluir nos games. Talvez isso tivesse acontecido pela equipe ter experimentado um nascimento muito difícil. E em seguida, justamente quando a Game Freak já estava no limite com o desenvolvimento de Gold & Silver, a discussão sobre a produção de jogos no exterior começou.

Pokémon Red & Green tinham se transformado em um fenômeno tão grande no Japão que estavam sendo solicitados na América. Mas trabalhar nas versões para o ocidente iria atrasar o desenvolvimento de Gold & Silver ainda mais. Naquela época, Satoru Iwata não era um funcionário da Nintendo, mas era presidente da HAL Laboratory. Ao mesmo tempo, ele era membro do conselho da Creatures Inc. e acabou sendo envolvido em analisar a melhor maneira de situar as versões ocidentais de Pokémon Red & Green. E como se não bastasse, Pokémon Stadium estava chegando…

subimage07 Pokémon Stadium foi lançado no Japão em 1º de agosto de 1998 para o Nintendo 64 e permitia que seus jogadores se envolvessem em batalhas 3D e gerissem os seus pokémons pela Pokédex. O jogo era compatível com Pokémon Red, Green, Blue e Yellow. Ishihara tinha decidido lançar Stadium para o Nintendo 64 e a primeira tarefa de Iwata fora então analisar a lógica das batalhas de Pokémon Red & Green e mandá-la para Miyamoto e sua equipe. Poderia se esperar normalmente que nessa ocasião fosse emitido um documento específico, mas não havia nada do tipo. Shigeki Morimoto criou o programa de batalha e levou realmente muito tempo para uni-lo ao jogo. Quando ele soube que Iwata tinha estudado o código e sido capaz de portá-lo em cerca de uma semana, ele pensou: “Que tipo de presidente é esse?”

Não havia muitas pessoas lá fora capazes de ler todo o código fonte do Game Boy – cuja escrita estava longe de ser uma linguagem de programação altamente refinada – e enteder como todas as coisas se ligavam. Satoru Iwata analisou a coisa toda e refez o código, decidiu sobre a forma de situar Pokémon Red & Green, e começou o sistema de batalha para o Nintendo 64. É realmente surpreendente como ele conseguiu tudo isso.

Nesse momento, para toda a equipe da Nintendo a maior prioridade era não fazer nada que pudesse influenciar negativamente o desenvolvimento de Pokémon Gold & Silver. E assim o lançamento dos jogos fora muito bem sucedido. Quando os jogos chegaram às lojas, Ishihara sentia como se um fardo tinha sido finalmente retirado de seus ombros. Já Satoru Iwata experimentara uma afinidade muito próxima com o software. E no fim das contas, aquela não fora a linha de chegada.

Depois que Pokémon Gold & Silver tinham sido lançados e estavam vendendo mais rápido que Pokémon Red & Green, Ishihara poderia muito bem desembarcar do trem e dizer: “Bom trabalho a todos. Boa sorte daqui em diante!” Ao que os novos jogos se revelavam tão populares, a quantidade de propostas de produtos relacionados não parava de crescer. E isso não foi apenas no Japão. Havia uma inundação de propostas no exterior também. Gradualmente as coisas saíram do controle, o que levou Ishihara a pensar que a aprovação de produtos não era um trabalho que apenas uma só pessoa poderia enfrentar. Foi nessa época que ele escrevera uma lista de coisas necessárias à continuidade de Pokémon, como a permanência da série de animação, lançando um filme a cada ano, bem como a maneira com que os títulos de software deveriam ser desenvolvidos.

Foi nesse ponto que Ishihara concluíra que uma nova empresa seria necessária e assim se estabeleceu a The Pokémon Company. Naquela época, a Game Freak realmente estava com a casa toda operando e não teria tido a capacidade de trabalhar no próximo título. A necessidade de reunir corretamente todas as vertentes da gestão da marca e da supervisão de licenciamento levou à criação da The Pokémon Company. Satoru Iwata entrou para a Nintendo em junho de 2000 e um dos primeiros trabalhos no qual ele esteve envolvido fora justamente a criação da Pokémon Company. Quando a ideia da criação da empresa Pokémon foi inicialmente discutida, Ishihara realmente pensou que isso não poderia ser feito. O número de licenciados e detentores de direitos de Pokémon tinha crescido tão dramaticamente que a criação de uma nova empresa para consolidar tudo isso parecia impossível. Mas Satoru Iwata fora bom o suficiente para desempenhar um papel de coordenação, não apenas para o mercado nacional, mas num âmbito global.

O impressionante poder da ciência

O foco da discussão de hoje é Pokémon HeartGold & SoulSilver, remakes das versões Gold & Silver. Anteriormente, Ishihara também refez Pokémon Red & Green. Eles foram refeitos como Pokémon FireRed & LeafGreen. Então isso faz de HeartGold & SoulSilver a segunda vez na série Pokémon em que são lançados remakes.

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subimage09 Lançados para o Game Boy Advance no Japão em janeiro de 2004, FireRed & LeafGreen foram remakes de Red & Green com uma série de recursos adicionais. Iwata pensara nos jogos como grandes títulos para atrair novas pessoas à franquia, mas ao mesmo tempo ele não queria que os jogos fossem idênticos aos títulos antigos, agora que o hardware tinha mudado. O Game Boy Advance, lançado em março de 2001, foi o próximo sistema da série depois do Game Boy Color. Foi por isso que ele mostrou a Ishihara o Wireless Adapter, que tinha acabado de ser produzido. O acessório para o GBA permitia que os jogadores entrassem no multiplayer sem fio, e vinha embalado junto com os jogos FireRed & LeafGreen. Graças à resposta positiva de Ishihara para o adaptador sem fio, agora bastava apenas checar a reação do pessoal da Game Freak. Muitos testes foram realizados para ver de que distância o sinal sem fio poderia ser pego. Era engraçado ver a equipe deixar a sala de reunião da Game Freak dizendo: “Olhe! Ainda está conectado!”

Presenciar todas aquelas cenas foi muito divertido para Satoru Iwata. A possibilidade de realmente sentir as potencialidades da tecnologia wireless levou a Nintendo para o sistema Nintendo DS que temos hoje. Mais tarde, os desenvolvedores que trabalhavam com o GBA disseram à Iwata que, no início, eles acharam que a Nintendo estava louca em vender algo oneroso para ser empacotado junto com o software. Mas eles também disseram que ganharam com a tecnologia sem fio, visto que ela se mostrou incrivelmente valiosa quando chegou a hora de trabalhar no DS. Mesmo a simples troca de pokémons entre os jogadores se mostrou completamente diferente de como tinha sido até então. O cenário em eventos Pokémon havia mudado completamente.

Quando Ishihara refez Pokémon Red & Green, o uso do adaptador sem fio permitiu o desenvolvimento de todos os novos elementos de jogabilidade. Desta vez, uma década se passara desde que Gold & Silver foram lançados pela primera vez, então Iwata sentia o desejo de ver os novos elementos que trariam o feeling aos jogadores de que este era um jogo de Pokémon completamente novo. Essa era justamente a questão que Ishihara pensava consigo próprio.

subimage10 Então no momento certo, o pessoal da Nintendo fez Personal Trainer: Walking e Iwata fora mostrá-lo a Ishihara. Lançado em novembro de 2008, Personal Trainer: Walking é um título de software para o Nintendo DS que registra os passos do usuário em intervalos de um minuto, permitindo ao jogador comparar a distância que ele caminha durante a sua rotina diária. Como a Creatures Inc. estava envolvida no projeto, Ishihara ficara realmente interessado no jogo. Assim ele pensara que era ralmente interessante o fato de não haver uma tela que exibisse o número de passos, e o acessório era tão leve que você poderia apenas deslizá-lo em seu bolso sem que, remotamente, ele o incomodasse. Quando o título foi lançado, Ishihara começou a andar por aí com o Activity Meter todos os dias. O hodômetro, embalado juntamente com Personal Trainer: Walking, registra o número de passos do usuário. Ele também pode ser anexado aos cães.

Como Ishihara e a esposa tinham cães, eles comparam dois do Activity Meter e saíram para passear com o acessório plugado na coleira dos cães. Mas um dia, aconteceu uma coisa. Em torno de um mês depois, ele andava com o cachorro como de costume, quando viu esse negro e enlameado objeto caído em uma poça… “Certamente não poderia ser…”, ele pensou. Ishihara pensou que talvez devesse ter deixado cair em um lugar como este, mas um mês inteiro passara tão naturalmente que ele tem tinha se dado conta. Quando pegou e limpou objeto, percebeu o LED vermelho intermitente. “Uau!”, ele pensou, e o trouxe de volta para casa. Quando conectou-o ao DS, percebeu que ele tinha sido anexado ao Pocky (um de seus cachorros).

subimage12 Foi por causa dessa experiência pessoal que Ishihara pensou que gostaria de tentar usar esse dispositivo de alguma forma. Ele achou que Iwata realmente poderia desenvolver essa ideia para um título de Pokémon se, por exemplo, os dados do pedômetro pudessem ser colocados em uma linha reta no jogo. Ishihara também achou poderia fazer algo interessante com o acessório se o usasse como um sucessor para o Pokémon Pikachu. Não poderia esse ser um renascimento do dispositivo? Quando eles estavam trabalhando no Activity Meter, o Pokémon Pikachu tinha sido deixado completamente de fora de sua mentes. Apesar de ambos terem em comum a medição de passos, a forma com que surgiram foi totalmente diferente e nenhum dos dois projetos tinham se sobreposto. Ao que Ishihara fez a proposta pela primeira vez, Iwata percebeu que ele estava absolutamente certo. Quando você está desenvolvendo uma ampla gama de produtos, você pode obtê-los em sua cabeça sem que haja uma ligação entre eles. Mas às vezes algo estranho pode acontecer e de repente você consegue fazer essa conexão. E assim novas possibilidades podem ser descobertas.

Junto com Pokémon Gold & Silver, foi lançado Pocket Pikachu Color! Pokémon Gold and Pokémon Silver Together! O dispositivo é uma versão melhorada do Pokémon Pikachu lançado em 1999. Além de ter um display colorido, ele também se conecta aos dois jogos.

A avidez com as novidades

subimage11 O novo pedômetro de Pokémon especialmente para o Nintendo DS recebeu o nome de Pokéwalker, e os produtores definitivamente quiseram que ele tivesse uma tela. O próximo passo foi buscar a Game Freak para apresentar propostoas de funcionalidades para o dispositivo, e como ele poderia ser usado para jogar Pokémon. O documento com as ideias tinha cerca de três vezes mais a grossura que o documento de especificação de Pokémon Pikachu teve. Embalado com Pokémon HeartGold & SoulSilver, o Pokéwalker permite que você transfira um pokémon capturado nos jogos para o dispositivo. O jogador também pode usá-lo para capturar pokémons selvagens e localizar itens.

Originalmente, a ideia era de que os jogadores pudessem levar outros pokémons além de Pikachu para dar uma caminhada. E, agora, você é capaz de sair andando com qualquer pokémon. E não é só isso: você pode até mesmo andar com um pokémon, que por sua vez pode fazer amizade com um novo pokémon e voltar ao jogo com ele. O que inicialmente se pensava era que apenas ser capaz de andar por aí com qualquer pokémon que você gostasse seria determinante para trazer uma experiência de diversão. Esta funcionalidade por si só seria suficiente para fazer do Pokéwalker um grande elemento ao jogo, então a equipe seguiu em frente e trabalhou para melhorar ainda mais. Assim, para além disso, eles fizeram com que o jogador pudesse capturar outros pokémons, localizar itens e se conectar a outros acessórios Pokéwalker pela comunicação via infravermelho.

No que diz respeito ao design, não havia material perfeito esperando para ser usado na série animada. No início dos jogos, nunca houve uma imagem claramente definida de como deveria ser a pokébola. Assim, o diretor Kunihiko Yuyama foi bom o suficiente para fazer uma proposta de como ela deveria parecer. Ele disse: “Que tal fazer a pokébola de forma que ela seja pequena no começo, mas quando o botão no centro é pressionado, ela se expande e pode ser jogada?”. Foi assim como a Pokéwalker acabou tendo aproximadamente o mesmo tamanho que a pokébola. Assim como o adaptador sem fio feito para o Pokémon FireRed & LeafGreen, o Pokéwalker possibilita uma expansão das versões HeartGold & SoulSilver. Como um brinquedo portátil que permite a comunicação, o Pokéwalker é capaz de se comunicar com o Nintendo DS e conectando-se com o sistema, ele pode evoluir. A combinação dos jogos com o Pokéwalker, nesse sentido, representa um significativo crescimento do âmbito da série.

Um item como o Pokéwalker deve ser feito para uma parte em particular do software? Normalmente não. Mas Pokémom é um caso especial e quando Ishihara aprova uma coisa com entusiasmo, a equipe precisa fazer alguma coisa com ela. Claro, você não poderia ter simplesmente usado o Activity Meter para o Nintendo DS em sua forma original, e embora fosse uma corrida para resolver as questões sobre as características e o design em um período tão curto de tempo, se o Activity Meter não estivesse lá, não haveria absolutamente nenhum jeito de fazer o Pokéwalker real. Não teria sido possível chegar a esse ponto. Na verdade, ainda que o Activity Meter para o Nintendo DS não fosse o tipo de item que fora construído para resistir a uma banheira cheia ou à máquina de lavar, você pode colocá-lo em seu bolso que ele vai resistir ao suor. Como se buscava uma garantia de que o dispositivo era à prova da água e poderia suportar esses tipos de condições todos os dias, a forma do objeto fora mudada diversas vezes para melhorar a sua impermeabilidade. Foi precisamente por causa desses tipos de testes que o Activity de Pocky, o cachorro de Ishihara, foi capaz de sobreviver a um mês fora na chuva. Se naquele momento o dispositivo ainda não estivesse funcionando, é possível que Ishihara não tivesse se inspirado para usá-lo em Pokémon.

De volta aos jogos, houve uma série de questões que Morimoto teve em mente quando trabalhou nos remakes. A primeira coisa que ele sabia que precisava ter em mente era o respeito aos sentimentos das pessoas que tinham jogado Pokémon Gold & Silver dez anos atrás. Morimoto acredita que os jogadores têm memórias muito fortes do jogo, por isso eles deveriam pensar em coisas como “Ah, este treinador ainda é forte” e “Se eu fizer isto aqui, isso vai acontecer”. Morimoto queria que as pessoas que tivessem jogado Pokémon dez anos atrás fossem capazes de sentir uma verdadeira sensação de familiaridade quando jogassem o novo Pokémon. Mas ao mesmo tempo há um grande número de jogadores que não tinham conhecimento sobre Gold & Silver e que portanto jogaram Pokemon pela primeira vez no Game Boy Advance e no Nintendo DS. Enquanto o jogo era criado, todos estavam conscientes de que precisavam fazê-lo de modo que esses gamers pudessem jogar com a sensação de que HeartGold & SoulSIlver era um jogo totalmente novo.

Nós não estamos falando simplesmente de um remake de Pokémon Gold & Silver. Os produtores estavam extremamente vorazes com as novidades desta vez. Basicamente, eles incluíram todos os elementos de jogo que tinham estado presentes em Pokémon Diamond, Pearl e Platinum. Características que não estavam em Pokémon Gold & Silver. É como se eles tivessem feito uma seleção das melhores coisas da série no Nintendo DS. E além disso, também fora acrescentado o acessório Pokéwalker. Na tentativa de incluir todos esses recursos no framework de HeartGold & SoulSilver, houve uma série de elementos que pareciam se ajustar muito bem. No começo, Morimoto fora bem otimista e vira a possibilidade de portar os elementos online de Pokémon Platinum para que o jogador conseguisse jogar normalmente. Por jogar online pode-se dizer, como exemplo, um máximo de vinte pessoas que se reúnem no Wi-Fi Plaza para jogarem juntas. Agora, é muito fácil dizer que a equipe usou o original Pokémon Gold & Silver como base e adicionou elementos do Pokémon Diamond, Pearl e Platinum, mas não é realmente tão simples como parece. O fato de Morimoto ter estado tão otimista foi a razão dele ter conseguido incluir todas as características que ele queria.

Aos jogadores do passado e presente…

Passaram-se exatos dez anos desde que Pokémon Gold & Silver foram lançados. As meninas e os meninos que jogavam Pokémon naquela época hoje são adultos completamente crescidos. Mas Iwata tem a sensação de que mesmo as pessoas que já não jogam Pokémon há muito tempo estão sujeitas a pegar HeartGold & SoulSiver pensando “Ah, isso me leva de volta…”.

Os recém-graduados que entram na Nintendo agora são exatamente as pessoas que teriam jogado uma vez Pokémon Gold & Silver. Assim, se os novos funcionários da empresa estão com vinte e dois anos, eles teriam tido doze na época. Foi por isso que quando se foi falar com eles sobre os novos jogos, pôde-se ver os seus olhos brilhando de emoção ao que eles perguntavam “Nós vamos começar a fazer isso de novo?”. Quando Ryo Ishikawa, o golfista profissional, estava no primário, ele escreveu: “No futuro, quero ser um jogador de golfe ou um mestre pokémon”. Claro, é muito melhor que ele tenha se tornado um jogador de golfe profissional! Ele tem dezessete anos agora, então é possível imaginar que todo o tempo em que ele esteve na escola primária, ele teria jogado Pokémon Gold & Silver. Ishihara realmente deseja que os pequenos que tinham sete ou oito, ou talvez dez anos, jogassem o novo Pokémon HeartGold & SoulSilver no Nintendo DS, agora que uma década se passou. Com a adição do novo dispositivo, o Pokéwalker, ele acredita que eles irão desfrutar não simplesmente por um sentimento de nostalgia, mas porque eles podem ver a maneira com que a série tem evoluído.

Os títulos originais foram lançados para o Game Boy Color, então com o Nintendo DS temos um avanço de duas gerações. Num recado aos jogadores, Morimoto manifestou o seu desejo de que os títulos HeartGold & SoulSilver fossem tão aproveitados quanto possível. A equipe de desenvolvimento foi muito generosa na quantidade de elementos de jogabilidade que foi implementada. Há muito o diretor ouvia: “Tem certeza de que devemos ir tão longe com um remake?” Nesse sentido, não é simplesmente um remake - é muito mais que isso. A amplitude do jogo foi aumentada em muito pela inclusão do Pokéwalker. Há tantos elementos incluídos que você pode quase querer dizer: “Isso é realmente apenas um add-on?”. Ishihara-san expressou a sua vontade de ver os pais e seus filhos, juntamente com os avós e netos, desfrutando de uma divisão de papéis, como o neto que diz: “Vovô, você poderia usar isto quando sair para um passeio?” Você pode jogar junto com outras pessoas ou assumir ambos os papéis sozinho. Como cada cópia do jogo terá o seu Pokéwalker incluso, será interessante ver como os jogadores irão usá-lo para aumentar a sua fruição no game. E ainda há todo o barulho em torno dos pokémons lendários Entei, Raikou e Suicine. Eles não serão fáceis de se apanhar.

O que é interessante é que desta vez teremos jogadores provenientes de ambos os pontos de vista: haverá os jogadres que lembram de tudo de uma década atrás, e também aqueles que pensarão: “Que tipo de pokémon é esse?!”. Essa coexistência permite a possibilidade dos jogadores com experiência de dez anos atrás darem dicas sobre o jogo aos recém-chegados.

E os trading cards de Pokémons também recebem uma nova série de cartas, para fechar o ciclo. Há agora novos tipos de arte, que devem ser do aprecio de todos. Quando Ishihara fez Pokémon Gold & Silver dez anos atrás, ele disse que pensava nos jogos como a linha de chegada. Mas a maneira com que ele está falando agora faz parecer que essa meta ainda está muito longe. Parece? Pois é isso mesmo…

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Ricardo tem 19 anos, é estudante de Administração, mora em Curitiba e ama tanto música pop que decidiu dedicar o seu tempo livre para a criação de um blog só sobre o assunto! Vícios atuais: Ladyhawke, Ke$ha, Little Boots, La Roux, VV Brown, Frankmusik e Dan Black. Sua cor preferida é lilás e seu filme preferido é O Poderoso Chefão.
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