Mais do que grandes vilões de jogos, gosto muitas vezes quando os próprios protagonistas se transformam em adversários. Quando joguei Pokémon Gold, em meados de 2000, vibrei quando descobri que o jogo não terminava na tradicional E4, no maior torneio de treinadores. Gostei, depois de conhecer Johto, em perambular pelas paisagens nostálgicas do continente Kanto e encontrar, por fim, o treinador Red (o equivalente ao Ash do desenho animado), que você controlava nos primeiros jogos da franquia.
Quando seu adversário não é um vilão propriamente dito, vemos que a história não é aquele amontoado de clichês de bem contra o mal. A geração do novo milênio dos bichinhos de bolso colocou esse enredo naquela época, transformando a própria batalha num grande esporte. Além disso, você visualiza um personagem que você incorporou anos antes, com bichos similares aos do seu save no cartucho antigo, batalhando com estratégia. A emoção aumentava no telão do Pokémon Stadium 2, no meu antigo Nintendo 64.
Mas escrevo sobre isso não apenas por conta dos jogos com bichos de bolso. Devil May Cry 4, Metal Gear Solid 2 e diversas outras sequências, dentro e fora da plataforma Nintendo, nos colocam fora dos protagonistas originais para que os observemos como personagens também. Essa perspectiva dá uma maior complexidade para uma história simples.
Por esse motivo de enredo, adorava ver também quando Red, em um final desesperado, jogava seu Pikachu nível 81. Quando derrotava o bicho elétrico, vencia o campeão que fui no game anterior. E jogar videogames é isso, quando há uma narrativa complexa: em algumas situações, você é obrigado a enfrentar um personagem seu, no passado. Acontece com Pokémon, assim como em World of Warcraft em relação aos seus jogos antigos. São enredos ricos.
