Enquanto Isso: você conhece o Kodu Game Lab?

em 13/02/2010

Talvez por sua hegemonia, suas estratégias agressivas no mercado ou até mesmo pelo dito monopólio na produção e distribuição de softwares... (por Jones Oliveira em 13/02/2010, via Nintendo Blast)

kodu-game-lab

Talvez por sua hegemonia, suas estratégias agressivas no mercado ou até mesmo pelo dito monopólio na produção e distribuição de softwares, criou-se uma ideia, uma visão negativa crônica sobre a Microsoft e os produtos que ela desenvolve. O “vício” é tamanho que muitas vezes ficamos cegos e não percebemos que muitos produtos legais e interessantes são lançados. É tanto que acredito que pouquíssimas pessoas que acompanham a indústria e que estão por dentro de cada “entranha” dela saibam da existência do Kodu Game Lab, um produto genuíno da Microsoft Research.

 

Microsoft Research

Porém antes de conhecermos o Kodu Game Lab, acredito que cabe um rápido parênteses sobre o que é e o que é desenvolvido dentro da Microsoft Research.

Criada em 1991, a Microsoft Research é uma divisão da Microsoft que tem como objetivo observar o “mercado” procurando por seus maiores problemas e propondo soluções bastante interessantes para esses problemas. Por meio de pesquisas financiadas por Redmond, a Microsoft Research já desenvolveu e lançou inúmeros projetos – uns mais triviais, alguns extraordinários e outros que você se pergunta “como eles fizeram isso?”.

Fugindo um pouco do propósito do artigo, podemos exemplificar algumas dessas soluções citando o Photosynth, que lhe permite criar ambientes 3D a partir de fotos tiradas por sua câmera digital comum; o Deep Zoom, que permite dar zooms “infinitos” nas imagens a partir de várias imagens; e as incríveis tecnologias que já estão sendo desenvolvidas e que são mostradas nos vídeos da série “Glimpse Ahead” da Microsoft Office Labs.

 

O Kodu Game Lab

kodu-game-logo Dentre os inúmeros produtos da Microsoft Research, eis que surge um bem peculiar – o Kodu Game Lab. Lançado no 1º dia de julho de 2009, o “jogo” (se assim o podemos considerar) foi “solto” na Live sem nenhum alarde custando apenas 400 Microsoft Points (R$ 10). Sua proposta, nas palavras do seu idealizador, Matt MacLaurin, é “oferecer uma linguagem de programação visual para crianças” por meio de um jogo visualmente rico, bem colorido e de fácil compreensão.

No Kodu, o jogador é capaz de criar um jogo completo sem sequer conhecer uma linguagem de programação, algoritmo ou lógica computacional. Tudo é feito com base em condições apontadas pelo jogador: “se ‘personagem tal’ vir isso, faça aquilo”, “se ‘personagem tal’ ouvir aquilo, faça isso”, “se ‘inimigo X’ tocar em ‘personagem tal’, faça aquilo outro”. Tudo é feito na base do “se”.

matt_maclaurin_picTudo é apresentado ao jogador em forma de ícones coloridos, divertidos e intuitivos. As condições “quando” se apresentam na coloração verde, enquanto as ações “faça” aparecem em azul na tela, o que ajuda bastante crianças assimilarem e distinguirem uma coisa de outra.

 

Buy-Kodu

Os tutoriais em vídeo foram deixados de lado e a Microsoft optou por tutoriais interativos em que as coisas são mostradas sendo feitas “ao vivo”, podendo o jogador pará-lo e modificar o que está sendo feito da maneira que quiser. Uma boa forma de estimular os jovens aspirantes a programadores a interagir desde o primeiro momento.

old_5F00_school_5F00_kodu-thumb-500x276-21819 Uma das primeiras tarefas que temos ao iniciar no Kodu é aprender como atrair um objeto a outro e definir a ação que um desempenhará no outro. Isso é basicamente tudo o que você precisará para desenvolver o seu jogo dali para frente.

Com um editor de mapas totalmente interativo, o jogador ainda poderá criar o seu mundo do maneira que quiser, do tamanho que quiser e com o que quiser. A criação é estimulada a todo tempo e a qualidade do jogo dependerá única e exclusivamente dela.

 

As limitações

Porém como nem tudo são flores, o Kodu tem lá suas limitações. Por exemplo, não é possível importar modelos 3D criados em outras aplicações – é obrigatória a utilização dos modelos disponíveis no jogo. Também existe uma limitação quanto a quantidade de ações simultâneas que podem ocorrer no jogo (o que não confere realmente um problema, pois são muitas que são possíveis).

Kodu-Playground Mas como para tudo se dá um jeito, há maneiras de contornar esses problemas simplificando ainda mais as ações do seu personagem. Um exemplo dado pelo próprio MacLaurin é que “é mais eficiente fazer com que os personagens reajam a algo ouvido do que visto, já que algo pode impedir o campo de visão dele”.

Tais limitações, entretanto, não impedem que jogos magníficos sejam criados. Um bom exemplo deles é o Busch Stadium, do já famoso usuário tavishhill2003, que representa o estádio real do time de baseball St. Louis Cardinals e que foi modificado por outro usuário e se tornou em um mini-GTA com carros, helicópteros e tudo o mais.

Inclusive uma das limitações do Kodu se tornou uma de suas peculiaridades. Por ter sido lançado pela Microsoft Research, o “jogo” foi colocado na Live como se fosse um jogo independente, meio que alheio à Microsoft (talvez por isso não tenha causado tanto alarde). Por falta de recursos da Research em manter uma equipe para que houvesse um servidor central para armazenar e redistribuir as criações dos usuários, foi incluida uma forma de compartilhamento já conhecida por todos nós, a P2P.

159971 Os jogos criados no Kodu podem ser salvos e disponibilizados na Live via P2P, o que torna o XBOX 360 de cada jogador em um servidor. Sendo assim, ele pode ser distribuido e modificado sem custo algum. Indagado pela Edge sobre esse tipo de compartilhamento, MacLaurin disse que por se tratar de uma ferramenta gratuita (se comparados aos US$10.000 gastos por um kit de desenvolvimento), essa foi uma forma de evitar que os jogadores abusem da plataforma, não gerando problemas tanto para o usuário, quanto para a Research que é responsável pelo que é desenvolvido no Kodu.

Para tanto, foi desenvolvida uma comunidade onde você vê seus amigos e os jogos que estão sendo compartilhados por eles, podendo baixar, modificar e redistribui-los. Mais uma vez, uma boa forma de estimular a criatividade e o proliferação de novos jogos.

Como a maioria das soluções da Microsoft Research, o Kodu se mostra um produto extremamente interessante tanto para quem é caixista, quanto para quem não é. A primeira versão foi disponibilizada na Live e, apesar da timidez e pouco “auê” causado no lançamento, já rendeu mais de 200 mil downloads e uma versão em fase de testes que pode ser baixada no site oficial para PC.

Kodu_Winner_Snap Apesar das limitações (cujas soluções já foram prometidas para a versão 2.0) - que eu considero mínimas frente a sua proposta - o Kodu é uma excelente ferramenta de aprendizado para os pequeninos que descobrirão como fazer o seu próprio jogo de maneira bem divertida. E se você não se encaixa no perfil infantil, não desanime! Os melhores jogos são desenvolvidos pelo público “mais experiente” (vamos assim dizer) que sempre acham uma forma de burlar as limitações e surpreender com seus “arranjos técnicos”.

Então, o que você está esperando ai para fazer o seu Kodu hoje mesmo?


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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