Desde a última E3 em junho do ano passado não se fala em mais nada em Redmond a não ser no Project Natal. Anunciado no dia 1º daquele mês, o Project Natal desde o início causou euforia e ceticismo entre os especialistas, gamers e entusiastas por tecnologia. Mas porque tanto frisson, tanta euforia, tantas críticas e opiniões a respeito dele?
Não é de hoje que se tenta trazer aos gamers uma nova experiência de jogo, substituindo os controles tradicionais por controles capazes de ‘ler a mente’, movimento das mãos e movimentos do corpo. Não, essa história de captura de movimentos não é história de hoje, mas de muito tempo mesmo. Na época do Atari 2600/7600 tivemos o Mindlink, que se propunha ler a mente dos jogadores (pura estratégia de marketing – na verdade ele só lia o movimento das sobrancelhas), com o Super Nintendo tivemos a ridícula, porém bonita e futurística, Power Glove e com o Mega Drive tivemos o Sega Activator que se propunha a capturar os movimentos dos jogador com sensores infravermelhos montados no chão. Mais recentemente tivemos as câmeras Dreameye para Dreamcast e EyeToy para o Playstation 2. Mas enfim, foi muita coisa que, apesar dos esforços das suas respectivas empresas, simplesmente não funcionaram, não colaram.
Somente muito recentemente com o lançamento do Nintendo Wii e o, antes de revolucionário, funcional Wiimote, finalmente todos perceberam que realmente dá para fazer algo que fuja do convencional, que entretenha de verdade, que renda alguns “trocados” e que funcione de verdade. De repente a Nintendo mostrou o caminho das pedras para Sony e Microsoft.
Durante a última E3, realizada em junho do ano passado, a Microsoft saiu com o Project Natal, indo bem além daquilo que foi apresentado pela Sony e o que temos hoje com o Nintendo Wii. Muitos ficaram impressionados com o que viram (também, a Microsoft é especialista em fazer apresentações), outros ficaram se perguntando se aquilo era viável, outros quando seria lançado e outros tantos simplesmente disseram que não era possível.
Porém, no último grande evento tecnológico, a CES 2010, a Microsoft veio a público para anunciar que o periférico está em fase final de desenvolvimento, que não existem mais os lags que foram notórios durante a E3, que o periférico custará entre 40 e 59 dólares e que seu lançamento ocorrerá no último bimestre de 2010, mais provavelmente no Natal.
Pois bem. Mesmo com essas notícias animadoras, muitas pessoas continuam céticas quanto ao periférico e desconfiam se realmente ele cumprirá com o que promete.
É notório o esforço da Microsoft para promover o periférico. Primeiramente Redmond espera vender 5 milhões de unidades já no lançamento e para isso com certeza estará assumindo uma grande parte dos custos de venda do Project Natal - 40~59 dólares para uma aparelho como esse é extremamente pouco. Tal qual a Sony fez, e faz, com o Playstation 3, haverá um subsídio enorme para que o aparelho chegue acessível aos consumidores e se espalhe o mais rapidamente possível entre os donos da Caixa.
Particularmente acredito que o Project Natal tenha tudo para dar certo, mesmo com tantos exemplos que nos levem a acreditar o contrário. A Microsoft não é boba e sabe o que faz. Nos anos 1980 soube exatamente quando atacar e entrar no mercado de hardware, subsidiando e produzindo o famoso MSX que lhe rendeu milhões e a padronização da arquitetura dos computadores pessoais. Mais recentemente, com a certeza de que a indústria dos vídeo games estava suficientemente sólida e alheia a qualquer crise, soube entrar no mercado de consoles domésticos e cá está até hoje como uma gigante, mesmo com tão pouco tempo no ramo.
Com o Project Natal vejo que não poderia ser diferente. Já li muita coisa porai a fora, de diversos autores, afirmando que a atual geração de consoles ainda ficará aí por bastante tempo. Porém o Xbox 360 já começa a demonstrar sinais de cansaço: seu hardware já está perto do limite, sua midia não ajuda muito e ultimamente a única coisa que vem gerando bons lucros a Redmond é a Live. O Project Natal viria na hora certa, hora em que o PS3 começa a avançar e a conquistar o mercado, dando um tapa no ciclo de vida do console.
Nos resta esperar para ver se realmente o ano de 2010 e 2011 serão o que Robbie Bach, presidente da divisão de entretenimento da Microsoft, considera os “melhores anos do Xbox 360”. Como dono de uma Caixa, particularmente acredito nisso. E vocês leitores do Blast? O que acham?