O lançamento do GameBoy em 1989 teve duas consequências principais para a indústria dos games. A primeira foi que ele popularizou esse tipo de hardware de uma forma bastante positiva. Positiva porque a empreitada da Nintendo destoava dos portáteis até então existentes – que em grande parte possuíam um limite pré-determinado de games em sua memória. O GB foi realmente o primeiro console portátil, afastando-se do conceito de minigame do Game & Watch.
Tanto sucesso também teve um ônus para a indústria. Ao mesmo tempo em que mega popularizou o formato, o GB praticamente engoliu seus concorrentes. Ao longo de sua história, várias produtoras diferentes lançaram concorrentes para o portátil da Nintendo. Alguns deles são conhecidos, outros os fãs mais ardorosos terão que fazer um pouco mais de esforço pra lembrar, mas nenhum deles realmente conseguiu chegar a pé de igualdade.
Pois bem, um desses consoles que acabou bastante encolhido foi o NeoGeo Pocket, criação da SNK. Lançado em novembro de 1998 apenas no Japão, ele foi o primeiro console portátil a contar com um processador de 16bit. Horizontal (assim como o GameGear da SEGA), o NGP trazia um direcional, dois botões de ação, além dos tradicionais botões para pause e power. O formato era bastante parecido com o GameBoy (obviamente se rotacionado) assim como o peso e as cores. O processador principal era o TLCS-900h da Toshiba, que atingia 6,114MHz (contra 4,194304 Mhz do Game Boy). Apesar de 50% mais poderoso, o NeoGeo Pocket acabou sendo um erro em dois sentidos: primeiro porque insistia em uma tela monocromática e segundo porque não possuía iluminação própria.
Mesmo com problemas técnicos, o console teve até um certo destaque no Japão, até que menos de um ano depois, em março de 1999, a SNK corrigiu em parte os problemas iniciais do seu portátil. Mesmo que tenha mantido a falta de iluminação própria e o mesmo processador, a SNK adicionou uma nova versão com uma tela de 2,6 polegadas e capacidade de exibição de até 146 cores simultâneas de um total de 4096 possíveis. Era o Neo Geo Pocket Color e consequentemente o fim dos games monocromáticos. Com suporte aos games lançados para o primeiro modelo, o Neo Geo Pocket Color chegou a ter um lançamento americano e europeu ainda no ano de 1999. O sucesso não foi o esperado, nem em terras japonesas, nem no ocidente.
Na segunda metade de 1999, o NGPC alcançou seu melhor período. Com a chegada de séries de peso como Sonic e Metal Slug, o console ganhava dezenas de títulos interessantes e de qualidade. Infelizmente o fôlego acabou rapidamente e em poucos meses não se ouviu mais falar dele. Ao longo da vida do portátil, apenas 2 milhões de unidades chegaram as mãos de consumidores mundo afora. É pouco se compararmos que o GBC chegou a vender essa quantidade em apenas um mês.
Peça de colecionador, o NGPC tornou-se uma verdadeira relíquia. É um console interessante e com vários games acima da média. Alguns deles você vai relembrar agora:
The King of Fighter R1/ R2 – As versões miniaturizadas da série foram lançadas ainda para a primeira versão do console. Desenvolvidas pela própria SNK, apresentavam belos sprites, boa trilha sonora e uma seleção de personagens bastante amigável. Apesar da sensação de faltar botões para se aplicar os golpes, TKOF R é um clássico cult da série, mesmo que tenha ficado restrito a um público muito pequeno.
Sonic the Hedgehog Pocket Adventure – Um dos games mais festejados do portátil, Pocket Adventure tem tudo as características que um Sonic em 2D sempre deve teve: muita velocidade e movimentos precisos. O desenvolvimento ficou por conta do próprio Sonic Team, que voltou as origens, sendo responsável pela criação de um game acima de qualquer suspeita. Divertido e bonito, o game só tinha um defeito: acabava muito rápido
Gals Fighters – Desenvolvido pela SNK, Gals Fighters era um game só com garotas, vindas das séries de maior sucesso da empresa. De Fatal Fury a Samurai Spirits, várias lutadoras se engalfinhavam, em uma engine que se assemelhava a TKOF R2. Com um visual bem trabalhado, o game garantia horas de diversão, apesar da jogabilidade ainda ser muito presa.
Rockman Battle & Fighters – Port do game homônimo vindo dos arcades, esse pode ser considerado um ótimo exemplo de game divertido e ao mesmo tempo simples. Destaque para o modo multiplayer via cabo link que possibilitava disputas acaloradas entre os jogadores. Outro destaque era o visual, que mesmo tendo perdido detalhes com relação a versão original, era muito bem animado.
Metal Slug/ Metal Slug: Second Mission – Dois dos melhores games que se pode encontrar no console. Seguindo o esquema vitorioso da série, conseguiram fornecer a mesma experiência – só que pela primeira vez em um portátil. O visual era muito bom, assim como o design de fases e inimigos. Clássico, que infelizmente poucos jogaram.
SNK vs Capcom: CARD Fighters – Talvez o melhor 
game do console, CARD Fighters seguia o modelo Trading Card, só que com os personagens das duas produtoras. Sólido e muito complexo, o título fez um grande sucesso na imprensa especializada, chegando a ser eleito um dos melhores games de 1999. Foi o primeiro título de uma longa série de títulos que confrontaram personagens da Capcom e da SNK. Ano passado, CARD Fighters ganhou uma continuação para o DS que não conseguiu cumprir as expectativas.
SNK vs Capcom – Além de um Card Game, a SNK ainda acabou lançando um dos games de luta mais complexos do portátil. Além de usar os mais belos sprites que apareceram no console, SNK vs Capcom trazia uma lista enorme de personagens e três modalidades de luta diferentes: 1 vs 1, 2 vs 2 ou 3 vs 3. Além de poder ser linkado com a versão para Dreamcast da série, o game ainda trazia vários extras para serem destravados. Outro clássico instantâneo.
Ogre Battle Gaiden: Legend of the Prince Zenobia – Spin-off da série principal, Ogre Battle Gaiden foi um dos únicos games do gênero que chegaram ao console. Ele chegou a ter se u lançamento confirmado para o ocidente, mas devido ao fracasso do console por aqui, teve sua localização paralisada. Desenvolvido pelo time principal da Quest, é um dos games mais complexos que chegaram ao console.
