A Nintendo revelou na E3 2009 que New Super Mario Bros. Wii será o primeiro jogo a suportar o modo DEMO PLAY. Com ele, o jogador que encontrar dificuldade em certo ponto tem a opção de permitir que o computador assuma a ação e passe por aquele ponto. Depois, o jogador volta ao controle da ação.
Não temos mais detalhes sobre o funcionamento da ferramenta como identificação de seu uso no Save ou Ranking, possibilidade de assistir à solução e então tentar fazer sozinho, entre outras dúvidas.
Talvez essa seja a razão de haver tantos comentários negativos por parte dos jogadores – em especial os tais ‘hardcore’, que enxergam o DEMO PLAY como uma forma de a Nintendo estragar mais ainda seus jogos, tornando-os fáceis demais e eliminando o desafio.
Agora paremos e pensemos um pouco: se há uma forma de ajudar aquele jogador menos experiente e que antes tinha receio de encarar um Mario Galaxy ou mesmo Zelda, isso não significa que mais pessoas poderão apreciar títulos ‘tradicionais’?
Mais ainda, se o DEMO PLAY é opcional, porque tanta gente reclama de sua existência? Basta nunca usá-lo e assim o ‘hardcore’ mantém sua imagem de durão, que não precisa de ajuda e manja tudo de games.
Lembro muito de Wii Sports Resort nessa questão. Com o Motion Plus, fiquei pasmo com a precisão que alguns modos oferecem, em especial o de espadas e o pingue-pongue. Porém, conhecidos meus que não se importavam com isso continuaram jogando com movimentos exagerados (o tal ‘waggle’).
Eles estavam errados? Claro que não, pois o sorriso estava estampado em seus rostos e, para eles, aquilo era divertido. Eu continuo jogando com técnica e eles continuam brincando como quiserem.
DEMO PLAY é a mesma coisa. Na verdade, é muito mais. Ele não apenas é opcional, mas é a chance que a audiência expandida do Wii tem de aproveitar outros tipos de jogos além de Wii Sports, Wii Fit e afins. Mesmo Mario Kart Wii é super simples.
New Super Mario Bros. no DS é extremamente divertido mas tem partes cabeludas para os que vão atrás de todas as moedas douradas. Imagino que no Wii a situação será a mesma.
Mas além disso, Mario nunca foi um game fácil demais, pois certos pulos precisam ser muito calculados. Para mim ou você isso não parece tão desafiador, mas encare do ponto de vista do novo jogador, da mamãe e do papai, até da vovó.
Essas pessoas vão entender que o botão um pula e o dois corre. Entretanto, como combinar os movimentos no cenário é outra história. Elas não irão ao YouTube ou comprarão um Guia do Jogo. Simplesmente ficarão frustradas e voltarão para Wii Fit.
Poder VER o que deve ser feito é valioso para quem está aprendendo – o ser humano aprende por observação e repetição. E para o jogador que não é dos ‘hardcores’ não incomoda o fato de usar uma ajuda, de pular uma parte difícil. Ele não tem o mesmo ego que nega auxílio a qualquer custo.
Não acho que o DEMO PLAY deva ser encarado como a salvação final; só que seu poder de transformar o novo público em jogadores mais avançados é inegável. Mais ainda, ele serve como ótimo pretexto para a Nintendo – e terceiras – expandirem ainda mais as vendas de títulos.
O que a Nintendo está fazendo nessa geração é aplicar uma estratégia concisa e de longo prazo, com a meta de AUMENTAR o número de jogadores EXPANDIDO o mercado. Novos consumidores e novas mentalidades que exigem novas práticas.
A quebra do ‘lugar-comum’ sempre incomoda os mais fissurados em algum assunto e quase sempre eles não percebem que isso é para o benefício de toda uma indústria.
De nada adianta continuar vendendo alguns milhões de jogos que custam muitos milhões para serem feitos. E de nada adianta intimidar seu público alvo com games complexos e exigentes achando que “isso é game de verdade!”.
Games são uma experiência, única para cada ser e impossível de ser replicada. E se alguém quiser uma ajuda para continuar sua experiência de diversão, quem somos nós para dizer que ele está errado?