Análise: Scribblenauts (DS)

em 19/09/2009

Dizem que uma das características que nos torna humanos é a capacidade de sermos criativos. A criatividade nos trouxe um legado de décadas... (por Gustavo Assumpção em 19/09/2009, via Nintendo Blast)

scribblenautslogo22009_thumb[2]

Dizem que uma das características que nos torna humanos é a capacidade de sermos criativos. A criatividade nos trouxe um legado de décadas de superação, evolução tecnológica e porque não, games inovadores. Desde o surgimento da indústria, a fórmula básica dos games é moldada e ampliada – e em alguns poucos casos – revolucionada. Atualmente, poucos são os games que ousam criar uma experiência que realmente soe diferenciada do que comumente vemos. Pense comigo: nos últimos cinco anos quais games você jogou e pode ter a sensação de que era algo único? Tenho certeza que não muitos…

Engraçado que eu estava em um momento completamente descrente com relação aos games. Sempre falava que pra mim essa repetição de fórmulas muito me desagradava e me deixava triste e sem expectativas com games futuros, que só faziam dar aquela sensação de Deja Vú. Pensava que dificilmente algo que saísse agora conseguiria me despertar aquele prazer que games como Final Fantasy, Earthbound, Tetris Attack, Mario, Pokémon, Castlevania, Contra e mais alguns poucos, despertaram. Felizmente, eu estava errado

Eis que uma empresa novata, a 5th Cell, anuncia um ambicioso projeto, de nome espetacularmente escolhido: Scribblenauts. Com a premissa de escrever qualquer coisa para que ela ganhe vida, o game quanto mais aparecia na mídia especializada, mais se destacava. Foi assim até a E3 desse ano, quando a consagração veio retumbante. De uma só vez, o game foi eleito por IGN e Gamespot como o melhor da feira. Mas afinal, o que Scribblenauts tem de tão único? Porque ele se torna tão irresistível? Me permita responder: criatividade.

Apenas um escrevenauta

184949

No início de junho, fizemos aqui no Nintendo Blast uma prévia especial de Scribblenauts onde nós já alertávamos do quão promissor o game era. E agora quando finalmente podemos testá-lo, a grande questão é se ele cumpriu todas essas expectativas depositadas em suas costas. A resposta é sim, mas com ressalvas.

Os primeiros elogios merecem ser feitos logo para a apresentação e a parte técnica do game. O motor gráfico é de uma riqueza de estilo poucas vezes vista no DS, embora o visual em si esteja bem aquém do que comumente se observa no console em games de ponta. A trilha sonora é composta em sua maioria por músicas-chiclete, daquelas que grudam mesmo, e combinam de forma decisiva para ampliar a experiência de jogo. Menus e opções receberam um cuidado todo especial, dando um aspecto polido e bem trabalhado ao projeto.

Para você que não conhece,a idéia principal do game é conseguir coletar os Starites, itens em forma de estrela que são concedidos ao jogador quando ele realiza determinada tarefa. Para isso, o game oferece uma mistura de side-scroller com puzzle, criando ao mesmo tempo uma fórmula simples e funcional. A grande novidade é que o jogador pode acionar a qualquer momento qualquer item que achar necessário para resolver o desafio. Se resolver, ganha o Starite.

Após completar esses desafios, o jogador também recebe uma quantidade de Ólar, a moeda do jogo. Com ela é possível comprar itens na "Loja do Ólar". Lá é possível adquirir desde avatares para o herói Maxwell, até dezenas de músicas diferentes.

Ainda após o desafio, o jogador recebe Méritos de acordo com o seu desempenho. São exatamente 100 Méritos possíveis que são concedidos quando certas circunstâncias são atingidas – desde não usar armas de fogo até conseguir o Starite sem usar nenhum item. Conseguir todos eles é uma tarefa das mais difíceis,até mesmo para os mais criativos.

Aliás, quem pensa que o game é fácil está redondamente enganado. Em fases mais avançadas, é exigido do jogador uma perícia e planejamento enorme na decisão de quais itens usar. E isso ao longo de todas as dez localidades diferentes, cada uma delas com onze desafios. A ambientação de algumas merece elogios rasgados – principalmente nas mais avançadas.

Uma das maiores preocupações dos jogadores brasileiros – o modo em português – merece MUITOS elogios. É lógico que vez ou outra uma frase parece mais estranha ou grafada errada, mas isso acaba se tornando muito pouco ao podermos perceber que é um trabalho muito complexo, já que a língua é a base da jogabilidade do game.

Faça você mesmo

182445O game possui dois modos de jogo principais: aquele nos quais o jogador completa as fases e depois quando é possível que ele as edite. Aliás, esse editor de níveis é uma sacada muito bem pensada e recheada de possibilidades, já que as opções são amplas e funcionais.

O jogador pode escolher o número de itens que devem ser usados pelo jogador, onde estará o Starite e qual objetivo deve ser cumprido para consegui-lo. É lógico que as possibilidades dificilmente permitem que o jogador crie fases na mesma complexidade das criadas pela equipe de desenvolvimento. Mas quem for criativo de verdade, consegue se virar bem com o que é proposto e criar boas opções. Depois ainda é possível disponibilizar suas criações para seus amigos via Wi-Fi Connection e ainda baixar fases criadas por outros usuários.

Uma borracha pra apagar os erros

Com tantas possibilidades e tamanha grandiosidade, é meio injusto que o controle em si de Maxwell seja tão problemáticos. A 5thCell optou por controles realizados somente com a Stylus, então nada de funções no D-Pad e nos botões. Embora essa escolha tenha oferecido dinamismo, ofereceu também imprecisão.

Não são raras as vezes que os comandos não são entendidos pelo game da forma como você pensou executá-los. Várias vezes quando tentar usar um item você vai é conseguir jogar ele fora – o que depois de um tempo irrita a paciência de qualquer um.Outro problema é a dificuldade para caminhar. Qualquer toque na tela e lá vai Maxwell correndo como um louco. Não há meio termo na movimentação do herói, o que prejudica muito em fases mais avançadas ou que exigem mais precisão. Infelizmente, esse problema com os controles tira um pouco o brilho do game. Não a ponto de ser uma justificativa pra deixar de experimentar a experiência que ele proporciona. Mas é um erro de concepção que deixa aquela sensação "isso poderia ser muito melhor…".

Mesmo assim, Scribblenauts é um game tão rico de detalhes e tão intenso e inovador que deve ser obrigatório para todo dono de Nintendo DS. Mas prepare-se para usar toda a sua imaginação: o game não perdoa quem não consegue ter atitudes novas em cada boa parte das situações. É um game que possui um "feeling" imenso e que cativa como há muito tempo eu não vi.

Scribblenauts já escreveu seu nome na história.

184948184950184951 184952 184958

Scribblenauts – Nintendo DS – Nota Final: 8.8

Gráficos: 8.5 Som: 9.0 Jogabilidade: 8.0 Diversão: 9.0

Siga o Blast nas Redes Sociais

Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).