Blast from the Past: Metroid II: Return of Samus (GB)

em 27/07/2009

Por romulo Exceção à Regra Antigamente os portáteis não costumavam receber jogos “oficiais” de grandes franqu... (por Nintendo Blast em 27/07/2009, via Nintendo Blast)

Por romulo

  • Exceção à Regra

Antigamente os portáteis não costumavam receber jogos “oficiais” de grandes franquias em evidência nos consoles de mesa. Na grande maioria das vezes os jogos portáteis eram histórias paralelas, ou, no melhor caso, adaptações ou portes das versões oficiais. A série Metroid é uma exceção. Talvez por inicialmente não ter dado muita importância à franquia criada pelo saudoso mestre Gumpei Yokoi, a Nintendo resolveu lançar a seqüência direta do primeiro Metroid do NES exclusivamente para o Game Boy (o primeiro modelo, monocromático). Não que o Game Boy não merecesse um jogo deste naipe, mas essa decisão alienou uma verdadeira legião de jogadores, que não tiveram acesso a esse obscuro capítulo da saga, que, se não é absolutamente necessário para compreender a mitologia da série, é no mínimo um jogo essencial para os fãs de Metroid. O curioso é que Metroid 4 (Metroid Fusion) também foi lançado exclusivamente para outro portátil, o Game Boy Advance, mas neste caso até existe uma explicação convincente: quando o jogo foi lançado, a única plataforma em que jogos 2D ainda faziam sucesso era o GBA.

Também por outro motivo Metroid II acabou tornando-se uma exceção. Quando, em 1998, a Nintendo lançou o Game Boy Color, praticamente todos seus blockbusters monocromáticos ganharam versões “deluxe”, ou seja, versões em cores. Isso aconteceu com Mario e Zelda, por exemplo. Um dos únicos que fugiram a esta regra foi exatamente Metroid II. O jogo foi vítima de um erro estratégico inexplicável da Nintendo, que, de uma hora para outra, resolveu que a série Metroid não fazia mais parte de suas prioridades. Com isso, não só os proprietários do GBC ficaram sem sua versão “deluxe”, como também os detentores do N64 não tiveram o prazer de receber um jogo da franquia (pelo menos Samus deu as caras em Super Smash Bros...). Felizmente, com o tempo, a Nintendo percebeu a bobagem que havia cometido e deu total apoio ao ressurgimento da franquia, que hoje é sem dúvida uma das mais importantes do mercado.

Como a esmagadora maioria dos jogadores não teve acesso a essa raridade que é Metroid II: Return of Samus, resolvi escrever esta análise, para quem sabe incentivar pelo menos os fãs da série a tentar jogá-lo, nem que seja por emulação...  

  • Dedetização no Espaço...

Que Samus Aran é uma caçadora de recompensas todo mundo sabe. E que suas principais missões dizem respeito a caçar os famigerados metroids, também. Mas Metroid II exagera nessa premissa... Sua missão é explorar incansavelmente o planeta lar dos metroids, SR388, para erradicar os 39 metroids que restam por lá. Simples assim...

O jogo praticamente não possui história, pegue seu GB e prepare-se para ir de sala em sala (e dar voltas e voltas no melhor estilo Metroid) procurando suas presas e dando cabo delas. Metroid II foi lançado em 1991, então até nem dá pra citar essa orientação como um defeito, pois nesta época os jogos realmente não passavam muito disso. Somando-se o fato de que é um jogo portátil, e naquela época, mais ainda que hoje, existia uma cultura geral que jogos portáteis deveriam ser os mais simples possíveis, dá pra entender porque o jogo é tão “espartano”. Pra falar a verdade, a única parte realmente relevante da história de Metroid II é justamente seu final, que todos que viram a abertura de Metroid 3 (Super Metroid) já conhecem...

 

  • Jogabilidade

É curioso... Todos que jogaram o primeiro Metroid e Super Metroid, mas perderam Metroid II, são unânimes em dizer que houve uma tremenda evolução na jogabilidade da série de uma geração para a outra. Na verdade, isto é um engano: a evolução da jogabilidade da franquia foi mais cadenciada do que parece. Super Metroid é realmente bastante evoluído em relação à Metroid, mas apenas uma evolução natural em relação à Metroid II. A partir de Metroid II a movimentação de Samus ficou com a agilidade que temos hoje, e não aquela coisa travada do primeiro Metroid. Além disso, muitos dos movimentos e habilidades atuais de Samus foram incluídos pela primeira vez em Metroid II. Por exemplo, os movimentos básicos de agachar-se e atirar para baixo durante um salto, as habilidades “spider ball” e “spring ball”, a arma “spazer”, etc. Inclusive o sistema de save points, que não existia no original, substituindo as obsoletas passwords.

Mas existe um determinado recurso que deveria ter aparecido já neste capítulo: o mapa. Assim como o Metroid original, Metroid II não possui nenhum instrumento para ajudar o jogador a se orientar. Isso significa que, muitas vezes, você vai ficar totalmente perdido sem saber para onde ir. Se o jogo fosse linear, até não seria um problema tão grande, mas a natureza de idas e vindas constantes existente na série acaba frustrando um pouco a jogatina em certos momentos. Outro recurso que apareceu em Super Metroid e que seria bem interessante já neste capítulo é a habilidade de atirar nas diagonais (como isso faz falta...).

Falando dos controles, eles são bem responsivos. Basicamente você usa o A para saltar, o B para atirar, o START para pausar e o SELECT para selecionar os mísseis. Saltando com o direcional para um dos lados, você dá um salto giratório (que pode ser incremental se você já tiver pego a habilidade “space jump”). Pressionando o direcional para baixo, você se agacha; pressionando de novo, usa a “morphing ball” (disponível desde o início); pressionando novamente, transforma-se em “spider ball” (se já tiver a habilidade). Ou seja, nenhum fã da série Metroid deverá ter qualquer dificuldade para se ambientar aos controles.

 

  • Gráficos

Considerando-se que é um jogo de 8 bits, monocromático, lançado no longínquo ano de 1991, não dá para se exigir muito dos gráficos. Mas, ainda assim, Metroid II é bem competente neste quesito. Samus é bem modelada (dentro dos limites do GB) e os cenários são bem construídos. Os inimigos também são muito bem desenhados, e aparecem em muito boa quantidade em alguns cenários. Aliás, Metroid II mostra muito bem como devem ser projetados os gráficos de um jogo portátil: mesmo na ínfima tela do Game Boy original, não há dificuldade nenhuma para se visualizar nada.

Mas existem dois pontos bem negativos no quesito gráfico. Um deles é a animação, que é realmente muito fraca, bem abaixo dos padrões da Nintendo desde a geração 8 bits. A movimentação de Samus chega a ser risível em alguns momentos... O outro não é culpa da Nintendo, mas sim do hardware do GB: ausência de cores. A ambientação dos cenários fica tremendamente prejudicada pela falta de cores. Eu já frisei que os cenários foram bem construídos (e foram mesmo!), mas, com os tons monocromáticos do GB, um jogador menos atencioso vai achar que todos têm a mesma identidade visual, o que é uma injustiça. Se a Nintendo tivesse lançado uma versão “deluxe”, isto deixaria de ser um problema.

  • Sons

As músicas mantêm o estilo da série e são facilmente assimiláveis pelos iniciados. A maioria é de boa qualidade, apesar de um tanto repetitivas. Os efeitos sonoros já são um pouco menos nobres. Apesar de também manterem similaridade com o padrão da série, alguns são bem desagradáveis. Mas o que tanto as músicas quanto os efeitos sonoros compartilham é uma qualidade técnica questionável. Talvez isso seja um efeito colateral do modestíssimo chip sonoro do GB, mas ainda assim não merece ficar sem nota. No geral, porém, os sons cumprem bem seu papel de ambientar melhor o jogo.



  • Diversão

Metroid II é um misto de ação e aventura com ênfase em exploração. Dito isto, o grau de diversão é diretamente proporcional à predisposição do jogador ao estilo. É sabido que a série Metroid, apesar do prestígio e reconhecimento, não é para todos. Sua estrutura básica de idas e vindas constantes não agrada a grande parte dos jogadores (se bem que é bom frisar que, em Metroid II, estas idas e vindas são menores que o usual, até pela natureza menos hardcore do jogo).

Mas, se existe algo realmente negativo em Metroid II, é a maldita ausência de um mapa! A desorientação reina em vários momentos, com você ficando louco sem saber para onde ir. Se você deixar de jogar por algum tempo e retomar o jogo, aí é que a coisa vai pegar... Haja memória! Tudo bem que pode parecer algo do tipo “ovo de Colombo”, mas vários jogos mais antigos já traziam mapas. Dava tranqüilamente para a Nintendo ter percebido já naquela época que o jogo necessitava de tal recurso.

Deixando os pontos negativos de lado, Metroid II cumpre com louvor aquilo que se propõe a fazer! É uma aventura razoavelmente longa (para os padrões da época), pouco cansativa e sem complicações maiores para quem já está habituado à série. Com certeza merecia ter uma história mais elaborada, mas ainda assim dá pro gasto.

 


  • Conclusão

Metroid II é um jogo portátil à moda antiga, feito para quem não tem muito tempo para dedicar à jogatina, e que não está esperando por nada muito profundo. Mas ainda assim é uma excelente aventura com ênfase em exploração. Para os fãs da série Metroid, é um jogo imperdível, principalmente pelo fato de ser o jogo que definiu alguns dos elementos que se tornaram marca registrada da série. Jogadores menos pacientes, porém, poderão ficar frustrados com a desorientação que acontece de vez em quando pela ausência de um mapa. O certo é que, quem já não gosta de Metroid, não vai mudar sua opinião com Metroid II. Mas, para quem gosta, é uma excelente pedida!

Não ficaria surpreso se a Nintendo resolvesse fazer um remake de Metroid II nos próximos anos, como já fez com o primeiro Metroid, o que seria a correção de uma injustiça histórica com um bom jogo que acabou ficando obscurecido pela incapacidade da Nintendo de reconhecer seu valor. Nota: 8


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