Eternal Darkness foi um dos games que mais teve adiamentos em toda a história da indústria. Produzido por uma empresa até então novata, a canadense Silicon Knights, ele não conseguiu ficar pronto para o 64, console no qual originalmente ele seria lançado. Na E3 2001, eis que ele aparece completamente portado para o então estreante GameCube. Em setembro de 2002, eis que finalmente ele chega as lojas.
Um trabalho de Mestre
Depois de tantos adiamentos, quase ninguém realmente esperava que Eternal Darkness Sanity´s Requiem realmente conseguisse alcançar todos os resultados que eram imaginados. Mas, logo após o seu lançamento, já ficava bem claro que ele não era só mais um game para o console da Nintendo.
A maior das genialidades do jogo, era a presença da barra de insanidade. Trata-se de um medidor no canto superior da tela que indica o nível de tensão do protagonista. Com essa barra atingindo o limite, coisas inusitadas podem acontecer. Algumas delas são realmente perturbadoras, como ver a si próprio se desfazendo em pedacinhos com direito a mutilações, e outras são engraçadas como a clássica falsa tela de início ou então a falsa mensagem de “Parabéns, você completou o game”.
Outro grande trunfo do game está no trabalho psicológico dado a história, que é dividida em 12 personagens principais, fato inédito até o momento. A forma com que o desenrolar desse enredo acontece é excelente.
Basicamente, a história segue os passos de uma jovem garota, Alex Roivas, que ao descobrir a morte de seu avô visita a sua ex-moradia em Rhode Island para os reais motivos do acontecido. Dotada de um temperamento muito forte, ela não se deixa barrar pelos policiais e entra na mansão.
Na mansão, ela encontra um livro, escrito de carne e sangue, chamado The Tome of Eternal Darkness. Nesse livro, ela encontrará a história de cada um dos personagens que já escreveram nele através de todo o tempo. Conforme ela lê um capítulo, você jogará com um outro personagem, com virtudes (a questão psicológica conta muito aqui) e jogabilidade únicas.
Grudges
Devido a barra de insanidade, o seu personagem ficará horas a fio escutando gritos e mais gritos desesperados. A trilha sonora em si é boa, mas o jogo consegue chegar a um nível tão assustador que incomoda. As composições são de Steve Henifin, que fez outras trilhas de sucesso. O som do jogo na parte da mina, por exemplo, composto por gritos e efeitos sonoros de dilaceração é genial!
O visual do game talvez seja o ponto que mais apresente dificuldades técnicas. Apesar de extremamente bem ambientado, há efeitos especiais muito feios (como o do fogo) e animações chapadas e sem vida. Mas mesmo assim, é um dos games mais bonitos da primeira leva do console da Nintendo.
Um design histórico
Um dos detalhes que mais simbolizam o quanto Eternal Darkness é fabuloso é a atmosfera sombria que foi conseguida pelos desenvolvedores. Cada um dos ambientes pelo qual o jogador passará, e isso inclui ruínas persas, localidades na Idade Média, hospitais improvisados e coisas do tipo, foi tão bem criado que chega a impressionar. Uma das principais inspirações do time de produção foram obras da literatura mundial entre elas as de na escritores famosos como Shakespeare ou H. P Lovecraf.
Outro ponto de destaque eram as magias, que em Eternal Darkness não são meras formas de explodir todo mundo na tela. Elas tem funções suplementares e importância fundamental nos puzzles. O sistema parece um pouco complicado no início, mas se torna bem interessante com o passar do tempo.
Muitos dizem que o grande trunfo do game, foi conseguir aliar um belo desenrolar da história com a possibilidade de se jogar com 12 personagens diferentes, o que é ao mesmo tempo dinâmico e inédito. Mas talvez a maior explicação para o sucesso do game seja a intrínseca relação entre a jogabilidade e a história, com uma influenciado de maneira decisiva na outra. Fato raro até mesmo hoje em dia.
Sanity´s Requiem é um game fantástico se levarmos em consideração a inovação que a série proporcionou ao gênero. Bem que poderíamos ver uma continuação da série pintando em breve no Wii…