Lançada oficialmente em 1992 no Super Nintendo, a série Mario Kart parecia mais um daqueles spin-offs que tinham sido feitos só para “encher linguiça” – muitos acreditavam nisso, inclusive eu. Mas não foi bem isso o que aconteceu. A série ganhou fôlego e foi lançada em várias plataformas até alcançar o título de jogo mais importante da indústria do vídeo game há alguns meses. Já são 17 anos de muito pneu queimando no asfalto e gasolina sendo gasta e a série ainda tem muito o que mostrar, principalmente em Mario Kart DS, considerado clássico pelos críticos, por mostrar maturidade e equilíbrio.
Jogo novo com cheiro de nostalgia
Mario chegou com sua turma pilotando karts ao Nintendo DS em 2005 e desde o seu lançamento foi considerado um jogo que agrada a todos os gostos. O jogo trás personagens que já pilotaram karts outrora e outros que dão as caras pela primeira vez. Ao todo são 13 personagens jogáveis: Mario, Luigi, Princesa Peach, Yoshi, Toad, Donkey Kong, Wario, Bowser, Daisy, Dry Bones, Waluigi, R.O.B e Shy Guy.
Cada um dos personagens possuem três karts com características distintas: os Standards que são os karts clássicos conhecidos de outros títulos, os Seletores que recebem os melhores itens, mas são muito lentos; e os Bólides que são muito rápidos mas os itens que recebem são os piores.
Mario Kart DS trás pistas totalmente novas, feitas exclusivamente para o título, com design inovador e alguns desafios bastante interessantes. A mais interessante delas é a pista Waluigi Pinball em que os karts correm em uma mesa de Pinball, com direito a bolas de pinball correndo de um lado para o outro e tudo o mais – além daqueles barulhinhos de pinball. Mas não é só isso.
O novo título também trás pistas já conhecidas dos gamers que acompanham a série desde o Super Nintendo. No modo Grand Prix, existem quatro copas Retro que trazem circuitos do SNES, GBA, N64 e GameCube, todas nos seus traçados originais e com as músicas temas correspondentes – um verdadeiro show para quem curte coisas empoeiradas.
Inovação nos modos de jogo
O jogo é demasiadamente fácil, principalmente para aqueles que já gastaram algumas horas em títulos anteriores. No modo Single Player, os Grand Prix de 50cc são mel com açucar e servem mais como uma adaptação ou teste do novo jogo. O bicho começa a pegar mesmo nas 100cc e 150cc, onde os oponentes ficam bem mais espertos, usam os itens para trapacear bonito e muitas vezes irão te sacanear com estratégias pra lá de absurdas. Mesmo assim quem já joga Mario Kart há algum tempo, não irá encontrar muitos problemas.
Ainda existem o modo Battle com a clássica Baloon Battle e o novíssimo Shine Runners onde 8 pilotos devem coletar itens que aparecem aleatoriamente na arena – uma verdadeira zona, bastante divertida. Ainda há o novíssimo modo Missions onde são apresentados seis desafios com oito provas cada, que testam as habilidades do jogador que devem alcançar alguns objetivos fixos em determinado tempo – talvez esse seja o modo mais difícil, pois exige um pouco mais de dedicação do gamer. Os modos Time Trial e VS. também estão presentes.
O destaque mesmo fica pelo modo Multiplayer em que 8 jogadores podem jogar ao mesmo tempo pelo DS Download Play (um cara com o cartucho pode fazer upload do jogo para os demais amigos que não tenham o cartucho) e pelo DS Wireless Play. Ainda dá para jogar no modo Wi-Fi Connection com mais 3 jogadores conectados à internet – uma sacada muito bacana da Nintendo que aproveita uma das inúmeras funcionalidades do DS. Dá pra fazer uma festa e tanto.
O bom senso prevalece
É inegável que Mario Kart DS se apresenta como um jogo magnífico. Seus gráficos foram muitíssimo bem trabalhados e receberam aquela atenção especial por ser um jogo do nosso querido bigodudo. A trilha sonora também está muito boa – podemos encontrar tanto temas novos quanto temas retros dos circuitos já consagrados. A sonoplastia também foi bem arranjada – no meio de uma corrida dá para saber, pelo áudio, que um casco voador azul está passando por cima de sua cabeça, ou que um casco vermelho está prestes a se chocar com o seu kart. Coisas mágicas que só a Nintendo consegue.
Apesar da atenção especial, alguns deslizes foram cometidos. O jogo apresenta alguns problemas de física perceptíveis até mesmo pelos olhares mais desatentos. Por exemplo, em Waluigi Pinball quando o jogador é lançado pinball adentro, o kart ganha uma velocidade incrível quando no ar, mas perde a velocidade abruptamente quando está chegando ao seu destino – isso ocorre em vários outros pontos do jogo. Em algumas ocasiões, você ainda poderá ser atingido por um casco azul voador, que de uma forma ou de outra encontra um lugar para se chocar e explodir, mesmo você estando em “vôo livre”. Não é comum ocorrer, mas chega a ser frustrante quando acontece.
As capacidades do DS também não foram utilizadas completamente. A tela inferior sensível ao toque não teve nenhuma função específica no jogo, a não ser seleciona item e alterna a forma como o mapa é exibido ao jogador. O microfone foi ridiculamente utilizado na Baloon Battle: você deve assoprar o microfone feito um louco para encher os seus balões, pois você só começa com 1 balão e os seus inimigos com 3. E pasmem, você deve fazer isso enquanto a jogatina está rolando – meio no sense.
Mesmo com esses pequenos problemas, Mario Kart DS não é afetado em sua beleza técnica e artística. A Nintendo conseguiu um ponto de equilíbrio entre esses dois quesitos, oferecendo a nós, gamers, um jogo bastante equilibrado, bem trabalhado e que consegue agradar gregos e troianos, new gamers e retrogamers. O bom senso prevalece em Mario Kart DS.
Conclusão
Particularmente eu achei Mario Kart DS muito fácil. O jogo não oferece grandes desafios para aqueles que acompanham a série há algum tempo. A não ser o modo Mission, que realmente exige alguma dedicação, o restante do jogo se resume a como melhor utilizar seus itens durante a corrida (claro que aliado a uma boa técnica de pilotagem), principalmente quando se é trapaceado pelo computador, que por sinal é bastante espertinho quando quer.
Os gráficos estão muito bons e lembram muito Mario Kart 64. Os personagens estão bem desenhados, as pistas ricamente detalhadas, com visual bastante limpo e as retros originais às clássicas. A trilha sonora e a sonoplastia também não deixam a desejar e colocam os pequenos alto-falantes do DS para trabalharem pesado – dá para sentir o esforço delas em alguns momentos do jogo.
A jogabilidade não foge à regra e permanece a mesma encontrada em outros títulos da série. O único contra aqui são os pequenos botões do DS que geram um desconforto horrível para quem tem as mãos maiores – depois de 1 hora de jogatina seus dedos começam a doer terrivelmente e, não raramente, sua mão começa a ficar dormente tamanho o deconforto. Acredito que se houvesse a opção de reconfigurar os botões isso pudesse ser resolvido, mas como não tem, o jeito é jogar entre intervalos de 40 minutos.
Enfim, um jogo considerado clássico e indispensável pelos críticos especializados, mas que considero agradável e divertido de se jogar. Um título obrigatório? Para quem é fã incontestável de Mario sim, mas nem tanto para quem é indiferente - existem títulos que divertem tanto quanto, oferecendo desafios mais inteligentes que Mario Kart DS.
Mario Kart DS – Nintendo DS – Nota Final: 8,5
Gráficos: 9,0 Som: 9,0 Jogabilidade: 8,0 Diversão: 7,0