Retroview: Super Nintendo

em 06/03/2009

Com mais de 49 milhões de unidades vendias por todo o mundo, o Super Nintendo faz parte da memória infantil de muita gente (inclusive da ... (por Jones Oliveira em 06/03/2009, via Nintendo Blast)

Com mais de 49 milhões de unidades vendias por todo o mundo, o Super Nintendo faz parte da memória infantil de muita gente (inclusive da minha). Como meu primeiro post, e como retrogamer, resolvi fazer os mais antigos relembrarem o quão bom era jogar os joguinhos “simples” da época, e mostrar aos novíssimos gamers que não chegaram a conhecer essa geração o quão fabuloso era poder ter um console como o SNES e viver em meio a uma guerra de consoles!

Breve Histórico

Super Nintendo - Nintendo BlastLançado oficialmente em Novembro de 1990 no Japão, o Super Nintendo chegou às Américas em 1991 e oficialmente ao Brasil em 1993. Foi o sucessor direto do Nintendo Entertainment System (carinhosamente chamado de NES) e seu principal objetivo foi bater de frente com a SEGA e seu console Genesis (vulgo Mega Drive), que já tinha 3 anos no mercado 16 bits.

Chegou ao mercado com apenas dois jogos (Super Mario World e F-Zero), com uma CPU mais lenta que a do Genesis mas com produtoras exclusivas como Capcom, Konami, Tecmo, Koei, Square e Enix. No seu primeiro dia de vendas, os estoques de 300.000 unidades se esgotaram em pouquíssimas horas, gerando um tumulto tamanho no Japão que fez o governo decretar uma lei que diz que lançamento de consoles só devem ocorrer nos fins de semana. Não demorou muito para que o console assumisse a ponta do mercado e se tornasse o vídeo game de maior sucesso da era dos 16 bit (e de todos os tempos, pra mim). Mas o porquê de tanto sucesso? O que o SNES tem que os outros não tinham?

 

O Sucesso

A palavra mágica era diversão. O Super Nintendo conseguiu cumprir o que prometia fazer – garantir horas e mais horas de diversão, com gráficos bonitos, cenários coloridos e sons estonteantes. E quem disser que não é/foi isso, apenas jogue Super Mario World e observe as cores do cenário, a forma como tudo está arranjado na tela – tudo proporciona uma sensação de diversão incrível. Ainda em dúvida? Jogue Mega Man e observe não os gráficos, mas sua trilha sonora do baralho – ou pior (digo, melhor), tente Rock ‘N Roll Racing e Top Gear (clássico!). Nenhum console hoje em dia, por mais moderno que seja e por mais que tenha gráficos bonitos, som dolby-digital 24232432.1 etc, consegue garantir a diversão que o Super Nintendo garantia com míseros 21mhz de processamento e resolução de tela máxima de 512x239 pixels!

A diversão era garantida por jogos que exploravam as capacidades do Super Nintendo da melhor forma (e não por completo). Como a idéia do console (aliás, de todos os consoles da Nintendo) era divertir o gamer, fazer uso de 100% dos gráficos, sons e memória dos cartuchos (que era de 128mb) seria uma consequência e não uma obrigação para fazer um bom jogo (e hoje em dia tudo é o contrário heim…). Jogos simples (considerados toscos por muitos hoje em dia) tiveram sua importância não só para o sucesso do console, mas também contribuiram para os jogos dos consoles das gerações seguintes – inclusive esses do seu Wii, PS3 ou X-caixa 360 que você tanto gosta hoje. Vamos conhecê-los!

 

F-Zero

Capa F-Zero - Nintendo Blast Sim, sendo um dos dois primeiros jogos disponíveis para o SNES, F-Zero não revolucionou apenas por isso, mas também por utilizar uma técnica de processamento de imagem capaz de gerar um ambiente pseudo-3D. A técnica, chamada Mode 7, realizava a rotação e o redimensionamento da imagem, dando uma impressão de tridimensionalidade do cenário e das naves do jogo. Nunca se imaginaria que o primeiro jogo do SNES fosse trazer tamanha tecnologia na época – técnica essa que foi utilizada em jogos como Pilotwings, Super Mario Kart, Super Mario RPG, Chrono Trigger, entre outros, além de ser uma das principais técnicas usadas nos Game Boy Advanced

F-Zero ainda deu início à franquia do Capitão Falcon nos vídeo games e até mesmo em animes. Os gráficos e efeitos sonoros, aliados a altíssima velocidade do jogo, fizeram de F-Zero um jogo inesquecível no SNES.

 

Mega Man X2 e X3

Capas Mega Man X2 e X3 - Nintendo Blast

Dois dos títulos top de linha para o SNES, Mega Man X2 e X3 contavam com gráficos, sons, jogabilidade e efeitos de fazer chorar de alegria. Ambos possuiam em seus cartuchos um chip coprocessamento matemático feito exclusivamente para transformar wireframes em gráficos. O Cx4, desenvolvido exclusivamente pela Capcom, apesar de ter sido usado só nesses dois jogos, teve fundamental importância no desenvolvimento de gráficos 3D nas gerações seguintes.

 

Star Fox

Capa Star Fox - Nintendo Blast

Um dos jogos mais incríveis para o SNES, Star Fox fez o que nenhum jogo tinha feito até então – trouxe gráficos TOTALMENTE em 3D em um vídeo game cujo processamento era exclusivo 2D. O jogo assim o era graças ao chip SuperFX que funcionava como um acelerador gráfico e agia em conjunto com o que conhecemos hoje por placa de vídeo do SNES, para gerar os gráficos em 3D.

Se você tem ou teve um cartucho do Star Fox, provavelmente deve ter percebido que ele é bem mais pesado do que todos os outros cartuchos – isso porque o “chipzinho” na realidade era um trabuco grande o suficiente para ser considerado uma unidade de processamento palela ao SNES e operava a 21mhz (mesma frequência do sistema do SNES).

Star Fox e o chip SuperFX  deram o passo inicial para o desenvolvimento de jogos completamente em 3D, como os conhecemos hoje.

 

Essa pequena lista mostra que o SNES foi um verdadeiro laboratório para as gerações posteriores. Enquanto se arriscavam com coisas novas, ainda conseguiam garantir a diversão do jogador. E o que dizer de todos os periféricos de ganho de desempenho que o Mega Drive (ainda lembram dele?) propos para desbancar o nosso SNES? Enquanto o Mega Drive se tornava em um tijolo tecnologico, o SNES já havia sido projetado para trabalhar em perfeita harmonia com coprocessamento de chips que vinham nos próprios cartuchos. Mas nem por causa disso deixou de ter seus periféricos que, ao contrário do “adversário de guerra”, visavam garantir a nossa diversão.

 

Periféricos

Nintendo Super Scope - Nintendo Blast A Nintendo se preocupou em desenvolver periféricos que garantissem uma maior diversão do jogador e maior interação com os jogos. Dentre os inúmeros periféricos, tínhamos a Super Scope – uma bazooka no melhor estilo Resident Evil, que se conectava ao vídeo game por conexão wireless (chique heim?) e funcionava com 6 pilhas AA. Apesar da pouca quantidade de jogos compatíveis com ela, a Super Scope é um dos periféricos mais conhecidos pelos gamers.

SNES Mouse - Nintendo BlastLançado em 1992, o SNES Mouse era um mouse parecidíssimo com os mouses comuns e que teve um bocadinho de jogos compatíveis – dentre eles, Mario Paint (que acompanhava o mouse), Civilization, Might and Magic III e Wolfstein 3D. O mouse era meio quadradão, mas garantia boas horas de diversão. 

Ainda podemos destacar o Multitap lançado pela Hudson que aumentava a quantidade de portas de controle do console e assim curtir uma jogatina a 3, 4, 5, 6… pessoas. A idéia inicial era jogar Boberman com 4 jogadores, mas logo outros jogos como Fifa Soccer 96, Madden NFL, NBA Jam e Top Gear 3000 passaram a suportar o periférico. A Nintendo gostou tanto da idéia que depois do multitap tacou o N64 com 4 portas.

Super Game Boy SNES - Nintendo Blast E dois cartuchos em particular se destacaram como periférico dos SNES – o Super Game Boy (sempre sonhei em ter um) e o Game Genie. O primeiro deles tinha um slot para encaixar um cartucho de Game Boy (o classicão) e fazia com que os joguinhos fossem jogados na televisão usando o Super Nintendo – e o segundo deles, usando o mesmo princípio, permitia modificar alguns dados dos jogos para, por exemplo, ter vidas infinitas (vulgo trapaçar no game). O Game Genie gerou muita controvérsia na época – a Nintendo afirmava que a malandragem tirava a diversão do game, mas isso não era o que as pessoas que compravam achavam né?

 

Conclusão

O Super Nintendo foi e sempre será um console ímpar capaz de fornecer momentos de alegria para qualquer geração de gamer – dos mais antigos aos mais novos que só conheceram do Playstation para cá. Seus jogos simples, porém únicos e memoráveis, são capazes de fazer qualquer pessoa se envolver nas histórias, vivenciar personagens e, além disso, se divertir bastante.

Até hoje eu lembro da emoção que tive quando ganhei o meu SNES em 1994. Em plena Copa do Mundo, chega meu irmão com um bichinho desses na mala dele com Street Fighter II e Mortal Kombat acompanhando o console. Não esperei duas vezes, liguei e fui jogar. Passei meses e meses jogando só esses dois jogos – a diversão era tanta que eu não me importava em ter outros. Logo conheci as locadoras (vulgas games aqui na cidade) e comecei a alugar 2 ou 3 cartuchos por fim de semana a 2 reais cada. Tive momentos únicos jogando Mega Man X, X2 e X3, Super Star Soccer, Bike Micers From Mars e tantos outros jogos memoráveis.

Sinto falta daquela época em que vivíamos uma verdadeira guerra de consoles – quem não foi fanboy do SNES ou do MD na infância e quase saiu aos socos e pontapés com seu “melhor amigo” discutindo sobre qual era o melhor? Isso era muito bom hahaha. Apesar de hoje termos duas gerações de consoles excelentes, que nos proporcionam gráficos “fandárdigos” e som de qualidade hi-hyper-mega-ultra digital, nenhum deles é capaz de nos prender tanto em frente a uma televisão quanto o Super Nintendo prendeu.

Como diz aquele velho ditado (ou era música, sei lá): “eu era feliz e não sabia!”


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