Nesses últimos anos os RPGs sofreram mudanças drásticas em sua estrutura. Saíram as famigeradas batalhas por turnos e entraram as batalhas recheadas de ação. Saíram os personagens com traços vindos dos mangas e animes e entraram as montanhas de músculos com nomes ridículos. Acho que deu pra perceber que eu não sou lá muito fã desses RPGs americanos que perderam completamente o foco original do gênero: contar uma boa história. Mas ao mesmo tempo em que o gênero se reinventa, algumas raras exceções seguem o tradicionalismo e a raiz do gênero de uma forma espetacular. Assim é o recém-lançado Suikoden Tierkreis, o mais novo capítulo da saga da Konami.
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Suikoden: o retorno
A série Suikoden surgiu em 1995 de uma forma bem minimalista. Mas bastou alguns jogadores darem uma chance para ela para perceber que se tratava de uma série bem interessante e nada usual. O enredo girava em torno das Stars of Destiny, pessoas que possuem um papel importante para a manutenção e o curso da história. Eram 108 ao todo e grande parte delas poderiam ser controladas. Isso mesmo: quase 100 personagens jogáveis. Essa quantidade exorbitante de personagens acabou se tornando o ponto chave na série e a sua principal particularidade.
Nesses 11 anos a série passou por altos e baixos. O ápice foi atingido com Suikoden II (PSX, 1999) e Suikoden III (Playstation 2, 2002) ambos games muito interessantes e extremamente divertidos. Mas os três últimos games da série não conseguiram manter o nível e o resultado foram RPGS bem aquém do que a série merece. Mas eis que em meados de 2008 a Konami mostra ao mundo um capítulo a parte da série para o Nintendo DS. Com o sugestivo subtítulo Tierkreis, rapidamente ele se tornou um dos RPGs mais esperados do portátil. E depois de mais de um ano na expectativa, eis que a espera chega ao fim. E felizmente valeu muito a pena.
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Apresentação soberba
Basta ligar o DS para perceber que você não está diante de um game qualquer. A começar pela belíssima apresentação em anime que inicia o game intercalada com uma trilha sonora fantástica e efeitos sonoros muito bons. A verdade é que a apresentação do game me lembrou Star Ocean Second Story (PSX, 1999) onde cada elemento do cenário, cada efeito sonoro, cada personagem se encaixa perfeitamente e colabora para manter o jogador sempre preso ao universo de jogo.
Um ponto que chama muito a atenção é que todos os diálogos chaves do jogo são dublados. São dezenas de minutos de falas gravadas por dubladores profissionais. A qualidade é muito satisfatória e cria um clima fantástico na trama dando uma sensação de imersão bem rara em um portátil.
Visualmente a Konami conseguiu extrair praticamente o máximo do potencial que o DS dispõe. Basta observar os modelos poligonais maravilhosamente criados, os cenários belíssimos, efeitos especiais das magias e a animação. É simplesmete formidável. Não são raras as vezes com que o jogador se depara com um lugar tão bem criado, que fica com a sensação de estar jogando um game para console e não um game para portátil.
Suikoden típico
Outro ponto que merece muitos elogios é a manutenção da jogablidade típica da série. A Konami preferiu seguir o tradicionalismo: ainda há batalhas por turno, a presença dos ataques em dupla e ataques combinados, as magias e o aprendizado das mesmas… nada muito diferente do que a série já apresentou.
Como já foi mencionado Suikoden Tierkreis possui mais de uma centena de personagens. Dos 108 com os quais o jogador pode interagir, 88 são jogáveis. Os outros 20 são os chamados auxiliares – personagens que geralmente não entram nas batalhas, mas possuem um papel importante dentro da história do game.
O enredo apesar de muitas vezes previsível, se desenrola muito bem e consegue prender a atenção com algumas reviravoltas importantes. A verdade é que o game fornece uma experiência bem tradicional até mesmo no desenrolar da história e nas relações e perfis dos personagens.
Se juntarmos os modos Wi-Fi – que são responsáveis pelo recrutamento de personagens novos e interação entre jogadores – com as possibilidades de finais diferentes, só aumenta a longevidade e mostra o capricho do time de desenvolvimento.
Alguns jogadores podem achar o desenrolar do enredo linear demais e a falta de exploração em alguns lugares (principalmente cidades onde se visita as localidades por menus) como pontos fracos. E realmente são. Mas nada que comprometa de forma decisiva a experiência que é proporcionada pelo game.
Sem dúvidas, Suikoden Tierkreis é um RPG aos modos tradicionais, com uma belíssima apresentação e um capricho ímpar. É mais um RPG imperdível no DS.
Suikoden Tierkreis (DS) – Nota Final: 9.3
Gráficos: 9.5 Som 9.5 Jogabilidade: 8.5 Diversão: 9.5