Prévia: Wolfenstein II: The New Colossus (Switch) promete narrativa intensa e qualidade técnica

Aclamado jogo de tiro da Bethesda chega em breve ao Nintendo Switch com muita violência e temas relevantes.

em 08/06/2018

No Nintendo Direct de 13 de setembro de 2017, DOOM e Wolfenstein II: The New Colossus, distribuídos pela Bethesda, foram anunciados para o Nintendo Switch. Ninguém estava esperando por essa notícia, e nada poderia nos ter preparado, pois esses dois jogos tinham apresentado uma capacidade que, a muitos, parecia não compatível com o console da Nintendo. Poucos poderiam imaginar que aquele console pequeno, com natureza portátil seria capaz de receber grandes títulos atuais como eles. Após o impacto da revelação, algumas dúvidas surgiram. Como seriam esses jogos? Como dois games que têm como base de desenvolvimento consoles de atual geração mais potentes que o pequeno Switch, comportaram-se no aparelho? O DOOM do Switch já está circulando entre nós desde o final de 2017, com resultados surpreendentes, mas e Wolfenstein II? O game está batendo à nossa porta e vamos analisar o que esperar desse que é um dos melhores jogos lançados em 2017.

O que é esse tal de Wolfenstein?


Wolfenstein não é uma série recente. Fazendo um resumo de toda a trajetória, o primeiro, Castle Wolfenstein saiu no início dos anos 80 para Apple II. O game teve algumas sequências, mas foi quando os lendários criadores de DOOM, John Carmack e John Romero, da id Software, decidiram fazer seus primeiros experimentos em uma nova engine que simulava um ambiente 3D, que a série tomou rumos de sucesso. Wolfenstein 3D foi lançado antes mesmo de DOOM, em 1992, e causou um estrondo. É considerado um dos precursores de todos os jogos de tiro em primeira pessoa que conhecemos.

A premissa era bem simples, mas assustadora: “E se os nazistas tivessem ganhado a Segunda Guerra Mundial?” A partir disso, o jogador executava diversas missões separadas em capítulos, que resultavam na morte de ninguém menos que o Fuhrer da Alemanha, Hitler, acabando assim com seu desejo de criar exércitos de zumbis nazistas.

Com o passar dos anos, a série foi evoluindo e incorporando novos elementos enquanto passava pelas mãos de vários desenvolvedores diferentes, incluindo a Activision. Nenhuma das empreitadas conseguiu alcançar muito sucesso com o público, ficando restrito a fãs e amantes do gênero.
Quando a Bethesda adquiriu a id Software e, com ela, os direitos de DOOM e Wolfenstein, a dúvida era qual caminho essas séries clássicas tomariam. O resultado não poderia ser melhor. Em 2014, Wolfenstein: The New Order chegou ao PC, Xbox 360 e PS3.

A Nova Ordem e Sangue Velho


Mantendo a ideia de um futuro onde os nazistas ganharam a Segunda Guerra, dessa vez jogando uma bomba nuclear em Nova York, o enredo aprofunda mais as questões propostas, adicionando camadas à história e apresentando uma narrativa mais complexa e envolvente. Com sua mecânica de tiro refinada, misturando elementos de toda a franquia, o jogo conquistou fãs mundo afora, o que levou a Bethesda a dar carta branca à desenvolvedora Machine Games para produção de uma prequela em 2015 e de, finalmente, uma sequência em 2017.

O Novo Colosso

A sequência, Wolfenstein II: The New Colossus foi lançada em 2017 para PC, Xbox ONE e PS4. Chegou sem muito alarde, mas rapidamente caiu no gosto de público e crítica, sendo considerado um dos melhores jogos do ano. O roteiro é denso, regado à violência e adrenalina. Nos trailers e demonstrações, é possível perceber os caminhos que a narrativa toma. Vilões extremamente violentos e cenas fortes de tortura deixam qualquer um preso à tela.

Acompanhamos mais uma vez o protagonista B.J. Blazkowicz pelo universo distópico do jogo, começando exatamente de onde o New Order acabou. O padrão de qualidade estabelecido nos episódios anteriores permanece aqui. Personagens multifacetados, carismáticos e muito bem interpretados nos passam a impressão de que aquele universo poderia ser real. A sensação transmitida pelas cenas é desconfortável, não apenas pela violência exagerada, mas por nos fazer perceber que o mundo realmente poderia ter passado por algo parecido (Claro, sem os exageros e armas lasers.).

A coragem com o que o jogo aborda questões como racismo e xenofobia é exemplar, principalmente em tempos atuais, nos quais ver membros da Klu Klux Klan e nazistas andando pela rua não é mais algo de um passado tão distante assim. A percepção de estar presenciando um jogo que é mais que um simples entretenimento é grande. No meio de tiroteios frenéticos, sangue e tripas, uma mensagem importante está sendo passada para quem está jogando.

Infelizmente, os episódios anteriores não serão lançados para o console da Nintendo, deixando uma dúvida a quem não teve nenhum contato com a série antes? Será que consigo aproveitar a narrativa da mesma forma? A resposta parece estar no meio termo. O game se sustenta sozinho, o roteiro é muito bem construído e oferece satisfação a qualquer um que passe por ele, mas se você já se aventurou pela franquia antes, acontecimentos e referências farão mais sentido e o aproveitamento será maior. De qualquer forma, vale experimentar e a diversão é garantida.

Corra B.J, Corra!!!!!!

Wolfenstein é conhecido por seu arsenal criativo e intenso, não espere nada menos que isso. Armas disparam lasers e tiros impactantes que perfuram as armaduras dos alvos. Os inimigos podem te derrubar com facilidade, portanto, nada de ficar parado. B.J. é versátil e rápido, podendo carregar armas com uma ou duas mãos e correr por todo o cenário enfrentando hordas de rivais, recuperando sua munição e energia com itens espalhados pelos lugares. Assim como DOOM de 2016, o game demanda agilidade de seu jogador. Alternar entre armas e se movimentar são peças-chave para conseguir avançar. Caso queira, é possível realizar as missões em modo furtivo, algo que veio dos antecessores da franquia, porém, dessa forma é preciso mais cautela e, claro, muita habilidade. A satisfação de derrubar todos em seu caminho sem ser notado será bem maior, com certeza.

E o Nintendo Switch, dá conta do recado?

O pequeno notável da Nintendo vem surpreendendo a todos desde seu lançamento. Quando DOOM e Wolfenstein II: The New Order foram anunciados, não faltaram céticos de que aquilo daria certo, afinal de contas, os jogos utilizam bastante da capacidade dos PS4 e Xbox ONE, e todos sabemos que mesmo muito bom, o hardware do Nintendo Switch é um pouco mais limitado que essas plataformas. Aos poucos, vídeos de DOOM começaram a aparecer e as dúvidas de que o game estaria bom e jogável em toda sua violência e velocidade passaram a diminuir. Ao ser lançado em outubro de 2017, o game portado para o híbrido pela Panic Button sofreu algumas quedas de qualidade gráfica e desempenho, mas estava lá, sem perdas significativas em sua jogabilidade, continuando intenso como nos outros aparelhos nos quais está disponível. Mas e Wolfenstein II? Será que teremos esse mesmo nível de cuidado?

Na PAX East deste ano, o jogo pôde ser testado por jornalistas e especialistas de todo o mundo e o resultado continua surpreendente. O port, feito novamente pela Panic Button, aparenta ter as perdas de qualidade e performance vistas anteriormente, mas continua sendo o aclamado jogo de 2017 com todo seu potencial, mostrando o quanto o console é capaz.

Além de oferecer novas possibilidades de controle, como os sensores de movimento, o Nintendo Switch faz algo para esses games que nenhum outro pode fazer: entregar a experiência completa não só na tela da TV como de forma portátil. Jogar Wolfenstein II em seu horário de almoço, durante a ida pro trabalho ou em uma viagem muda a forma com que consumimos o jogo e curtimos esse tipo de conteúdo. Mesmo com potencial gráfico reduzido, muitas pessoas irão escolher a versão de Nintendo Switch pela possibilidade de levar o game consigo para qualquer lugar sem muita burocracia.

A importância de Wolfenstein II: The New Colossus para o Nintendo Switch 

E nada prova o quanto o Nintendo Switch está em um bom momento para os jogos e seus consumidores quanto a presença de DOOM e Wolfenstein II: The New Order na plataforma. Esses games mostram que o console, mesmo com algumas reduções gráficas e de performance, pode receber vários ports de todas as produtoras. É difícil, depois de vê-los rodando no aparelho com tanta desenvoltura, não imaginar outros, como Rise of The Tomb Raider, Resident Evil 7 e Overwatch na palma da sua mão. As barreiras quebradas pela Bethesda são gigantescas e estão ajudando a Nintendo a mostrar que seu console tem possibilidade não de ser o segundo video game da pessoa, ao lado de um Xbox ou PlayStation, mas sua principal forma de jogar.

Nota 

Vale ressaltar um ponto negativo da versão de Switch. A necessidade de internet para baixar um arquivo para facilitar a execução do jogo mesmo na versão física. Com isso, o uso de cartão de memória SD pode ser necessário, pois a memória interna de 32gb talvez não dê conta. Um pequeno empecilho em meio a tantas qualidades.

Wolfenstein II: The New Colossus é uma obra corajosa. Tiroteios frenéticos, armas mirabolantes e violência exagerada servem como alavanca para discussão de temas pesados e tão importantes em épocas como a que vivemos. Ver o jogo rodando em toda sua glória no Nintendo Switch é surpreendente e prova o potencial gigantesco da plataforma da Nintendo. Mesmo com gráficos mais simplificados, o jogo parece estar sendo executado de maneira satisfatória. Associe isso à possibilidade de levá-lo para qualquer lugar e o game se torna essencial na biblioteca da maioria dos usuários do aparelho, mesmo que essa seja sua a primeira investida na franquia.

Wolfenstein II: The New Colossus chega ao Nintendo Switch em 29 de junho de 2018 e é imperdível para qualquer amante de jogos de tiro e aventura para uma pessoa só.

Revisão: Eurico Santos

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.