Análise: Mario Party: The Top 100 (3DS) é uma justa homenagem ao legado da franquia

Coletânea com os melhores minigames da história da série diverte no multiplayer, mas cansa rápido quando experimentada por um único jogador.

em 29/01/2018


Além de sua série principal, o bigodudo da Nintendo também carrega a fama de estrelar diferentes spin-offs. Entre as atividades que não envolvem resgatar a princesa Peach, uma de grande sucesso e que vem rendendo alguns bons jogos há mais de 20 anos é a de organizar festas. Desde 1996, o antigo encanador é reconhecido por oferecer em Mario Party as comemorações mais animadas dos videogames.


A franquia que mistura jogos de tabuleiro com criativos minigames nasceu no Nintendo 64, sabendo aproveitar muito bem o suporte da plataforma ao multiplayer de até quatro pessoas. Extremamente bem aceito pelo público e crítica, o primeiro game recebeu diferentes sequências, que estão, até os dias de hoje, marcando presença em praticamente todos os consoles da Big N, sejam os portáteis ou os de mesa.

Para celebrar o legado da série, a Nintendo lançou para 3DS o jogo Mario Party: The Top 100, coletânea com os melhores minigames que já apareceram na franquia. Ao mesmo tempo em que relembra a história de um dos party game mais influentes de todos os tempos, o título ainda consegue funcionar como porta de entrada para aqueles que nunca receberam o convite para as festanças no Reino do Cogumelo.
Que seja dada a largada para a festa!

Lista VIP

Se somados todos os capítulos de Mario Party, serão mais de 500 minigames. Com tantos candidatos aptos a aparecerem na coletânea, escolher os 100 melhores não é tarefa das mais fáceis. No entanto, os produtores encontraram o equilíbrio e selecionaram os principais representantes de cada um dos 10 títulos principais da franquia. Assim, a lista se tornou balanceada, contando com representantes de todas as fases pelas quais a série já passou.

A seleção também levou em consideração o estilo dos minigames, ou seja, se a vitória depende da sorte, habilidade ou memória. Com base nesses critérios, The Top 100 apresenta uma relação com totais condições de agradar praticamente todos os fãs da franquia. É verdade que existem chances daquele seu minigame favorito não estar no jogo, como foi o meu caso, porém as pequenas ausências são incapazes de ofuscar o brilho da coletânea.
Uma seleção de respeito

Um modo “história”

Mario Party sempre foi um jogo pensado especialmente para o multiplayer. Porém, os títulos da franquia também conseguiam divertir quando a jogatina era solitária, afinal, as disputas contra o computador pela posse da Super Star também rendiam momentos de emoção. Entretanto, se retirarmos os dados e tabuleiros dessa fórmula, qualquer representante da série perde boa parte de sua essência, e é exatamente isso que ocorre em The Top 100.

A experiência single player da coletânea acaba se revelando bastante monótona e cansativa, ainda mais pelo nível de seus rivais. Na dificuldade normal, é praticamente impossível perder qualquer um dos minigames, pois os demais personagens parecem que simplesmente não sabem qual o objetivo a ser cumprido. Ao aumentar o nível de desafio, a competição se mostra um pouco mais interessante, mas ainda fica longe da experiência das  jogatinas entre amigos.

Para tentar driblar esse problema, The Top 100 traz um curto modo história e um pequeno tabuleiro. Na campanha principal, o objetivo é vencer todos os minigames, liberando aqueles que se encontram bloqueados — de início, é possível jogar 55 dos minigames e para ter acesso à lista completa é preciso finalizar esse modo. Já o tabuleiro simula a experiência completa de Mario Party, porém de maneira bem mais simples.
Modo campanha para um jogador acaba cansando bem rápido

O problema é que ambos os modos podem ser vencidos facilmente e não representam grandes atrativos para uma segunda jornada. Na campanha principal, a tarefa secundária é conquistar o primeiro lugar em todos os minigames para liberar o modo de dificuldade mais elevado, recompensa pouco interessante para o desafio proposto. Já no tabuleiro, a jogatina é tão simples que, já na segunda vez, se mostra repetitiva.

Os outros dois modos disponíveis são o Championship Battles, em que são sorteados três ou cinco minigames aleatórios e vence quem se der melhor na maioria; e o Decathlon, que além das vitórias também leva em consideração o desempenho dos jogadores no momento de definir quem será o campeão.

Convidando os amigos

Se no single player, The Top 100 se mostra uma experiência de poucas horas, o mesmo não acontece no multiplayer. O título traz a opção do download play — em que uma pessoa que possui o jogo pode compartilhá-lo localmente com até três amigos, fazendo com que o grupo entre na brincadeira sem a necessidade de que todos tenham uma cópia do game. É neste encontro com os amigos que reside todo o charme deste Mario Party.
É bem mais divertido eletrocutar os seus amigos

Tive a oportunidade de experimentar o multiplayer com algumas pessoas que cresceram junto comigo. Entre uma risada ou outra pelas falhas nos minigames, relembrávamos de nossas jogatinas no Nintendo 64. É neste fator nostalgia que The Top 100 se sustenta, funcionando exatamente como uma justa homenagem ao legado da franquia.

Por ser um título voltado ao multiplayer, acaba fazendo bastante falta o modo online. Competir com pessoas de todo o planeta através da internet seria um grande atrativo para os jogadores que não têm com quem compartilhar a jogatina, mesmo através do download play.

Abusando na decoração

The Top 100 chama a atenção por seus gráficos. Ficou muito bem feita a recriação de minigames de mais de 20 anos para uma plataforma atual, mesmo que portátil. O capricho é mais notável nos minigames dos três primeiros Mario Party, que foram lançados para Nintendo 64. Os poucos polígonos suportados pelo console da quinta geração deram espaço para modelos e cenários com definição infinitamente melhor.
Rosalina e Waluigi estão presentes nos minigames clássicos

Também é interessante competir nestes minigames mais clássicos utilizando personagens que ainda não haviam entrado para a série em seus primeiros jogos, como Waluigi, Daisy e Rosalina. O visual completamente repaginado é complementado pela trilha sonora regada de elementos originais, além da jogabilidade que marcou toda a franquia e aproveita todos os recursos do 3DS — desde seu sensor de movimentos até o microfone.

Álbum de recordações

Em nenhum momento, The Top 100 tentou se vender como uma grande novidade ou o mais novo capítulo da franquia Mario Party. Desde seu anúncio, o jogo foi sempre considerado simplesmente uma coletânea com os melhores minigames da série. Portanto, aqueles que procuram no título a experiência completa dos games anteriores podem acabar se decepcionando ao receberem somente metade da festa.
Uma festa bombástica

Mesmo assim, o título tem espaço na coleção dos fãs da franquia. Principalmente por ser capaz de apresentar uma relação de minigames muito bem selecionada e que consegue transmitir todas as sensações que fazem de Mario Party um dos mais importantes party game da história. Bastante focado no multiplayer, o game peca somente pela cansativa e pouco desafiante campanha para apenas um jogador.

Além de celebrar o passado da franquia, Mario Party: The Top 100 também funciona como porta de entrada para todos aqueles que nunca estiveram presentes em uma festa organizada pelo bigodudo. Os minigames são uma boa maneira de começar a conhecer o jogo de tabuleiro virtual mais querido da Big N.

Prós

  • Excelente seleção com os minigames que mais marcaram a franquia;
  • Repaginação visual dos minigames rendeu bons resultados;
  • Multiplayer via download play oferece dezenas de horas de diversão.

Contras

  • Quando jogado no single player, acaba cansando rapidamente;
  • Mesmo o modo campanha e o mini tabuleiro não salvam a jogatina individual;
  • Nível de dificuldade bastante baixo.
Mario Party: The Top 100 — 3DS — Nota: 7.5
Revisão: João Paulo Benevides
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É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
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