Será que Pokémon GO (Android/iOS) já morreu?

Vamos levantar algumas questões e refletir sobre o estágio atual do game mobile que foi uma das maiores febres do ano.

em 22/09/2016


Recentemente, em uma pesquisa divulgada pelo Phone Arena, famoso site americano que trata sobre dispositivos móveis, procurou-se entender o quão animados os treinadores ainda estão, a essa altura, com o Pokémon GO. Vamos entender um pouco sobre os resultados da pesquisa que, inclusive, recebeu o título de “A loucura Pokémon GO acabou”, o que pode ser verdade.

A pesquisa acima mencionada foi respondida, em geral, por americanos, que tiveram acesso ao jogo antes de nós brasileiros, portanto, não necessariamente reflete o que temos aqui no Brasil. Para tirar a prova, eu utilizei o último final de semana para checar como as coisas andam na maior capital do país, São Paulo.

Uma base para a minha pesquisa

Creio que seja mais adequado relatar a minha experiência na minha cidade primeiro, Campinas, que apesar de não ser uma capital, é uma cidade com 1,3 milhão de habitantes, sendo um bom parâmetro. No dia do lançamento do jogo, eu ainda estava no escritório quando vi as notícias no Twitter, então chequei a Play Store (tenho Android) e vi que, de fato, o jogo estava disponível. Fiz o download pelo plano de dados mesmo, criei minha conta e fui embora caminhando e jogando. Logo de cara eu já vi praças e locais públicos com movimentação maior que a normal, passei pela rua umas duas horas após o download ser disponibilizado.

Pokémon GO foi liberado no Brasil em uma quarta-feira, na sexta-feira seguinte decidi ir em uma praça aqui de Campinas, o Centro de Convivência Cultural para poder jogar um pouco mais e, então, me deparei com a referida “Loucura Pokémon GO”. Havia próximo de 100 pessoas jogando, conversando, interagindo e gritando quando um Pokémon mais raro aparecia. Também transitavam vendedores ambulantes, fossem vendendo comida, ou até mesmo acessórios como o boné do Ash, baterias externas e pelúcias de Pokémon. Foi realmente algo frenético.

O fato acima relatado não é surpreendente, afinal estamos falando de uma franquia com 20 anos de idade, com personagens extremamente cativantes, que despertou nostalgia em muitos e curiosidade em outros. Porém, esses dois fatores, principalmente, nos avisavam que essa loucura teria prazo de validade e, agora, chegamos aos dias atuais.

O momento atual

Estive no último final de semana na região do bairro da República em São Paulo. Certo, não é o lugar mais convidativo do mundo para andar com seu celular na mão, porém é um lugar repleto de PokéStops. Dessa vez eu não vi aglomerações de pessoas interagindo, como anteriormente. Então, decidi ir caminhando em direção à Galeria do Rock, sempre prestando a atenção nas mãos alheias para ver se estavam jogando, apesar disso, foram poucos os casos de pessoas jogando, cenário drasticamente diferente de um mês atrás.

Como crítico de videogames, posso analisar os fatores que causam essa redução de jogadores, fatores além do já popular apelo à novidade. Analisando-o como jogo mesmo, esse período nos traz lucidez para dizer que o lançamento gradativo ao redor do globo é um grande projeto Beta. O jogo é atualmente repleto de falhas e bugs, alguns extremamente irritantes. Das pessoas que falaram comigo sobre o motivo pelo qual a empolgação diminuiu, os motivos eram quase sempre os mesmos: excesso de bugs e uma definição pouco clara do que fazer no jogo.

Não falarei muito sobre os bugs, porém discorrerei sobre a questão do “pra que serve Pokémon GO?”, afinal, esse fator é bem importante na hora de jogarmos algo. Até o momento sabemos, através de dados vazados, especulados por usuários que foram a fundo no código de programação do jogo, um compilado do que está por vir que foi postado no Reddit, revelando que nas próximas atualizações deveremos ter trocas, batalhas PvP e alguns itens novos, o que sem dúvida alguma dará algum fôlego para o game mobile. Aqui é que entra a parte complexa da coisa. Fãs da série Pokémon, jogadores de longa data, como é meu caso, têm críticas bem duras quanto ao modo de batalha, que dá poucas brechas para o uso de estratégia, fugindo bastante da tradição de Pokémon.



Minha opinião é de que esse tipo de coisa não vai mudar. Novembro está para chegar, trazendo-nos Pokémon Sun e Moon e acho bem improvável que a Nintendo permita que a Niantic crie um concorrente para o que será visto nos portáteis, portanto, o sistema de batalha deverá ficar parecido, ou idêntico ao que já vemos, para que fique bem claro que Pokémon GO é um jogo alternativo à série principal. Tendo esclarecido isso, sabendo do quanto tempo treinar um Pokémon leva, jogadores fiéis à série principal provavelmente continuarão a abandonar Pokémon GO para voltar suas atenções para Sun e Moon.

O fator que aparentemente mais está criando a debandada daqueles que não são fãs antigos da série é a dificuldade em evolução. Conversando com jogadores que diminuíram bastante seus ritmos, ou ainda pararam de fato de jogar, todos afirmaram que a quantidade absurda de tempo que eles tinham que gastar para conseguir avançar no jogo, atrapalhou. Daí entra um problema de Pokémon GO: não ficar claro qual o seu objetivo, como jogo eletrônico.

O estímulo a Pokémon GO, por parte da Nintendo vem da capacidade que o jogo tem de fazer as pessoas se mexerem, algo apoiado pela empresa há muito tempo. Porém não fica claro para mim, ou para pessoas as quais consultei qual é o objetivo de Pokémon GO. “É pegar todos os bichinhos? É ser o rei das batalhas?” Sabemos que nenhuma dessas duas condições podem ser feitas, pelo menos não até agora, já que não temos todos os monstrinhos liberados (no Brasil, apenas 141 Pokémon podem ser capturados e/ou evoluídos), além de ser uma missão extremamente fácil conquistar ginásios. O problema é que é fácil para todos, tornando missão quase impossível dominar um ginásio por muito tempo.



Isso tende a piorar?

Quis listar aqui os fatores principais que constatei nessa minha pesquisa e experiência com Pokémon GO. O jogo ainda tem uma adesão fantástica, não é incomum ver pessoas com o celular na mão procurando pelos monstrinhos de bolso, porém, se existem pontos para a Niantic observar e, principalmente, verificar a viabilidade com a Nintendo, sem dúvidas esses seriam os principais, pelo menos se tratando do público brasileiro.

E você, caro leitor, o que pensa sobre isso tudo? Ainda tem aplicado a mesma quantidade de horas para o jogo como estava se dedicando nos primeiros dias de lançamento? Ainda tem visto muitas pessoas com o celular na mão intertidas com o game? Não deixe de deixar sua opinião para gente nos comentários.

Revisão: Ana Krishna Peixoto
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