#Metroid30: As origens e o legado da música de Metroid

Revisitamos alguns temas da série e tributos à caçadora de recompensas.

em 30/08/2016

Por razões que mereceriam um texto separado, há uma conexão muito profunda entre as artes de jogos digitais e da música. Talvez até mais que em outras mídias audiovisuais, a trilha sonora é importantíssima para envolver o jogador na mentalidade ideal para a experiência. Metroid, uma série sobre isolamento e exploração, exige do jogador uma certa introspectividade que é completada pela música. Como uma rodada adicional do nosso especial #Metroid30, vamos explorar um pouco as trilhas sonoras da série e ver o impacto que elas tiveram sobre seus fãs.

As origens...

A sonoridade de Metroid se deve principalmente a duas pessoas: Hirozaku "Hip" Tanaka, que compôs a trilha de Metroid (NES), e Kenji Yamamoto, que compôs as músicas de Super Metroid (SNES), Zero Mission (GBA) e da trilogia Prime.
Hirozaku "Hip" Tanaka

Metroid foi lançado quando músicas para videogames começaram a ser compreendidas como algo mais do que apenas um som de fundo (graças, em grande parte, ao trabalho do lendário Koji Kondo). Segundo Tanaka, muitas das músicas daquela época tendiam a ser melódicas e alegres, mas, para a trilha de Metroid, ele levou em consideração o ambiente isolado do planeta Zebes para criar algo sombrio e harmonioso, em escalas menores e com pouca presença de melodias. Uma música, no entanto, é melódica e heróica, guardada para o momento de maior conquista do jogador: a derrota de Mother Brain e a conclusão do jogo. Falo, é claro, do tema de créditos, uma canção composta de vários segmentos distintos e cuja complexidade parece extrapolar as limitações do NES.

Kenji Yamamoto
Para Super Metroid, Yamamoto tinha muito mais espaço para trabalhar. Apesar de se passar no mesmo planeta, pouquíssimas melodias são reaproveitadas do NES. Desta vez, havia uma variedade maior nos estilos de composição; Brinstar soa techno, enquanto os sons das profundezas de Norfair soam quase como uma orquestra com coral. É impossível escolher apenas um destaque dessa trilha sonora excepcional, mas irei recomendar o tema de Crateria, a superfície de Zebes. Este tema toca quando, após um longo período de exploração nas profundezas, Samus reencontra sua nave espacial e o jogador, muito mais equipado do que quando aterrisou, pode se sentir seguro e heróico.

Para a trilogia Prime, Yamamoto não trabalhou sozinho, mas foi o compositor principal e diretor musical. A trilogia traz uma mistura de composições inteiramente novas com rearranjos de temas de Super Metroid, como Lower Norfair em Metroid Prime (GC), Lower Brinstar em Metroid Prime 2: Echoes (GC) e Theme of Super Metroid em Metroid Prime 3: Corruption (Wii). As músicas originais funcionam perfeitamente para dar o clima ideal para Phendrana Drifts e Torvus Bog, e cada um dos três jogos tem uma sonoridade distinta e única. Uma das faixas mais interessantes, ao meu ver, é a que toca ao pousar pela primeira vez em Tallon IV. Somos apresentados com uma canção que utiliza de forma brilhante a progressão de acordes para remeter a Brinstar, do NES, sem copiá-la diretamente.

... e o legado

É impossível quantificar a influência que essas trilhas tiveram nas gerações de gamers que cresceram com elas, mas dá para ter uma ideia pela enorme variedade de tributos que foram desenvolvidos ao longo dos anos. Canções de todos os jogos da série foram rearranjadas para uma diversidade de gêneros que inclui heavy metal, baladas, dubstep, clássica, e muito mais. O pioneiro do gênero foi o álbum Relics of the Chozo, que continha um arranjo completo da trilha sonora de Super Metroid, lançado em 2003 pelo site de fanmusic OC Remix.

Quando bLINd, um querido membro da comunidade de arranjadores de fanmusic, foi diagnosticado com colite, vários de seus colegas contribuíram para Reserve Tank: VARIAtions. O álbum foi lançado como um tributo a bLINd, que eventualmente se recuperou e adicionou sua própria faixa como bônus à obra.

Stemage e seu grupo Metroid Metal foram alguns dos pioneiros da comunidade, e lançaram em 2009 Varia Suite, seguido em 2010 por Expansion Pack e depois por Other Album em 2014. A especialidade da banda, como o nome implica, são arranjos "pauleira".

Em 2011, para celebrar o aniversário de 25 anos da série, o grupo Shinesparkers criou e lançou Harmony of a Hunter, contendo arranjos de todos os jogos da série em uma diversidade de gêneros, compostos por algumas "celebridades" das comunidades de Metroid e fanmusic. Em 2012, ele foi complementado com Harmony of a Hunter: 101% Run. Juntos, os álbuns contêm mais de cinco horas de música, fazendo deles a homenagem musical definitiva à série. Além disso, alguns músicos lançaram seus próprios tributos à série, como Crystal Flash, de Theophany, e Metroid Cinematica, de Sam Dillard.

Blake Robinson lançou, em 2013, o Super Metroid Symphony, um "remake" completo da trilha sonora de Super Metroid com sons orquestrados de alta qualidade, mas mantendo a maior fidelidade possível à obra original.

Esses álbuns são peças importantes da comunidade Metroid, mas apenas arranham a superfície da profunda relação que os fãs da série têm com suas trilhas. Sem dúvida existem dúzias de arranjos maravilhosos na Internet, simplesmente aguardando para serem encontrados como um tanque de mísseis sob a crosta de Zebes.

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Esta semana é o epílogo do nosso especial #Metroid30. Para finalizar, confira ainda um texto que recomenda jogos para aqueles que, como nós, adoramos as aventuras de Samus Aran.

Revisão: Jaime Ninice

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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