Mobile Suit Gundam é uma franquia japonesa de animes, mangás, jogos e kits de modelagem plástica que tem como grande tema geral o impacto da guerra sobre os jovens. De uma forma geral, a forma que isso é tratado na série passa uma mensagem muito pacifista, de como a guerra é ruim em qualquer instância, não só pelas mortes, mas pela exaustão mental e o trauma emocional que muitos passam enquanto ela acontece.
Mas Gundam também tem robôs gigantes com sabres de luz, rifles de laser, lutas espaciais e grandes explosões, o que acaba deixando o público médio menos interessado em sua temática e mais no fator entretenimento.
Por volta de 1991, o mundo dos games recebeu Street Fighter II, o pai dos jogos de luta modernos. Com o grande sucesso que o jogo fez, várias empresas começaram a querer replicar o seu sucesso, muitas vezes usando de nomes conhecidos fora dos games para estampar o jogo. A Bandai fez o mesmo, e a partir de 92 começou a lançar quase anualmente nos arcades um jogo de luta com temática Gundam. Era a ideia perfeita, já que eles não precisariam tentar ficar desenvolvendo temáticas pesadas como faziam nos RPGs da série, e agradariam uma grande parcela dos fãs, já que eles estariam de fato vivendo os combates da franquia.
A série teve suas origens nos arcades, mas cerca de três anos depois a Bandai já teria mudado o foco, com os jogos sendo exclusivos do Super Famicom. E disso, um dos melhores jogos de luta disponíveis no Super Famicom iria nascer: Shin Kidô Senkin Gundam Wing: Endless Duel.
Sabres e metralhadoras
Endless Duel foi lançado em 1996, quando os jogos de luta já estavam se refinando em serem táticos e rápidos, com Darkstalkers e Street Fighter Alpha sendo os principais representantes dessa nova era. Endless Duel pega como principal referência esses dois, mas ainda os traduzindo de uma forma que funcione com Mechas. A movimentaçao tenta funcionar o máximo possível num contexto que pareçam robôs se movimentando, com um certo peso notável em cada movimento, mas ainda assim fluido. Seus sabres de luz (ou, dependendo do personagem, foice e lança) são as principais armas, funcionando como os socos tão presentes em jogos de luta. Chutes são acompanhados de um impulso gerado pelas turbinas, permitindo que sejam ataques com maior impacto. Turbinas que, por sinal, permitem que o personagem flutue e faça combos aéreos incrivelmente complexos e bem trabalhados.Isso deve doer. |
Robôs com personalidade
O jogo conta com um total de 9 personagens jogáveis (10, se você contar o personagem liberado via código). Excluindo Wing e Wing Zero, que são praticamente os mesmos personagens com variação de velocidade e força, cada um dos mechas conta com um estilo bem único.Wing (e, por extensão, Wing Zero) é o mais equilibrado, tendo uma boa variedade de combos aéreos e terrestres, e é o único mecha jogável que conta com dois especiais. Deathscyther é o mais ofensivo, sendo um ótimo personagem para combos enormes e que deixam os adversários com pouco espaço para revidar; Heavy Arms conta com a maior quantidade de projéteis do jogo, permitindo técnicas de distância ótimas Sandrock é confinado ao chão, mas pode estabelecer armadilhas nele; Shenlong conta com ótima mobilidade e ataques ofensivos; Tallgesee tem o pulo mais alto, mas é o com a pior defesa; Vayete é uma versão menos poderosa de Heavy Arms; e Mercurius tem a melhor defesa do jogo.
Isso deve doer MUITO mais. |
Uma pérola escondida
Endless Duel é um jogo muito robusto e é com toda certeza um dos melhores jogos de luta disponíveis no Super Famicom. Não fica devendo em nada a Street Fighter, sendo um jogo incrivelmente polido e balanceado, e com uma jogabilidade que até hoje é ótima. Passados 19 anos de seu lançamento, o jogo ainda é uma recomendação incrível para quem ama os jogos de luta.
Revisão: Alberto Canen
Capa: Felipe Araujo