A temática musical em jogos tem várias formas de se manifestar. Desde jogos de ritmo até simples minigames no meio de títulos completamente diferentes, ela pode ser aplicada de formas diferentes. É bem versátil, podemos dizer.
Mas o que muitos deixam escapar é que essa tal “temática musical” não é algo presente somente em jogos que deixem claro sua relação com a música, mas sim em todos os títulos. As trilhas são parte importantissima da construção da atmosfera e experiência do jogador com o título. E percebendo isso, o desenvolvedor indie Michael Todd criou um dos jogos de plataforma mais criativos e bem executados dos últimos anos: Eletronic Super Joy, que agora também está disponível no Wii U.
Luzes que piscam, gritam e avisam
O estranhamento é uma reação comum ao bater os olhos pela primeira vez em ESJ. O jogo conta com um visual extremamente minimalista, com o personagem principal sendo constítuido de três ou quatro pixels no máximo, e ao mesmo tempo com uma paleta de cores vibrante demais para o visual. Os dois não parecem funcionar tão bem juntos no papel, mas começando o jogo você logo percebe o que estava faltando para que a mistura pudesse dar certo: a música.
A música de ESJ é um personagem por si só, funcionando como um “Deus” dentro de cada uma das fases. As luzes e cores vibrantes dos estágios piscam, apagam-se ou se intensificam conforme a música, inimigos soltam seus golpes em certas batidas da música, tudo está sobre o controle dela.
Se a música for muito frenética, pode apostar que a fase será um festival de pulos milimétricos e precisão no qual você fica percorrendo plataformas escorregadias. Se ela for mais tranquila, espere fases mais contemplativas e simples, muitas vezes de introdução de mecânicas. É um casamento perfeito entre ambientação sonora e level design que dá ao jogador uma oportunidade de não só decorar as fases jogando, mas por decorar as pistas auditivas dela também.
Campanhas com humor da oitava série
O jogo conta com 3 modos diferentes (chamados de “campanhas” dentro do jogo). Duas delas são histórias mesmo. A primeira, “Original “, faz você andar por 45 fases indo atrás de um mago babaca que roubou sua bunda (?). A segunda, “Micro-Hell”, faz você percorrer 15 fases diferentes no Micro-Hell, em busca de Micro-Satan, já que ele urinou em seu cachorro (?). Esse humor meio infantil mas que ainda sim consegue arrancar umas boas risadas se faz presente durante todo o jogo, até em NPCs que te dão instruções de como usar novas manobras ou explicam novas características das fases.
Embora muitas vezes esse humor acabe parecendo barato, ele coopera mais com a ambientação confortável do jogo, onde cada vez mais ele parece querer deixar o jogador se sentindo em casa para não frustar ele com a dificuldade ridiculamente elevada encontrada no jogo.
Eletronic Super Joy segue a risca a moda de plataformas difíceis, e a executa muito bem. Mesmo que você decore as pistas auditivas, dificilmente irá passar de primeira em todas as fases. É um jogo que faz você desenvolver reação rápida e reflexos, se não será bem dificil fazer qualquer coisa nele.
A terceira campanha é mais um modo arcade, “Infinite Love Dance”, onde você deve ir passando por uma sucessão de fases sem fim e ver até onde chega. Simples e efetiva, é um bom treino para encarar as duas campanhas principais.
Uma pérola musical
Eletronic Super Joy é um jogo bem único. Existe uma compreensão das várias partes que constroem uma experiência boa de videogames, o encaixe ótimo entre elas e uma dificuldade bem aplicada que dá vontade de continuar jogando para melhorar, são características que o tornam um jogo obrigatório, tanto no Wii U quanto no PC.
Prós
- Ótima música;
- Encaixe perfeito entre trilha e jogabilidade;
- Visual bem construído.
Contras
- Humor infantil incomoda muitas vezes;
- Estranhamento inicial pode afastar novos jogadores.
Eletronic Super Joy - Wii U/PC/iOS/Android - Nota: 9
Versão utilizada para análise: Wii U