#Mario30th: New Super Mario Bros. 2 (3DS)

Um jogo tão bom que chega a fazer passar mal!

em 30/08/2015
Metido a CDF, nunca em minha infância ou adolescência inventei alguma febre repentina ou qualquer outra dor para perder um dia de aula, trocando-o então por algumas horas de diversão na companhia de um console. Por isso, foi no mínimo bizarro ser forçado a viver algo semelhante já na carreira profissional.


A data, graças a uma postagem no Facebook, foi registrada. "Começou a caçada às moedas no Reino do Cogumelo. É em GRANDE estilo. Entendem?",  comemorei na página da Nintendo World. Era 16 de agosto de 2012, um dia normal se não fosse a ansiedade me corroendo. Estava no aguardo da chegada de New Super Mario Bros. 2 — e torcia para que ele não viesse sozinho.

Imaginei que, provavelmente, o pacote enviado dos Estados Unidos desse as caras na metade do expediente, como era o costume. Ledo engano: assim que coloquei os pés na redação, descobri que a embalagem me esperava na área administrativa da Tambor.

Meu coração sempre bateu forte quando, diante de mim, havia aquele envelope plástico branco da Fedex. Era incrível ver que o destinatário era um tal de Igor Andrade — Nintendo World, enquanto o remetente era uma tal de Nintendo of America 4600 150th Ave — Redmond. Essa ficha não caiu até hoje...

Pelo peso, deduzi que a caixinha do jogo não estava sozinha. Saquei então de lá de dentro o então inédito Nintendo 3DS XL. Publiquei as novidades nas redes sociais, novidades que seriam lançadas no final de semana seguinte nas Américas, incluindo o Brasil, com direito a evento em um shopping em São Paulo. Para ser mais exato, o portátil demoraria um pouco mais para chegar ao país.

Eis que, como algo que nunca vou entender, comecei a sentir um incômodo. Lavei o rosto, respirei fundo, encostei-me na mesa de trabalho para ver se melhorava. Resisti um pouco, mas, depois de ver que a dor na região na cabeça não passava, aceitei ir com a Daniela Ianni, nossa diretora de arte, na farmácia no final da esquina. Minha pressão estava baixa, algo que já imaginava desde os primeiros minutos do mal-estar. Não era a primeira vez que vivia algo parecido, mas o que me deixava intrigado era aquilo acontecer de forma repentina.

Era por volta das 11 horas da manhã. A ideia era esperar para ver o que dava. No entanto, acharam melhor que eu fosse embora. Deixei São Paulo em direção a São Bernardo do Campo, onde moro, e fui direto para o hospital perto de casa. Dramin na veia, atestado médico na mochila, cheguei casa e fui descansar.

Moedas, moedas e moedas

Depois de um cochilo revigorante, era hora de trabalhar. Como tinha me escalado para fazer o review, acabei, meio que a contragosto, trazendo comigo o jogo e o 3DS XL — a intenção era não fazê-lo para evitar qualquer piada dos colegas, mas elas acabaram acontecendo e aí não titubeei. Fã declarado do encanador, encarei o jogo de plataforma como se fosse lá nos anos 1990, quando ganhei meu Super Nintendo com o Super Mario World, meu game 2D preferido.

Estava muito envolvido com New Super Mario Bros. 2, ainda mais após testar o sagaz modo Coin Rush na inesquecível E3 de 2012. Havia feito o preview, faria a análise e havia uma aura toda diferente ao redor do título. Como escrevi na época, "o jogo segue a estrutura do antecessor lançado para Nintendo DS, ou seja, é uma releitura da série de plataforma que consagrou a mascote da Nintendo há duas décadas, e mantém a linha que une inovação e nostalgia. Mario e Luigi terão power-ups novos e clássicos. Em um deles, o encanador fica dourado e transforma inimigos em ouro. O outro é o Raccoon Mario, que surgiu em Super Mario Bros. 3".

Apesar de ter a supervisão do mestre Takashi Tezuka, que na época liderava a equipe de desenvolvimento de New Super Mario Bros. U (Wii U), o game do 3DS foi um "projeto de conclusão de curso" feito por produtores de diferentes departamentos da companhia que puderam ouvir as experiências de vida dos criadores do encanador.

Isso explica, por exemplo, a caça às moedas, que surgem como nunca pelos estágios. A sugestão veio de um dos "alunos" desses seminários. Gente nova, ideias novas. Aliás, esse formato de trabalho é a origem do Garage, grupo de jovens talentos por trás de Splatoon (Wii U).

Na época, também disse em um dos meus textos que "seria renovador ver os recursos do Nintendo 3DS, principalmente os sensores de movimento, serem usados como controles do jogo, em vez de aparecerem apenas em alguns momentos". Não aconteceu da forma como realmente imaginava, mas o game foi o marco de uma nova era.

Foi o primeiro da companhia a sair tanto digitalmente na Nintendo eShop quanto fisicamente nas lojas, dando pano para manga para o velho dilema "ter ou não ter a caixinha?" Foi também pioneiro no quesito DLC. Diverti-me muito com o Gold Classics Pack, com releituras de fases de Super Mario Bros. (NES). Aquilo já não era nenhuma novidade pro mercado. Contudo, parece que nada fica completo até a Nintendo apoiar a causa.

Apesar de ser daquele tipo de gamer que explora cada canto com a maior paciência do mundo, adotei a tática dos Speedrunners, deixando de lado todos os extras para salvar Peach antes que o dia virasse noite. Deu certo. Gold Mario foi uma ótima sacada, apesar de ficar restrito a alguns estágios.

Já o multiplayer é um capítulo à parte. Um mês depois, estava no avião para Nova York em direção ao evento da NoA que revelaria os últimos detalhes, como preço e dia de lançamento, do Wii U. Foi aí que Gustavo Petró, que também cobriria a apresentação, perguntou se estava com o cartucho para então rolar uma partidinha. Aceitei, claro, mas dei aquela tremida básica, pois nunca imaginei que alguém que era uma das minhas referências no jornalismo gamer dividiria um momento de jogatina. No final, é esse tipo de experiência que conta.
Testando na E3!
O nível de dificuldade de New Super Mario Bros. 2 não é extremo, apesar de alguns packs de DLCs serem insanos. O jogo, que funcionou como um aperitivo para Mario Bros. U, diverte sem a pretensão de ser aquela aventura que quebra barreiras. Não é tão libertador quanto Super Mario 3D Land (3DS). Contudo, serviu para provar que até mesmo as fórmulas mais tradicionais devem ter pinceladas de inovação aqui e ali.

Até hoje não sei o motivo de ter passado mal naquele fatídico 16 de agosto de 2012. Não sei se era estresse ou empolgação em demasia. Lembro-me que me ausentei do trabalho ouvindo as piadinhas da turma da redação. Eles diziam que "estava saindo mais cedo só para jogar". Aquilo não era verdade, mas é evidente que deixei um sorriso de soslaio escapar ao ver que teria pela frente algumas horas de diversão na companhia de um console novo.
Super Mario 3D Land (3DS) Índice New Super Mario Bros. U (Wii U)

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Diego Migueis
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