A boa e velha concorrência
Jurassic Park II: The Caos Continues, apesar de ter como base de seu enredo o primeiro filme da série Jurassic Park, dá continuação aos eventos do filme e do primeiro jogo através de um roteiro muito distante da fonte original. Após o primeiro incidente no protótipo do parque, uma empresa concorrente da InGen (dona do Jurassic Park), a Biosyn, decide tomar a Isla Nublar e sua população de dinossauros para si. Para tal, ela envia à remota ilha tropas militares e seus próprios cientistas.
John Hammond, idealizador do parque jurássico e presidente da InGen, pede a Alan Grant que destoe ainda mais de sua posição de paleontólogo e enfrente sozinho não apenas os dinossauros da Isla Nublar, como também os soldados da Biosyn. Se você achava que o Alan do primeiro jogo já era semelhante ao Owen, de Jurassic World, essa versão do personagem é páreo duro para Rambo e Chuck Norris.
Lembra de quando Jurassic Park era realmente sobre um...parque? |
O legal é que essa história é contada numa razoavelmente bem feita animação introdutória. Comparada à total falta de contextualização do primeiro jogo, temos um imenso salto em construção da história. Por outro lado, o enredo também traz um ar totalmente diferente do primeiro filme, algo que o primeiro jogo havia feito muito bem. A temática do parque zoológico é deixada de lado em prol de ação desenfreada em meio a dinossauros - algo que, de certa forma, antecipa um pouco a direção tomada pelo segundo e terceiro filme da série.
De volta ao parque
Utilizando uma mecânica de tiro em terceira pessoa em progressão lateral, Jurassic Park II: The Chaos Continues é muito mais direto do que seu predecessor. Não é mais preciso adivinhar para que lado ir ou quebrar a cabeça tentando descobrir o que fazer. Basta seguir em frente e fuzilar qualquer soldado ou dinossauro que tentar lhe fazer de presa.
Mas, espera! Essas criaturas pré-históricas devem ter custado milhões de dólares para terem sido recriadas. Não faria sentido matá-las, afinal, o propósito do jogo é reaver o controle sobre elas, não? Em The Caos Continues, você não pode matar tantos dinossauros, pois isso também lhe fará falhar na missão. Contra esses mortais répteis, é melhor usar armas não letais, como uma arma de choque, tranquilizantes e bombas de gás. Já para os soldados inimigos, temos um rifle, uma metralhadora e uma shotgun. Acho que alguns valores foram invertidos nesse jogo, não?
Pense bem antes de matar essas criaturas... |
No geral, The Chaos Continues é um jogo bem divertido. A jogabilidade lembra a série Contra, e também trata-se de um jogo bem difícil. Além dos dinossauros e soldados da Biosyn, é preciso lidar com desafios de plataforma, cenários com pouca iluminação e munição limitada. Esses elementos, apesar de interessantes, não trazem muito de novo à mecânica de shot'em up. Naquela época, na verdade, esse era um gênero "preguiçoso" para jogos inspirados em games de ação, o que deixa The Chaos Continues muito atrás do primeiro jogo em questão de ousadia.
...mas também não precisa demorar tanto assim pensando! |
A desenvolvedora Ocean, mais uma vez, construiu momentos bem interessantes para quem curte a série Jurassic Park. Há muitos dinossauros diferentes, e cada um conta com maneiras distintas de serem enfrentados. A luta contra o T-Rex, por exemplo, é vivida durante uma perseguição entre o grandalhão e o clássico jipe de Jurassic Park. Há também vários cenários no jogo, contando inclusive com alguns que nem sabíamos que existiam na Isla Nublar, como savanas, uma montanha nevada e um vulcão ativo!
O mais estranho disso tudo é ter uma vulcão em plena atividade na Isla Nublar ou um Tricerátopo ter ido até um lugar como esse por livre e espontânea vontade? |
Uma viagem a dois
Assim com o primeiro jogo (e a maior parte dos títulos de SNES), Jurassic Park II: The Chaos Continues é bem difícil. Se você não souber exatamente como enfrentar cada desafio do jogo, vai desperdiçar vidas e munição. Apesar do sistema de missões tornar mais fácil a continuação do progresso (a ausência de qualquer resgate do progresso feito no primeiro jogo após um Game Over era uma punição dolorosa), essa sequência também exige maestria. A jogatina fica um pouco mais suave e até mais divertida graças à opção para dois jogadores.
Amigo, estou aqui! |
O soldado Michael Wolfskin, personagem inventado exclusivamente para esse jogo, junta-se a Alan Grant nessa operação. A dupla deve, no entanto, ter atenção redobrada ao contador de animais mortos, pois ele é também compartilhado. O multiplayer de The Chaoes Continues exige muito trabalho em equipe e é um dos pontos altos do jogo - embora também seja absolutamente obrigatório em um título desse gênero.
A vida dá um jeito
Como já dito, a direção desse jogo é bem semelhante ao segundo e também ao terceiro filme da série. Isso pode desanimar os amantes do aspecto "Park" de Jurassic Park, mas o jogo explora bem outras perspectivas da Isla Nublar. Por exemplo, podemos caminhar por cercas elétricas destruídas e pelos corredores escuros das antigas salas de controle. Os visuais, mais uma vez, retratam muito bem a ilha - embora não sejam tão bem trabalhados quanto no primeiro jogo. A trilha sonora é menos cativante do que a do game anterior, mas, ainda assim, ambienta bem.
Assim o primeiro jogo, essa sequência também recebeu uma versão para GameBoy |
Pela pouca quantidade de jogos da série Jurassic Park e pela péssima qualidade da maioria deles, Jurassic Park II: The Chaos Continues acaba sendo, assim como o primeiro game, uma das boas adaptações da franquia aos videogames. A escolha por um shot'em up genérico, a perda da temática e atmosfera originais e o desvirtuamento completo do personagem Alan Grant podem ser pontos negativos para The Chaos Continues, mas fato é que o jogo diverte. Não só diverte como também nos permite interagir bem com os diversos dinossauros da Isla Nublar e conhecer mais alguns ambientes do parque jurássico.
Capa: Diego Migueis