Se ficar, o bicho pega...
No controle do paleontólogo Alan Grant, devemos, obviamente, escapar da Isla Nublar, local onde o protótipo de um parque zoológico jurássico não deu muito certo. Repleta de dinossauros dos mais variados tipos, tudo nesse jogo significa perigo. E, com poucas vidas, pouca munição, poucos continues e falta de um recurso para salvar o progresso, você provavelmente vai economizar cada gota de suor que puder. Tudo bem que o jogo não é exatamente longo, mas por vezes é difícil entender o objetivo, o que leva a muita exploração.
Para se defender dessas criaturas pré-históricas, Alan traz um arsenal bélico que nos faz pensar se ele é mesmo o pessimista arqueólogo do filme ou se já não é uma versão antecipada de Owen Grady, o treinador de Velociraptors de Jurassic World. Mas nem isso é o bastante para conter a sensação de medo passada pelo jogo. Proposital ou não, o suspense de poder a qualquer hora bater de frente com um dinossauro que com certeza lhe fará em pedaços é a reprodução de um dos melhores aspectos dos filmes da série.
Utilizar tecnologias esquisitas da maneira menos funcional possível é algo frequente nesse jogo |
... se correr, o bicho come
A jogabilidade de Jurassic Park envolve dois momentos diferentes. No primeiro, a câmera é superior, retratando os ambientes externos do parque numa mecânica semelhante aos The Legend of Zelda bidimensionais, como A Link to the Past (SNES). Basta entrar em prédios para a visão alternar para uma em primeira pessoa, que era inclusive compatível com o SNES Mouse. Essa segunda mecânica de jogo era rara em jogos da época, e impressionava bastante os jogadores - até porque era usada em alguns dos momentos mais tensos do jogo.
Opa, uma dócil atração de um parque zoológico... |
Apesar da falta de um recurso para salvar o jogo e a ausência de explicações sobre os objetivos terem sido encaradas como problemas do título, a desenvolvedora Ocean fez um dos melhores trabalhos com a série Jurassic Park nos videogames. Embora o estúdio já tenha sofrido tantas transformações ao longo dos anos, seria interessante vê-lo trabalhar numa adaptação do recente Jurassic World.
... Espera! O que!? |
Se você se lembra de ter jogado em outra plataforma um jogo parecido com esse, saiba que é porque Jurassic Park foi portado para inúmeros consoles e portáteis. E as adaptações exigiram mudanças completas no visual de cada jogo, assim como alterações na jogabilidade - embora a visão superior tenha sido conservada em todas. NES, Game Boy, Mega Drive, Game Gear, Sega CD, Commodore Amiga e Master System receberam versões próprias do título.
Versões de NES e GameBoy de Jurassic Park |
Não poupe despesas
Apesar de não estrelar entre os jogos mais importantes e famosos do SNES, Jurassic Park claramente exigiu um alto nível de produção para a época. Embora a atmosfera de tensão tenha sido muito bem retratada por aspectos funcionais do jogo, os visuais não deixam a desejar, ajudando a recriar com detalhes os cenários do filme. Há, inclusive, mais ambientes do que os do longa-metragem para serem explorados por Alan.
O pior é quando você olha para os ícones inferiores e vê que era a última vida desse pobre jogador |
Mas talvez o que mais impressiona tecnicamente em Jurassic Park seja sua trilha sonora. Já naquela época, o título fez uso de som surround, propiciando músicas capazes de transmitir muito bem a sensação de perigo e suspense. É estranho, na verdade, perceber que poucas pessoas realmente valorizam a trilha desse jogo.
Há muitas referências ao filme original no jogo, construindo muito bem a sensação de estarmos expandindo o enredo de Jurassic Park. A vegetação utilizada nos cenários é bem semelhante, é possível se guiar pelas icônicas placas do parque e até receber dicas de alguns personagens originais. Para quem é fã da série, a ideia de poder explorar com maior liberdade o parque jurássico é, no mínimo, interessante.
Olha só, o personagem mais próximo de ser o "vilão" do filme lhe dando dicas |
Bem-vindo ao Jurassic Park
Os filmes da série Jurassic Park, especialmente o primeiro, marcaram a vida de muitas pessoas. Nessa época de muita felicidade pelo fato de Jurassic World ter se tornado uma digna sequência, jogar Jurassic Park talvez seja uma experiência interessante. Tudo bem que o parque não é tão megalomaníaco quanto a versão vista nesse filme recente, mas, como um dos próprios personagens de Jurassic World diz, há um quê de nostalgia nessa época em que dinossauros eram interessantes apenas por serem dinossauros. Acredite, você não vai precisar de um réptil híbrido para sentir perigo nesse jogo.
Se o filme Jurassic Park não aproveitou todo o ambiente que construiu, este game com certeza expande a aventura vista nos cinemas. Há alguns problemas aqui e ali, sobretudo o fato de que a aventura precisa ser vivida ininterruptamente, mas, com certeza estamos falando de uma boa adaptação para os videogames. E será que houve outras boas adaptações da série? Na semana que vem, relembraremos Jurassic Park 2: The Chaos Continues (SNES)!
Revisão: Alberto Canen
Capa: Diego Migueis