Competitivo 102: O poder de ataque nas batalhas em dupla

Depois de escolher sua estratégia, vamos conhecer um pouco mais as táticas ofensivas do acelerado metagame Doubles!

em 03/03/2015
Treinadores e treinadoras, os saúdo em mais uma etapa do nosso Competitivo 102, o seu guia do cenário competitivo Pokémon em dose dupla. Agora que já tivemos uma pequena previsão de como funcionam as estratégias mais padrões das batalhas de dupla, é chegada a hora de começar a estudar como funcionam determinados aspectos do combate e escolher seus Pokémon. É por isso que hoje iremos abordar o princípio básico de qualquer batalha Pokémon: o ataque.

Força bruta

Antes de mais nada, é preciso salientar que existe uma diferença entre a ofensiva de batalhas Singles e Doubles, e é algo que a maioria dos jogadores não considera quando se vai jogar nessa modalidade pela primeira vez: é preciso derrubar seu inimigo no menor número de movimentos possível. As batalhas de um contra um costumam ter muitos Switches, dano residual e estratégias que giram em torno de dar 2HKO para pegar um oponente na troca e desabilitá-lo no segundo encontro. Em duplas, não se pode dar a esse luxo.


Reiterando algo que falamos nas aulas passadas, a maioria das batalhas Pokémon em duplas seguem as regras do VGC, então só se entra em combate com quatro dos seus seis monstrinhos, e dois já vão para o campo logo de cara. Dessa maneira, são raras as ocasiões em que você irá se dar ao luxo de ficar fazendo trocas, pois isso sacrifica totalmente um turno de ação e dá a vantagem de momentum para o oponente. Assim sendo, quando atacar, é bom que seu adversário caia naquele ataque.

Você não, Brave Bird.
Você continua igual.
Desta maneira, os Pokémon atacantes de Doubles costumam ter perfis muito mais agressivos que os de Singles. O objetivo é conseguir causar o maior dano possível de uma vez, e retirar de campo aquele inimigo que pode dar maiores problemas para o seu time. Quando os seus dois estiverem em campo contra os dois do adversário, pode ser sábio focar seus esforços em uma única ameaça, afim de garantir que ele seja nocauteado, ou ter um Pokémon que consiga abater seus oponentes com maior facilidade e zona de conforto.

É por este motivo que temos uma maior predominância de itens como Choice Band e Choice Specs em Doubles; enquanto eles podem ser muito arriscados em batalhas longas, como é o caso de Singles, em duplas o reforço de poder é muito apreciado. A bonificação de 50% no poder ofensivo do Pokémon pode garantir o dano necessário para definir o rumo de toda uma partida, ao ponto de que compensa sacrificar a opção de escolher ataques após puxar o gatilho pela primeira vez. Além disso, você ao menos tem a opção de escolher seu alvo, o que reduz o contra-efeito dos Choice Itens.

Outra coisa importante de se lembrar ao bolar sua estratégia ofensiva é sempre se recordar da importância da ordens dos ataques e, por consequência, do fator Speed. Discorremos muito sobre isso na última aula, sobre como o controle de velocidade é essencial em uma boa tática, e isso se mostra especialmente importante quando se está partindo pro ataque. Se o seu time tiver uma vantagem de rapidez, poderá derrubar os dois Pokémon do adversário antes dele sequer ter alguma chance de revidar. É claro que isso depende também de outros fatores, como a ordem de prioridade dos ataques.


Isso nos leva a uma velha disputa na escolha de atacantes: devo escolher sempre os mais rápidos? É um caso semelhante a escolha entre Sweepers e Tanks em Singles, cujo é importante levar em conta a ambientação do seu time e do objetivo de seus Pokémon. Dependendo do papel que quer que o seu monstrinho exerça, pode ser mais indicado que ele seja rápido e mortal para eliminar ameaças antes que elas tenham alguma chance, e em outros casos sua resiliência e capacidade de absorver ataques pode se mostrar essencial para a sinergia do time.

Um verdadeiro monstro
com o apoio certo.
Além disso, certas táticas de controle de velocidade até favorecem o uso de Pokémon mais lentos. Uma criatura que, por natureza, atua como um Tank, pode se tornar um Sweeper depois que Trick Room estiver ativa e permitir que ele não somente golpeie antes, mas resista bem algumas pancadas. Paralisar seus adversários mais rápidos e dar vantagem aos seus batedores pode definir todo o rumo de uma batalha. Após a Speed dobrar pelo efeito de Tailwind, mesmo alguns dos mais lentos podem se tornar mortais. Como já dissemos antes, sua dupla se comporta como um Pokémon só; nunca deixe que eles atuem sem pensar no parceiro.

Impacto em área

Outra coisa importante das batalhas em dupla é que existem movimentos que são particularmente eficazes para enfrentar múltiplos inimigos. Os famosos golpes de largo alcance permitem que você atinja mais de um inimigo por turno, podendo causar dano aos dois oponentes (e, as vezes, até em seu parceiro) simultaneamente. Combinando isso com um alto poder de ataque e uma bonificação por itens (como Life Orb e Choice Band/Specs) pode fazer estragos irreparáveis no time inimigo.


Também é importante levar em conta que os ataques de largo alcance têm sua precisão e chance de ocorrência de efeitos secundários calculada isoladamente para cada alvo. Isso quer dizer que, quando você usar Rock Slide, existe a chance de acertar um inimigo e errar o outro, ao mesmo tempo que pode deixar um deles atordoado (flinched) e o outro não. Também é possível errar os dois, ou mesmo deixar ambos sem ter como agir. É onde o fator sorte entra, intrinsecamente entrelaçado ao competitivo de Pokémon.
Beijo do azar: Enquanto é importante se lembrar que, com mais alvos, a chance de causar efeitos secundários em Doubles é maior, é no mínimo inconsequente depender disso. A Síndrome de Apostador, algo que atormenta a grande maioria dos jogadores competitivos, é a crença de que os efeitos secundários devem acontecer para que sua estratégia tenha sucesso. É a velha crença de que, se um golpe tem 50% de chance de ter seu efeito ativado, ele irá acontecer uma vez a cada dois turnos, e essa matemática não é exata. Com a chance sendo calculada em todo turno, é possível passar quatro rodadas sem conseguir engatilhar o efeito uma vez sequer. Lembre-se de sempre assumir que está com azar antes da luta e nunca contar exclusivamente com a sorte para vencer. Assim a decepção vai ser menor quando Serene Grace te abandonar, e a satisfação vai ser maior depois daquele acerto crítico na hora H.
Enquanto parece ser um mar de rosas, existem alguns problemas de se usar esse tipo de movimento. Ataques em área têm a sua eficácia reduzida em 25%, causando apenas ¾ do dano original quando se acerta dois ou mais alvos. Na prática, isso quer dizer que o seu Earthquake terá força de 75, e não de 100 conforme está na descrição do golpe. É por isso que é preciso dosagem ao usar esses movimentos, já que muito raramente eles serão o suficiente para abater seus alvos no tempo requisitado.

A melhor combinação para tirar proveito dessas técnicas é o abuso de STAB e itens que reforçam sua força, assim compensando o dano reduzido da batalha em dupla e conseguindo dar um dano considerável nesse turno. Se precisa ter certeza que o inimigo vai rodar agora mesmo, não hesite em usar um golpe que se foque nele e apostar no dano integral. Na longa jornada, vai se mostrar recompensador saber a hora certa de usar uma espingarda ou um rifle para vencer seus inimigos.

Preparo de combate

Uma última coisa a ser ressaltada quando se fala da ofensiva é a questão dos Set Up Moves. Os golpes que aumentam os atributos de seu Pokémon e elevam suas capacidades ofensivas têm um papel fundamental em Singles, na qual se coloca o Pokémon em uma situação de vantagem e aproveita-se que o oponente irá provavelmente desperdiçar o turno para subir seu stat de preferência, aumentando o desequilíbrio de momentum entre os dois jogadores. Em Doubles, não é tão fácil conseguir uma situação dessas.

É preciso ter muita
cautela antes de
iniciar o seu Set Up.
O fato de ter dois oponentes ao invés de um torna complicado ter a oportunidade de usar Set Up Moves, pois mesmo que ambos tenham certa desvantagem ao seu Pokémon, eles podem focar dois golpes em um único dos seus, o que desperdiça o esforço. Sacrificar um turno que poderia estar atacando ou se defendendo é algo que exige uma precisão cirúrgica e também uma ótima leitura do seu adversário, prevendo o que ele fará para conseguir usar isso contra ele. É por isso que não são muitos os Pokémon que usam Set Up Moves em Doubles.

Uma maneira de prevenir isso é criar uma situação em que seu oponente não possa interceptar o seu atacante, e isso pode ser feito criando uma situação desconfortável para ele ou chamando sua atenção para outro monstrinho. A primeira envolve o uso de efeitos negativos, abuso de habilidades como Intimidate e Prankster para balançar a sinergia e estratégia do adversário, exigindo trocas e/ou mudanças de planos. Assim você conseguirá abrir um buraco na defesa inimiga e correr através dela, aumentando seu potencial ofensivo e se tornando uma máquina de combate.

Quanto a segunda, bem, isso é assunto para uma outra aula…

Ask Me-owth

Após o nosso hiato, este é o primeiro Ask Me-owth que fazemos! Por este motivo, gostaria de reiterar que não precisam ter vergonha de publicar suas dúvidas e críticas nos comentários, pois eles podem ser o mesmo que outros gostariam de dizer e também hesitam. Desta forma, sua pergunta pode estar no Ask Me-owth da semana que vem! Caso tenham alguma outra dúvida que exija rapidez na resposta, me procurem no Twitter que tentarei responder o quanto antes. Estive ausente lá por alguns dias por problemas pessoais, mas estou retomando a atividade a partir de hoje. Sem mais delongas, vamos à pergunta!
Qual o melhor parceiro para um mega Sceptile? levando em conta sua ability e necessidade de um Discharge.
 — Hudson Lincoln 
E aí Hudson! Em primeiro lugar, é fato que Discharge é um golpe praticamente essencial no uso de um Mega Sceptile, já que sua habilidade vai apenas aumentar seu potencial ofensivo a cada vez que o golpe for usado. Agora, para escolher quem vai usá-lo, é uma questão delicada. Antes de mais nada, leve em consideração usar algum Pokémon que não tenha uma fraqueza reincidente com o Mega Sceptile; Zapdos seria bacana pelos seus stats defensivos, mas não é muito bom ter dois Pokémon fracos a golpes do tipo Ice. Um único Blizzard pode varrer sua dupla do mapa.

Outra coisa importante na escolha é pegar algum Pokémon que possa cobrir as ameaças de seu Mega Sceptile. Quais adversários o Sceptile não conseguem derrubar de forma alguma? Pense neles e escolha um parceiro adequado que consiga vencê-los. Uma das variações de Rotom pode suprir essa falta, por exemplo; Rotom-Heat consegue abater adversários do tipo Steel ou Ice com seu Overheat, enquanto tem acesso a Discharge para melhorar o potencial do parceiro.


Por fim, lembre-se também do segundo efeito de Lightning Rod: puxar para si ataques Electric-type de alvo único. Colocar como parceiro algum Pokémon que teria problemas contra golpes elétricos pode ser muito produtivo; seu Gyarados vai ficar feliz ao ver aquele Thunderbolt desviando de rota e atingindo o dragão vegetal, apenas para aumentar suas habilidades ofensivas. Tendo isso em mente, poderá formar um time muito eficaz!


E isso conclui a aula desta semana no Competitivo 102. Aprendendo sobre como atacar nos deixa um passo mais perto de elaborar um time, pois agora já sabem como devem se comportar nos combatentes em dupla. Quem sabe agora não focamos na defesa? Bem, isso vai ficar para uma próxima aula. Abraços a todos, comentem bastante e nos vemos na próxima aula!
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Jean Bohlen

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