Análise: The Legend of Zelda: Majora's Mask 3D (3DS) é beleza e pura nostalgia

Revisitamos a lenda mais obscura da série The Legend of Zelda e contamos as novidades, mistérios e curiosidades por trás das lentes da verdade, agora em 3D.

em 02/03/2015
Amizade. Se há uma palavra que pode definir todo o jogo The Legend of Zelda: Majora’s Mask 3D, esta seria a melhor para designá-la. Desde a caminhada de Link em busca de um amigo distante, até o momento de ajudar os personagens de uma pacata vila, o protagonista percorre um único ideal, não mais de salvar a princesa e libertar o reino, mas de resolver assuntos pessoais pendentes e evitar o fim do mundo. Por sorte do destino, podemos reviver esta epopeia digna de permanecer entre as maiores obras-primas da história dos games, agora com uma nova roupagem, mais adequada aos dias atuais.

Uma jornada muito pessoal

Foi há, aproximadamente, 15 anos que jogadores do mundo todo se envolveram com a história de Majora’s Mask, lançado então para o Nintendo 64, e sua reviravolta no cenário gamer. Após um susto inicial pelo seu aspecto inovador, este se tornaria um dos jogos mais aclamados pelos jogadores e também um dos melhores do ano 2000. De lá para cá, muitas foram as possibilidades de consoles em que o jogo poderia ser jogado, desde o clássico GameCube e seu The Legend of Zelda: Collector’s Edition, até a versão digital no Virtual Console do Wii. Chegamos a um ponto em que esta história está mais do que consolidada nos aparelhos e mentes dos jogadores, mas será que a releitura em 3D faz sentido?
Saudades destes lindos campos onde grandes aventuras ocorrem...
Em seu novo jogo, Link embarca em uma jornada pessoal, bem como é dito no início da aventura, mas seria mesmo tão pessoal a ponto de deixar de lado elementos típicos da série, como Zelda, Ganondorf e Triforce? A resposta é sim. Mecânicas de jogo muito bem construídas, há tempos, formaram base para a indústria e gosto gamer, mostrando que o jogo estava muito à frente do seu tempo, e que ainda permanece atual.
Não se preocupe, caro jovem, a treta só está começando! Hihihi

Tristes histórias, lindos encontros

A mecânica de Majora’s Mask reúne-se, principalmente, em quatro temas, que dão forma a quatro calabouços e a três das mais importantes máscaras. Cada uma destas conta com uma bela e envolvente história, dessas que envolvem tensão, arrependimento, morte, amor e, novamente, amizade.
Momentos emblemáticos do game
Centrado em três grandes personagens e suas relativas máscaras, Link irá ajudar (intrometendo-se) na história destes seres e, ao mesmo tempo, libertar as almas dos Gigantes que irão impedir a queda e a destruição do mundo dentro de 72 horas. Tudo isto será feito com a principal ajuda de máscaras que dão ao personagem novas habilidades, poderes até então suficientes para o seu progresso.
Os encontros com Gigantes são considerados os momentos mais nostálgicos do jogo
Um dos maiores trunfos de Majora’s Mask são suas side quests. Pode-se dizer que nunca foi levado tão a sério o fato de incluírem em um jogo momentos extras e que complementariam a aquisição dos 100% de conquistas. Poderíamos ficar falando por horas sobre cada uma das máscaras e das sensações e histórias que ficaram marcadas em cada uma das sidequests cumpridas no game. Alguns abrirão sorriso ao ouvirem falar de UFOs em Romani Ranch, de múmias perambulando uma casa animada, de histórias familiares que terminaram em momentos felizes, de casamento e uma linda e triste história entre um casal emblemático do game: Anju e Kafei. Estes são só alguns exemplos deste cenário vasto e memorável que é o de Majora’s Mask.

Saudades do passado

Mikau dando aquela nota
Destaco aqui um dos maiores aspectos que podemos atribuir a Majora’s Mask: o seu engajamento com o jogador. Determinado como é, Majora’s Mask segue firme com suas crenças e coloca o jogador imerso em um mundo diferente, interessante e sem preconceitos. O sucesso pode ser notado em rodas de amigos, quando estes contam suas experiências imersivas e pessoais com o game. O foco em pequenas side quests, e a lembrança de como cada história foi tão envolvente, são alguns dos relatos mais nostálgicos e sinceros que podemos ouvir.
Mistérios, tensão, histórias macabras, tempos inacabados e relações filosóficas nos inserem dentro de um vasto e complexo mundo mágico.
Velhos conhecidos estão de volta. E não é nada terrível nos reencontrarmos com Dampé, Postman, Kaepora Gaebora e Gossip Stone (lembramos de você, Dona Pedra!). Também é muito interessante conhecer personagens novos, inseridos neste capítulo, como os Bombers, Mikau, Tingle e até mesmo a Lua (sim, é legal ver a Lua caindo em 3D). Resolver seus casos será a melhor parte da aventura! Calma, também não esquecemos de Epona, nossa fiel e melhor escudeira.

Sob uma nova perspectiva

Não podemos deixar de elogiar as melhorias e aspectos renovados do game, que não deixam de lado momentos de jogabilidade impostos ao usuário, e oferecem a mais rica experiência visual e sonora ao jogador, dignas de um tratamento VIP. Uma nova paleta de cores, um 3D impactante como não víamos desde Ocarina of Time 3D (3DS), a possibilidade de girar livremente a câmera (no New 3DS ou com o uso do aparelho Circle Pad Pro) e a utilização do giroscópio em certos momentos, tornam tudo ainda mais vivo.
New colors! New graphics! Wow!!!
Termina está linda! Locais como Ikana Graveyard, Southern Swamp e Great Bay, para citar alguns, garantem uma lágrima nos olhos daqueles que se aventuraram e muito por estas bandas em tempos passados. A natureza se confunde com os gramados, árvores e passagens, fazendo tudo parecer uma coisa só, visto o rico tratamento dado aos detalhes gráficos (adeus, blocos de papelão pintados de árvore). E são detalhes mais realistas, uma dádiva àqueles que curtem os aspectos “mais adultos” da série.

Uma beleza ímpar
Posso falar de cada um e de cada emoção, porém, vamos deixar apenas um gostinho, com destaque para: a imersividade do lago Southern Swamp e sua coloração amarelo-dourado-areia, no lugar do verde poluído; o mapa, que agora deixa de ser uma paisagem parada e sem graça e ganha animações; os portais detalhados no chão ao invés dos blocos em forma de polígono; a todo o gramado, com efeitos de sombra e brilho (gramas cortadas vão para a frente da tela com o 3D ativado), os efeitos de fog melhorados e à beleza das estrelas caindo dentro do Observatório.

Mas, o que me deixou realmente comovido neste novo Majora’s Mask é a sua parte musical e de aspectos sonoros renovados. Ouso dizer que se trata da melhor trilha sonora já posta em prática no Nintendo 3DS. E motivos não faltam: reviveram belíssimas músicas em um sistema com um hardware bem superior ao do Nintendo 64 (o SNES fazia melhor, até chegar o fim da parceria Sony-Nintendo), dando foco aos backgrounds e notas-chave para causar reações mais impactantes. Recomendo fortemente o uso de um bom fone de ouvido para sentir na pele tais sensações.

Quanto aos aspectos do jogo, são muito bem-vindas a segunda tela, a inclusão das Inverted Song of Time e Song of Double Time anotadas na lista de canções (antes eram consideradas “mais secretas”), a possibilidade de escolher a hora para avançar no tempo a partir desta segunda canção etc. Também dá para ver animações, só agora possíveis, graças à segunda tela do aparelho, que garante, entre outros, um Bomber’s Book mais organizado e que inclui a possibilidade de ativar notificações (pois é, tecnologia a serviço do bem), e um bom mapa sempre visível. Alguns locais mudaram de lugar, como o Banco. Controles de personagens se tornaram mais simples, como rolar com Goron. Ah, usar o MiiVerse para postar diferentes fotos do jogo (e ver outras) também é maravilhoso!
Big Bosses ainda mais detalhados não vão nos deixar em paz.
Deku Link posando de Chef!
Para não dizer que o game é perfeito (afinal, nada é perfeito nesta vida), presenciei um momento de queda de frames ao ativar o 3D (existente ao extremo em Pokémon X & Y) em uma CG com o Monkey e Princesa Deku (mas que não vi depois), o que, provavelmente, não deve ter acontecido no New 3DS XL. Também senti falta de uma renovação na seleção de armas e itens, algo semelhante ao feito em A Link Between Worlds, dada a troca constante de itens e máscaras no jogo, mas nada que tire o seu mérito; a inclusão de botões na tela de toque já supre muitas das pendências antigas.

O mundo está acabando de novo, o que fazer?

Alguns dos muitos que ainda não puseram suas mãos nesta nova releitura devem estar se perguntando se realmente vale a pena embarcar novamente nesta jornada. E acho que nem é preciso dizer, certo? A elevada qualidade está aí, há anos fazendo sucesso, e isso se deve à excelente equipe que produziu e reconstruiu o título. O primeiro trabalho de Eiji Aonuma como diretor da série (antes era designer de calabouços em OoT) foi um risco que deu muito certo, e o pôs frente à qualidade de Shigeru Miyamoto dentro da Nintendo. A partir daí poderíamos confiar de olhos vendados em seu trabalho.
É tempo de comemorar e de festejar o ótimo game que ganhamos
Fato é que nunca nos cansaremos de revisitar a mesma lenda de Zelda, ou, ao menos, de relembrá-la em conversas ou em sonhos. Mais um novo (ou velho) Zelda esta aí para saciar a vontade dos fãs da franquia de plantão. Se nunca jogou (onde esteve nos últimos 15 anos?), é compra obrigatória e jogatina essencial para o currículo gamer. Caso já teve a rica oportunidade, deve-se fazer um favor a si mesmo e permitir-se reviver esta querida lenda, agora com um toque maior de primor, bajulação e elegância. Mas não perca tempo, a lua está caindo...

Prós

  • É mais um jogo da série Zelda com extrema qualidade;
  • Novos gráficos, sons e possibilidades dão vida e requinte ao game;
  • MiiVerse incorporado dá vida à comunidade fã do jogo;
  • Uma pérola para se levar a qualquer lugar.

Contras

  • Ausência de novos modos ou desafios após o desfecho;
  • Brusca queda de frames em determinado momento de CG;
  • Seleção de itens ainda passível de mudanças;
  • Não ser lançado para o Wii U.

The Legend of Zelda: Majora’s Mask 3D — 3DS — Nota: 9.5

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Diego Migueis

Jaime Ninice é cravista, formado pela UFRJ, e mestre em música na mesma instituição. Sua paixão por games, eventos e revistas o levou a escrever e revisar artigos desde 2010 no @Blast. Hoje é redator das publicações impressas sobre retrogames WarpZone.me
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