Crescer na década de 1990 foi um privilégio e tanto para toda uma geração de jovens que tiveram momentos marcantes entre uma ida à locadora e uma sessão em frente à televisão, curtindo a lendária TV Manchete. Já devo ter comentado bastante por aqui sobre as honrarias de ser jovem nesse período, mas nunca é demais acrescentar mais um item a essa extensa lista de privilégios que tivemos durante todo esse período.
Uma época de ouro
Se já não bastasse ter sido a época de ouro dos videogames, quando fomos agraciados com pérolas imortais no ramo dos jogos eletrônicos, outro ramo novo no Brasil despontava como grande sensação entra a garotada da época: eram os animes.
A internet ainda não havia abduzido as crianças, e a TV por assinatura ainda era um sonho distante, assim, acabava-se sendo refém da programação da TV aberta. Contudo, isso não significava necessariamente algo ruim naquele tempo, pois tínhamos a TV Manchete e as séries japonesas que marcaram época por aqui. Entre os vários sucessos trazidos do Japão para a televisão brasileira, podemos citar Os Cavaleiros do Zodíaco, Shurato, Samurai Warriors, Super Campeões e, claro, o inesquecível Yu Yu Hakusho.
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Isso sim foi infância/juventude. |
O clássico anime japonês transmitido durante a década de 1990 rivaliza até hoje com Os Cavaleiros do Zodíaco pelo lugar de melhor anime daquela geração. Desavenças à parte, a série virou febre nacional, e não eram raras as ocasiões em que nos encontrávamos com grupos de garotos disparando leigans pra lá e pra cá. Além de gerar uma infinidade de álbuns de figurinhas, bonecos e roupas, o anime não custou a ser transformado em game no Japão. Mesmo os jogos baseados na série não terem chegado por terras ocidentais, isso não significava que nós, meros mortais do outro lado do planeta, não colocaríamos as mãos nessas belezuras.
Sempre o Super Nintendo
Foi no Super Nintendo que um dos games da série animada se destacou e marcou época entre os amantes de uma boa luta virtual. Yu Yu Hakusho Final: Makai Saikyou Retsuden foi lançado em 1995 pela Namcot/Namco, para o console de 16bits da Nintendo, no auge da febre de animes japoneses.
A história do game se passa durante a batalha contra Sensuí, quando este está tentando abrir o portão das trevas que liga o mundo dos humanos ao dos mortos, fazendo com que as criaturas malignas invadissem a terra, colocando nossos heróis em confrontos contra seres poderosos do mundo das trevas.
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Um dos maiores animes de todos os tempos. |
Nesse jogo você encontrará alguns dos personagens mais marcantes da saga, indo desde Shinobu Sensuí até os três reis de Makai: Yomi, Raizen e Mukuro. E é claro, não poderiam faltar os mocinhos da história, Yusuke Urameshi, Kazuma Kuwabara, Kurama e Hiei. Há também a possiblidade de controlar uma versão transformada de alguns deles: Yusuke Youkai, Youko Kurama e Shinobu Sensuí com sua armadura sagrada.
O Japão é logo ali
O jogo, que chegou por essas bandas muitas vezes através de pirataria, ou em raras vezes importado do Japão, era completamente em japonês, como outras várias pérolas que cruzaram o mundo para desembarcar nas saudosas locadoras de games. Esse detalhe não intimidava os jovens jogadores sedentos por tudo que fosse relacionado ao seu anime favorito (ou o segundo, se você prefere Cavaleiros do Zodíaco). Algumas tentativas pelo menus do game e logo estava-se familiarizado com a escrita.
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Por incrível que pareça, não era difícil encontrar uma dessa na locadora. |
Uma aventura nostálgica
Entre as opções de jogo, tínhamos o Story Mode, tradicional modo história. Nele o jogador escolhe entre Yusuke, Kurama, Kuwabara ou Hiei para os duelos e tentar vencer todos os desafios do game. Tournament, onde era possível escolher o personagem, assim como no modo de jogo anterior, mas o intuito era disputar um torneio, semelhante ao visto no anime. Um modo de jogo onde se enfrentava vários inimigos de forma aleatória também estava presente no título. O modo para dois jogadores, onde era possível enfrentar aquele seu amigo que diz que Hiei é mais legal que o Kurama em uma disputa de vida ou morte. Outra alternativa de jogo era o Team Mode, onde disputas de times de até quatro jogadores davam o ar da graça aos duelos contra a máquina ou um amigo, e por fim, um modo de treinamento.
Assim como a maioria dos jogos do SNES, Yu Yu Hakusho utilizava-se de uma jogabilidade semelhante a do clássico Street Fighter 2. Os tradicionais comandos de meia lua e soco funcionavam tranquilamente na hora do combate, o que ajudou, e muito, para que os fãs da série pudessem curtir o game sem maiores dificuldades. Além disso, os personagens reagem bem aos comandos do jogador, mantendo a velocidade do combate sem maiores perdas.
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Hadouken, ou melhor, Leigan! |
Além do já tradicional meia lua e soco, o restante dos comandos não foge ao padrão estabelecido por SFII. Outro ponto interessante da jogabilidade, e que foi destaque na época, eram os golpes especiais dos personagens. Quando a vida fica pequena e a barra de Reiki está cheia, é possível soltar golpes mais poderosos, como o Dragão das chamas negras de Hiei. Por outro lado, se o golpe falhar você ficará vulnerável a um golpe do adversário, deixando seu personagem desorientado. Caso você leve um especial e morra nesse estado, uma animação única de cada lutador irá acabar com você, quase como uma fatality.
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"Eu to mais quebrado do que arroz de terceira, mas eu preciso de um pouquinho de ação. E eu vou te arrebentar".(Yusuke Urameshi) |
Pancadaria com estilo no mundo das trevas
Entre leigans e rose wips, o jogo agradou bastante pelos efeitos desses especiais, não devendo muito para os principais games de luta da época. Outro ponto forte dos combates era a “dublagem”. Com as vozes dos dubladores japoneses do anime, cada golpe tinha sua narração. Não eram raras as vezes que era possível ouvir a garotada dizendo LEIGAN junto com Yusuke. Todas as vozes estavam lá, mesmo que apenas berrando gritos de dores ou golpes.
A trilha sonora é outro ponto marcante do título. As músicas passam uma tensão e adrenalina enormes, envolvendo o jogador num sentimento de combate alucinante. É incrível como aqueles poucos chips de áudio do Super Nintendo conseguiam nos envolver com canções memoráveis e fortes, no caso de YYHF, as batidas eletrônicas davam o ritmo do duelo, causando medo e empurrando o mais confiante para a vitória.
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Golpes especiais eram uma das características marcantes do game. |
Os gráficos, por sua vez, não decepcionam. Com personagens bem modelados, cores vivas e ambientes sombrios. O game pode não trazer nada de revolucionário, mas não deixa a desejar em nenhum aspecto. Efeitos de luz, som, gráficos e jogabilidade, tudo dentro da normalidade, tornando a experiência de jogo bastante agradável.
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O título, até hoje, é um dos mais aclamados pelos fãs, fazendo jus ao nome da série de animes. |
Ensinamentos da Genkai
Uma das características dos combates era a possibilidade de recarregar suas energias. Como cada golpe especial requer um pouco da sua barra de magia, aos poucos ela vai secando, contudo, basta segurar um dos botões de ação para que o personagem recarregue, numa espécie de movimento que lembra um saiyajin aumentando seu Ki.
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Concentrando as energias espirituais. |
Uma boa dica para quem for tentar impedir que Sensuí abra o portal que liga o mundo dos humanos ao das trevas: antes de iniciar o jogo, entre na última opção da tela inicial. Nela, onde tem escrito 1P, mude de Off para 1. Agora, quando sua barra de magia estiver piscando, basta apertar os botões R+L que seu personagem emitirá um poderoso especial.
Não conheci o outro mundo por querer!
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O mundo em paz novamente. |
Yu Yu Hakusho é um ótimo jogo. Com belos gráficos, cenas de animação, cenários marcantes da série que se destroem conforme a luta e uma jogabilidade ótima. Por sorte, o dono da locadora que eu frequentava possuía uma enorme sensibilidade para encontrar os games que a galera queria jogar. Quando um anime ou desenho virava febre na televisão, ou até mesmo um filme despontava na época, ele sempre tinha a sacada de encontrar o jogo certo para atender a demanda. Com Yu Yu Hakusho, não foi diferente. No auge do anime na TV Manchete, a locadora possuía duas cópias japonesas do título, e melhor: ele fez um arcade do jogo, com direito a controles típicos e uma TV de 29 polegadas. Esse é um game que tem lugar garantido nas minhas melhores lembranças.
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Fim. |
E você, caro leitor, teve a sorte de disputar pelos torneis de Yu Yu Hakusho naquela época? Ou conheceu o game recentemente, com a ajuda da internet?
Revisão: Bruno Nominato
Capa: Diego Migueis
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